sexta-feira, 30 de maio de 2008

A ESCÓRIA DO MUNDO


A escória do mundo Por Olavo de Carvalho

Vou resumir aqui umas verdades óbvias e bem provadas, que uma desprezível convenção politicamente correta proíbe como indecentes. Todo comunista, sem exceção, é cúmplice de genocídio, é um criminoso, um celerado, tanto mais desprovido de consciência moral quanto mais imbuído da ilusão satânica da sua própria santidade. Nenhum comunista merece consideração, nenhum comunista é pessoa decente, nenhum comunista é digno de crédito. São todos, junto com os nazistas e os terroristas islâmicos, a escória da espécie humana. Devemos respeitar seu direito à vida e à liberdade, como respeitamos o dos cães e das lagartixas, mas não devemos lhes conceder nada mais que isso. E seu direito à vida cessa no instante em que atentam contra a vida alheia.
Nos anos 60 e 70, a guerrilha brasileira não foi nenhuma epopéia libertária, foi uma extensão local da ditadura cubana que, àquela altura, já tinha fuzilado pelo menos dezessete mil pessoas e mantinha nos cárceres cem mil prisioneiros políticos simultaneamente, número cinqüenta vezes maior que o dos terroristas que passaram pela cadeia durante o nosso regime militar, distribuídos ao longo de duas décadas, nenhum por mais de dois anos – e isto num país de população quinze vezes maior que a de Cuba. Nossos terroristas recebiam dinheiro, armas e orientação do regime mais repressivo e assassino que já houve na América Latina, e ainda tinham o cinismo de apregoar que lutavam pela liberdade.
Agora que estão no poder, enchem-se de verbas públicas e justificam a comedeira alegando que o Estado lhes deve reparações. O dinheiro do Estado é do povo brasileiro e o povo brasileiro não lhes deve nada. Eles é que devem aos filhos e netos daqueles que suas bombas aleijaram e seus tiros mataram.
Perguntem aos cidadãos, nas ruas: O senhor, a senhora, acham que têm uma dívida a pagar aos terroristas, pelo simples fato de que a violência deles foi vencida pela violência policial? O senhor, a senhora, acham justo que o Estado lhes arranque impostos para enriquecer aqueles que se acham vítimas injustiçadas porque o governo matou trezentos deles enquanto eles só conseguiram, coitadinhos, matar a metade disso ? Façam uma consulta, façam um plebiscito. A nação inteira responderá com o mais eloqüente não já ouvido no território nacional.
É claro que os crimes que esses bandidos cometeram não justificam nenhuma barbaridade que se tenha feito contra eles na cadeia. Mas justifica que estivessem na cadeia, embora tenham ficado lá menos tempo do que mereciam. E justifica que, surpreendidos em flagrante delito e respondendo à bala, fossem abatidos à bala. Mas eles não acham isso. Acham que foi um crime intolerável o Estado ter armado uma tocaia para matar o chefe deles, Carlos Marighela, confessadamente responsável por atentados que já tinham feito várias dezenas de vítimas inocentes; mas que, ao contrário, foi um ato de elevadíssima justiça a tocaia que montaram para assassinar diante da mulher e do filho pequeno um oficial americano a quem acusavam, sem a mínima prova até hoje, de "dar aulas de tortura".
Durante a ditadura, muitos direitistas e conservadores arriscaram vida, bens e reputação para defender comunistas, para abrigá-los em suas casas, para enviá-los ao exterior antes que a polícia os pegasse. Não há, em toda a história do último século, no Brasil ou no mundo, exemplo de comunista que algum dia fizesse o mesmo por um direitista. Sim, os comunistas são "diferentes" da humanidade normal. São diferentes porque se acham diferentes. São inferiores porque se acham superiores. São a escória porque se acham, como dizia Che Guevara, "o primeiro escalão da espécie humana".
Eles têm, no seu próprio entender, o monopólio do direito de matar. Quando espalham bombas em lugares onde elas inevitavelmente atingirão pessoas inocentes, acham que cumprem um dever sagrado. Quando você atira no comunista armado antes que ele o mate, você é um monstro fascista. Por isso é que acham muito natural receber indenizações em vez de pagá-las às vítimas de seus crimes. Quem pode esperar um debate político razoável com pessoas de mentalidade tão deformada, tão manifestamente sociopática?
Um comunista honesto, um comunista honrado, um comunista bom, um comunista que por princípio diga a verdade contra o partido, um comunista que sobreponha aos interesses da sua maldita revolução o direito de seus adversários à vida e à liberdade, um comunista sem ódio insano no coração e ambições megalômanas na cabeça, é uma roda triangular, um elefante com asas, um leão que pia em vez de rugir e só come alface.
Não existiu, não existe hoje, não existirá nunca.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

ORGULHO OU VERGONHA ?


ORGULHO OU VERGONHA?
((Gen Ex José Carlos Leite Filho - 26/05/08)

Dizem as pesquisas de opinião publicadas que o presidente da República desfruta de uma boa aceitação popular, o que não se tem como contestar a não ser pondo-se em dúvida a seriedade das empresas responsáveis pelos resultados, o que não pretendo fazer. Estranho, contudo, é a falta de respaldo desse prestígio na revelação diária de tantos descalabros administrativos, políticos, éticos e de toda ordem, no vasto noticiário da mídia falada, escrita e televisiva! A verdade que ecoa é única: é a força do Bolsa Família!
É quase inacreditável que isso aconteça ao mesmo tempo em que o presidente se mostra destemperado e desequilibrado nas suas constantes manifestações públicas, que mais se assemelham a arengas sindicalistas de portas de fábrica, outrora por ele protagonizadas. Os tempos mudaram, mas, lamentavelmente, a responsabilidade de governar o Brasil não deu ao presidente Lula discernimento para escolher a sua equipe de ministros, em número jamais visto, nem competência para orientar a formulação de políticas de governo adequadas.
Uma das tristes conseqüências tem sido a divisão da população em grupos que se hostilizam, quer pela cor da pele, quer pela educação, quer por motivos econômicos, quer pelo grau de civilização, além de outros, vulnerando o preceito constitucional de que “todos são iguais perante a lei”. Nada mais significativo dessa assertiva do que o atual estado de guerra, em Roraima, entre arrozeiros e indígenas, assim como o chocante e revoltante episódio, ocorrido há poucos dias em Altamira, Pará, em que um engenheiro da Eletrobrás, ao término de uma palestra sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, ter sido barbaramente atacado por cerca de dez inconformados índios, armados com longos facões, que lhe feriram e mais não fizeram por terem sido impedidos! Onde estão a FUNAI e a sua política? Se os silvícolas são inimputáveis, teriam que ser tratados de forma diferenciada, pois não se pode dar a eles a faculdade de atentar contra a vida de quem quer que seja. Aculturá-los à cidadania brasileira poderia ser uma solução coerente com a política indigenista seguida pelo celebrado Marechal Rondon, mas não é a política praticada, que mais parece preferir o índio segregado como atração turística, além de pretexto para entendimentos com outros países que, em verdade, se interessam mesmo é pelas riquezas minerais existentes nas terras por ele habitadas.
Não é à toa que na Amazônia atuam cerca de 350 ONGs, mais do que em todo o continente africano, enquanto no nordeste brasileiro, onde há fome, desnutrição, seca e carência de educação e de assistência à saúde, não exista nenhuma! Como se explicar tal realidade a não ser pela existência da cobiçada maior reserva mundial de minerais estratégicos, motivadora de recente registro do famoso jornal norte-americano “The New York Times” ao perguntar “a quem pertencem as riquezas amazônicas?”, secundado pelo não menos importante “The Independent”, de Londres, ao se manifestar preocupado pela “grandeza e importância da Amazônia em mãos apenas do Brasil”!
É de se estranhar também a negligência de nossa política externa evidenciada com a esdrúxula assinatura da “Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas”, que a ONU aprovou em setembro do ano passado, mas ainda pendente de ratificação pelo Congresso brasileiro, concedendo-lhes autonomia política e administrativa nas áreas ocupadas, impedindo até que nelas se façam presentes as Forças Armadas, ou seja, aceitando a criação de novos Estados em função de um conveniente isolamento indígena!
Sobram, pois, razões aos que levantam suas vozes, como o fez o ínclito General Augusto Heleno, Comandante Militar da Amazônia, procurando alertar a todos os brasileiros, governantes e governados, das ameaças latentes contra a soberania e a integridade territorial brasileira em face da conjuntura resultante que propicia o surgimento de pretensas “nações indígenas” onde só existe a NAÇÃO BRASILEIRA, assim como apontando a necessidade de mudança de rumo na atual política indigenista. Pena é que haja quem queira, por ignorância ou má fé, desqualificar o competente e responsável oficial-general do Exército por suas oportunas e relevantes palavras.
Melhor seria um equacionamento oficial mais inteligente capaz de projetar o País como Nação una e orgulhosa do seu potencial! Enquanto isso não acontece, resta aos brasileiros a vergonha da miopia governamental.
Gen Ex José Carlos Leite Filho
linsleite@digizap.com.br

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Contracheque de Maio




Já está no site do CPEX (http://www.cpex..eb.mil.br/ ) o contracheque de Maio, com o reajuste e pagamento da diferença de Jan a Abr.

EQUIVALÊNCIA DE CURSOS

Diário Oficial da União

Nº 98, segunda-feira, 26 de maio de 2008
Ministério da Defesa
GABINETE DO MINISTRO

PORTARIA NORMATIVA INTERMINISTERIAL
Nº 830/MD/MEC, DE 23 DE MAIO DE 2008
Dispõe sobre a equivalência dos cursos de
formação de oficiais das Forças Armadas.
OS MINISTROS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA DEFESA, no uso
das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 6º da Lei nº 4.024, de 20 de
dezembro de 1961, com redação dada pela Lei nº 9.131, de 24 de novembro de
1995, no art. 83 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no inciso XII do
art. 16 do Anexo I do Decreto nº 6.223, de 4 de outubro de 2007, e considerando
os termos da Lei nº 7.549, 11 de dezembro de 1986, da Lei nº 9.786, de 8 de
fevereiro de 1999, e da Lei nº 11.279, de 9 de fevereiro de 2006, resolvem:
Art. 1º Os cursos de formação de oficiais ministrados pela Escola
Naval (EN), pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e
pela Academia da Força Aérea (AFA) são equivalentes aos definidos
no inciso II do art. 44 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro 1996, na
modalidade bacharelado.
Parágrafo único. Fica assegurada aos portadores dos diplomas dos cursos
de formação de oficiais de que trata o caput deste artigo, a continuidade de
estudos em cursos e programas de pós-graduação no sistema civil de ensino,
respeitados os respectivos processos seletivos, quando devidamente
registrados nos órgãos competentes das Forças Armadas.
Art. 2º Esta Portaria Normativa Interministerial entra em vigor na
data de sua publicação.
NELSON A. JOBIM
FERNANDO HADDAD

Área Militar sai fortalecida


JORNAL DO BRASIL – 25/05/2008

Área militar sai fortalecida. Governo promete mais rigor
Brasília

Em repouso atualmente numa das gavetas da chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o esboço de mudanças na Lei dos Estrangeiros para enquadrar as ONGs do exterior mostra que o general Augusto Heleno ganhou a primeira batalha contra o governo depois chamar de "lamentável" e "caótica" a política indigenista.
Ao criar a obrigatoriedade de prévia autorização para a concessão de de visto ou residência para a atuação de estrangeiros em terras indígenas ou em regiões consideradas estratégicas, o Ministério da Justiça passou a dividir essa atribuição com o Ministério da Defesa.
"Em se tratando da região da Amazônia Legal, a atuação de estrangeiros, organismos não-governamentais e instituições análogas ou similares estrangeiras será precedida de autorização específica dos Ministérios da Justiça e da Defesa, por prazo determinado, podendo ser prorrogado" estabelece o texto do artigo 71 do projeto de lei.

Em julho
As mudanças propostas pelo Ministério da Justiça – e que deverão ser enviadas em julho para o Congresso – representam, também, uma reação do governo diante da constatação do desvio de finalidade envolvendo várias ONGs com atuação na Amazônia. Outro trecho do mesmo artigo modificado determina, por exemplo, que o estrangeiro sem autorização dos órgãos competentes "terá seu visto ou residência cancelados e será retirado do país, sem prejuízo das penalidades cabíveis".
Mudança proposta ao artigo 154 da mesma Lei dos Estrangeiros considera a atuação não autorizada uma infração administrativa, cuja sanção prevista é multa que varia de R$ 5 mil a R$ 100 mil, valor que pode ser dobrado em casos de reincidência.
A presença de estrangeiros em áreas indígenas é, até agora, uma atribuição exclusiva da Funai, sem a qual, até mesmo as ações da Polícia Federal se tornariam impraticáveis nas regiões mais isoladas da Amazônia.
As mudanças propostas pelo Ministério da Justiça agradam os militares. Por outro lado também é bom para o governo, que divide a responsabilidade entre os dois ministérios e, ao mesmo tempo, abafa o discurso da soberania nacional do qual uma parte significativa da caserna se apropriou para criticar a política indigenista. Os militares agora podem ser co-responsáveis pelo controle sobre as atividades em áreas indígenas. (V. Q.)

domingo, 25 de maio de 2008

E LÁ SE VÃO OS BONS




E LÁ SE VÃO OS BONS

A classe política, nem se fala, essa já apodreceu há muito tempo mesmo. Este Congresso que está aqui, desculpem-me a franqueza, é o pior de que já participei. É a pior legislatura da qual já participei. Nunca vi um Congresso tão medíocre. Claro, com uma minoria ilustre, respeitável, a quem cumprimento. O meu desalento é profundo. Infelizmente, eu gostaria de estar fazendo outro tipo de pronunciamento, mas falo o que penso, perdendo ou não votos - pouco me importa. Aliás, eu não quero mais votos mesmo, pois estou encerrando a minha vida pública daqui a quatro anos, profundamente desencantado com ela.”

Jefferson Péres, 30/08/2006



Este desabafo do Senador Jefferson Péres, do PDT do Amazonas, mostra um brasileiro desiludido e desesperançado com a classe política. O senador morreu triste por não conseguir convencer seus pares de que os homens devem ser movidos por princípios e deveres, não por interesses e direitos. É o depoimento de quem conviveu diariamente com uma classe (?) que deveria discutir, propor e fiscalizar as medidas que podem colocar esse país nos trilhos, mas que gasta tempo e dinheiro para preservar uma máquina movida por maracutaias e fisiologismo e que não cumpre seu papel constitucional. É triste, lamentável e dolorido constatar que os bons vão se entregando, vencidos pelo corporativismo, jogo de interesses, fisiologismo e mau-caratismo da maioria dos políticos. E o exemplo que vem de cima se espraia pelos outros níveis da administração pública. O novo Presidente do Supremo, Ministro Gilmar Mendes, Procurador-Geral da República no governo Fernando Henrique e indicado por ele para o Supremo, assim que assumiu a presidência do Tribunal, avocou todos os processos contra ministros do governo Fernando Henrique e mandou arquivá-los. Nenhuma novidade em um poder que é composto por indicações políticas e a seus padrinhos deve no mínimo gratidão. A Operação Fariseu, que investiga o desvio de mais de quatro bilhões de reais, saiu das manchetes por envolver entidades e empresas privadas de peso, que anunciam fortemente em veículos de comunicação. Mostra como nossa imprensa grita e defende os interesses do cidadão, desde que não atrapalhe os seus. Os executivos, em todos os níveis estão sob suspeita. Seja por cartões corporativos, detrans, licitações, dossiês, superfaturamentos, tráfego de influência ou qualquer outra maneira de apropriação do público pelo privado. Os interesses políticos não permitem a discussão de uma agenda positiva para o Estado e o País e, com isso, demonstram como é pequeno o interesse cívico dos políticos carreiristas. Ouço discursos pregando o interesse público e contra a corrupção de vários políticos envolvidos em fraudes e em tráfego de influência. Pura desfaçatez. São homens públicos que aparelharam os partidos e a máquina pública com seus apadrinhados e apanigüados e com isso dão sustentação a governos sem partidos fortes ou base parlamentar comprometida com planos de governo ou com a sociedade. Dono de uma trajetória política ímpar, Deus não permitiu que Jefferson Peres descansasse de sua luta em vida. Perdemos um grande guerreiro, que vai nos fazer muita falta, principalmente na defesa da sua Amazônia, tão imensa quanto o amor que a ela dedicava. Tento imaginar a tristeza do senador vendo seu país derrotado, entregue nas mãos de aproveitadores. Mas, ao mesmo tempo, fico feliz por ele ter partido como um vencedor. Quem perde uma eleição para Jader Barbalho, dentro de um colégio eleitoral torpe, é um vencedor. Quem é derrotado numa eleição formando uma chapa com um senador do calibre de seu colega Cristóvam Buarque, é um vencedor. Quem parte deixando um legado de seriedade, ética, integridade e dignidade é um vencedor. Foram derrotas com sabor de vitória e um exemplo que devemos seguir e difundir. Podemos ser derrotados em pequenas batalhas, mas não podemos deixar que essa gente ganhe a guerra. O Brasil não merece os políticos que tem.
Bil Lara é publicitário e consultor político da Lato Marketing e Política – bil@infoviabrasil.com.br

AMAZÔNIA E SUA POLÊMICA



Amazônia e sua polêmica
Jarbas Passarinho
Foi ministro de Estado, governador e senador


Meu umbigo está na margem esquerda do rio Xapuri, em sua confluência com o rio Acre, faz 87 anos. Com quase quatro anos de idade minha família foi para Belém, onde fiz os estudos que hoje correspondem aos 1º e 2º graus. Um concurso universal, feito na Bahia, no Rio e em Porto Alegre, abriu-me as portas para a carreira militar, na Escola Preparatória de Cadetes. Concluído o curso de Estado-Maior, fui classificado na 8ª Região Militar. No estágio probatório, apresentei dois trabalhos ao Estado-Maior do Exército: Estudo geomilitar da Bacia Amazônica e Caminhos prováveis de invasão.


Os últimos 10 anos de serviço ativo, iniciei-os e os terminei no Estado-Maior da Grande Unidade, durante 10 anos seguidos e cheguei a chefe do Estado-Maior. A única função que exerci fora do Exército foi a Superintendência da Petrobras na Amazônia. Pouco depois engajei-me na luta ideológica que dividia a Guerra Fria em dois hemisférios, o comunista, da União Soviética, e o que Churchill chamava de mundo livre, liderado pelos Estados Unidos. O presidente Castello Branco, de quem fui aluno, indicou-me para substituir, em junho de 64, o governador deposto.


Faço esse preâmbulo para evidenciar minha ligação com a terra e o homem amazônicos, que estudei, antes Região Norte, depois Amazônia Legal, com partes diferentes da hiléia de Mato Grosso, Maranhão e então Goiás, hoje Tocantins, uma decisão política para desfrutar incentivos fiscais. No momento concluo um livro sobre a Amazônia, em que refaço e atualizo seus mitos e as realidades, com que convivi de perto. Provocarei polêmica, ao demonstrar os mitos e chamar atenção para a realidade que os mitos fazem ofuscar.


No passado mês de maio, o doutor em ciências sociais Marcelo Leite escreveu no Estado de S. Paulo “Bobagens amazônicas”, em que zurze uma das inteligências que mais admiro: Hélio Jaguaribe, que — no meu entender — escorregou ao associar-se à tese conspiratória que as concessões de terras indígenas, para “uma ínfima população de cerca de 200 mil índios formariam nações indígenas e subseqüentemente independentes, com o apoio americano”.


Ainda senador, fiz apresentar um requerimento de informações ao Itamaraty sobre um artigo do jurista Clóvis Ramalhete, segundo quem já teria havido uma resolução da ONU, na Bélgica, em 1993, tornando as nossas terras indígenas independentes, que em seguida seriam anexadas aos Estados Unidos. A resposta do ministro Lampreia foi clara: “Nunca houve tal resolução da ONU, que não se reúne na Bélgica, mas em Nova York. Nenhum projeto de tal natureza sequer existe e se viesse a ser apresentado, seria seguramente derrotado”.


Estamos em 1970 e o iludido jurista Ramalhete está morto e não temos nações indígenas. Eis um exemplo de mito que serve à teoria conspiratória. Mas, no Correio Braziliense de domingo 27 de maio passado, há uma entrevista, essa sim, de causar apreensão. Deu-a o general de Exército Maynard Marques de Santa Rosa, secretário de Política, Estratégica e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, que denuncia a falta de controle do Brasil em relação às atividades das ONGs na Amazônia — que ele calcula em mais de 100 mil —, destinadas a ação humanística, mas também ao tráfico de drogas, de armas e até de indígenas, bem como de lavagem de dinheiro, totalmente livres do controle brasileiro, protegidas por leis brasileiras.


Nossas instituições estão impedidas de investigá-las. Escondem as fontes de financiamento, certamente externo, e “defendem interesses ocultos” a baixo custo, utilizadas para captação de informações por “organismo de inteligência estrangeiros, na espionagem para os serviços secretos do Reino Unido e dos Estados Unidos”. Disso “temos informações seguras”. Não se trata de mito alarmista, mas de caso comprovado e denunciado por autoridade absolutamente responsável, e não de quem diz que o Acre foi objeto de cobiça internacional, quando fomos nós que o compramos — não por um cavalo, no dizer do cocaleiro Morales — mas por dois milhões de libras esterlinas, no Tratado de Petrópolis.


Seriíssimo é o que revela o nobre general ao dizer ao repórter: “Há espionagem na região” visando a impedir o desenvolvimento econômico do Brasil, sob pretextos ambientalistas. Refere-se o ilustre general ao nosso “imenso banco de biodiversidade” (que é, segundo cientistas, a maior riqueza da Amazônia), mas “nada podemos fazer porque a lei não permite, a não ser por uma reforma constitucional” e na Constituinte de 1988 foi voz clamando no deserto. Eu presidia a Comissão de Defesa do Estado, na Constituinte. Tinha permanente contato com os assessores das Forças Armadas, excelentes. Nunca tive a honra de receber o general. Quanto a mudar a lei, se infraconstitucional, basta uma medida provisória a mais, pois já são milhares. Se emenda constitucional, o governo — especialmente por motivo tão nobre — a aprovará sem precisar de mensaleiros ou de fatiar os 38 ministérios.

PEDIDO DE AJUDA


O pedido em questão é do Cel Inf Ref DALTRO.
Todas as idéias e conhecimentos que possam servir de ajuda ao nosso companheiro serão bem vindos.


Prezados amigos
Preciso operar a prostata.
Dia 12 de maio coloquei uma sonda coletora de urina,para retirada após 31de maio,realização de uma ultrasonografia e operação d a prostata,pela ureta.
Estou em casa tomando os medicamentos determinados.
Dia 19 de maio acontece o inusitado,o urologista morree.
Meus planos de saude são FUSEX e AMIL OPÇÕES 22
Moro na rua Barão de Mesquita 574 apartamento 302 tijuca,RJ;RJ TEL 25703393
Contratei enfermagem 24 horas para banho curativos realização da acepcia necessaria
Como o FUSEX pode realizar meu tratamento ? quem conhece um bom urologista que possa consultar-me e dar prosseguimento ao atendimento interrompido? Lembro que sou hemiplegico.
Não tenho condições de pagar uma operação a ser vrealizada por medico que não seja conveniado da AMIL OU ,PELO FUSEX
UM GRANDE ABRAÇO
DALTRO

Os Militares e a Sociedade Civil


OS MILITARES E A SOCIEDADE CIVIL

25/05/2008

Palestra proferida no NUPRI da USP em 17/05/2008

Para bem compreender as relações entre as Forças Armadas e a Sociedade é preciso definir, antes de tudo, no que umas se distinguem, enquanto princípio, da outra. Isso significa avaliar os traços distintivos da sociedade — que alguns timbram em chamar de civil — e do grupo militar. Resumidamente, esses traços distintivos são a. enquanto princípio constitutivo: Militares — O princípio é burocrático, hierárquico. As chefias são escolhidas segundo padrões estabelecidos pela hierarquia. Guiam-se pelo que Hermann Heller chama de “segurança militar", isto é, a certeza probabilística de que a ordem dada será cumprida. Civis — O princípio é político, eletivo. As chefias são eleitas e necessitam ter legitimidade para exercer a dominação. Guiam-se, esses grupos, pelo que Heller chama de "segurança jurídica", isto é, a incerteza que cerca a obediência às ordens, na medida em que a dominação só é possível se dirigentes e dirigidos partilham dos mesmos valores que inspiram a norma jurídica que consagra a dominação. b. enquanto princípio aglutinador: Militares — O princípio que aglutina o grupo militar é a honra. Dessa perspectiva, os militares são uma corporação no sentido em que se toma a palavra quando nos referimos às antigas corporações. Um sociólogo diria que a solidariedade que une os membros do grupo é de comunhão. Outro, para explicar, diria que o membro do grupo militar sente como dirigida contra ele a ofensa feita ao grupo, e que o grupo toma como dirigida a ele aquilo que reputa ofensa a seu membro. Pensando em tipos sociológicos, podemos dizer que os valores que mantêm unido o grupo militar são diferentes, quando não antagônicos aos valores da economia monetária, especialmente o juro e o lucro. Civis — Contrariamente ao grupo militar, o que aglutina os civis são o status, o poder e a riqueza. Os civis integram uma sociedade de classes (inclusive as ditas socialistas). A solidariedade que une cada grupo da sociedade é de comunidade ou de massa. A honra é substituída pela legalidade formal das ações. Os valores monetários são valorizados, especialmente o lucro, embora haja momentos em que grupos civis condenam os juros abusivos. Há idéias fundamentais sobre as quais, acredito, devemos meditar. Em linhas gerais, a corporação deve ser vista como uma unidade de vontade e de potência; ao reduzir os membros do grupo a uma unidade orgânica de pessoas, a corporação torna-se o sujeito próprio dos poderes e dos direitos coletivos, do grupo. Desse ponto de vista, "a fusão orgânica dos indivíduos membros de um ser corporativo implica necessariamente que ele concentrará nele, a partir dessa fusão, as faculdades jurídicas do grupo unificado. É assim, por sua organização unificante, que a coletividade se encontra erigida em sujeito de direitos" (Carré de Malberg, “Contribution à la théorie générale de l'État", vol.I, 33). A corporação militar, é preciso que se tenha presente, não se insere num universo de grupos que respondem ao mesmo e igual princípio, mas sim numa sociedade de classes, que alguns preferem caracterizar como contratual ou de adesão voluntária. De qualquer forma, cabe distinguir — e isso reputo fundamental e por isso repito — que o princípio constitutivo da corporação militar é a honra; que o princípio constitutivo da organização contratual ou de adesão, civil, é o interesse individual. A segunda idéia para a qual chamaria sua atenção é a seguinte: os grupos sociais, inclusive a corporação militar, são funcionais, isto é, constituem-se para desempenhar determinada função. Diferentemente dos grupos civis, a corporação militar raramente realiza sua função precípua que é a guerra. Ao contrário dos empresários que todos os dias dirigem; dos operários que todos os dias trabalham sob ordens, dos professores que diariamente dão aulas, os militares só fazem a guerra em última instância. O que significa, salvo melhor juízo, que existe uma disfunção implícita na corporação militar — disfunção que a sociedade como um todo e os governos no mais das vezes desejam ardentemente que se perpetue, ainda que as Forças Armadas sejam o braço armado do Estado. O grupo militar sofre de uma crise de disfuncionalidade mais do que os grupos civis, muitas vezes também sujeitos a esse tipo de crise. Feito para a guerra, o militar vê que a sociedade se rejubila com o fato de ela não acontecer. Alguns membros da corporação poderão ver com satisfação que essa é a realidade. Esse sentimento dá-se num primeiro momento. Num segundo momento, porém, o militar sente-se inseguro por não ter função e por ver que a sociedade o considera inútil. A História tem registrado momentos em que as sociedades, especialmente aquelas em desenvolvimento, passam por sérias crises institucionais, aquelas em que os mecanismos que permitem que se alcance uma solução negociada já não funcionam. Nessas ocasiões, haverá grupos civis que desejarão que os militares interfiram nos negócios internos, apesar do que possam estabelecer constituições e leis. Muitas vezes, depois que tudo voltar ao normal e novos mecanismos tiverem sido construídos, é possível (quase certo) que os mesmos grupos que pediram a intervenção condenem os militares por terem atendido a seu apelo e realizado a intervenção contra as leis. A disfuncionalidade básica da corporação militar agrava o que se poderia chamar de crise de identidade, que se traduz numa pergunta: “Para que existo?”. Quando essa crise se instala concomitantemente com a inflação há o risco de que se solape o sentido de honra e a hierarquia e a disciplina se vejam ameaçadas. Afora isso, a inflação tende a colocar a corporação militar em atitude de expectativa crítica diante do Governo, ao qual devem obediência política, mas não corporativa. Quando o governo, por esse ou aquele motivo, congela orçamentos, reduzindo ou negando investimentos, a corporação amarga o sentimento de rejeição de parte da sociedade e, o que é mais grave, de parte do governo que, a elas, parece desconhecer que uma das funções das Forças Armadas é sustentar o Estado. Desde que, como diria o General de Gaulle, haja um Estado. Outra idéia para a qual chamo sua atenção é que a corporação militar é composta de indivíduos sujeitos a um tipo de disciplina especial. Quando se cumpre a função precípua da corporação, a disciplina — raciocino no limite, desconsiderando a atitude daqueles que combatem pelo ideal nacional — se mantém mediante a certeza de que a morte certa espera na retaguarda aquele que não desejar arriscar a vida na frente de combate. Essa disciplina e seu fundamento aberram da natureza — e por isso não encontram igual nos grupos civis. A disciplina militar não é compreendida pelos integrantes das sociedades modernas. Se, nelas, os velhos são vistos com ”caretas”, que dizer dos militares? São tidos como "milicos" — e dito isso se estabelece, pelo elo semântico, a profunda separação entre dois tipos de indivíduos: um, buscando usufruir da vida enquanto energia houver, outro, buscando viver enquanto persistir o sentido de missão, que interiorizou, e a certeza de que o Conselho de Justificação ou a corte marcial o espera se não cumprir seu dever. Será alguém, dotado de razoável bom-senso e desfrutando relativamente bem dos lazeres que a sociedade industrial ou pós-industrial coloca a nosso dispor, capaz de compreender a vida de um submarinista, ou a de um tripulante de um blindado, mais especificamente de um tanque? Não falo do aviador — ele é o mais feliz de todos, pois realiza nos céus a autonomia que os homens porfiam por ter na sociedade. Como disse, certa feita, "o oficial-aviador é um homem só — ele, o inimigo, o horizonte e Deus. ... é ele quem, sozinho, joga a vida. ... O aviador é o Quixote que sobreviveu à Cavalaria e integrou-se na mecanização da morte".*** Reflitamos alguns instantes sobre cada uma dessas idéias. Sendo a honra o princípio constitutivo da corporação militar, é apenas normal que seus membros não compreendam como, na sociedade exterior, o interesse individual possa ser princípio aglutinador de ações pessoais e coletivas. Essa oposição entre dois princípios constitutivos não é apenas teórica; é prática, e disso temos plena consciência quando buscamos entender as razões que levam o empresário a acumular lucros ou o burocrata soviético a desejar ter mais e mais poder e dinheiro ainda que à custa da corrupção. Em países em que o capitalismo não se estabeleceu plenamente e ainda não impregnou a sociedade com seu ethos racional, é difícil para o militar integrar-se no espírito da ação lucrativa, que deixa ao Mercado (essa abstração tão mal compreendida por muitos) a solução das divergências entre os interesses. Não é de estranhar, assim, que os militares, enquanto tipo social, em princípio se oponham ao liberalismo e sejam propensos a aceitar o que se poderia denominar de capitalismo de Estado, sistema econômico em que normas burocráticas e considerações opostas ao lucro e ao interesse individual dirigem em teoria as ações econômicas – independentemente de juízos sobre a eficiência de um sistema e outro. A disfuncionalidade talvez seja a principal questão que perturba o militar na sociedade moderna. São poucos os Estados modernos, e digamos democráticos, que ainda mantêm Forças Armadas funcionais em constante estado de “pronto”. O fato de haver Estados que não as têm em estado de “pronto” não obscurece o fato de por toda parte existirem Forças Armadas, cujo nível de equipamento e preparo é visto como insuficiente por seus integrantes. Elas são, muitas vezes, empregadas em situações de guerra interna para as quais não foram preparadas, ou em ações de natureza civil — um e outro emprego não se coadunando com sua destinação corporativa se assim se pode dizer. O fato de ser uma corporação organizada em torno da honra faz das Forças Armadas um corpo estranho na sociedade civil, especialmente no Brasil, país de mil contrastes e nenhuma solução. Na verdade, nas sociedades como a brasileira em que a anomia social começa a estabelecer-se, as Forças Armadas são possivelmente a única, ou uma das poucas instituições que mantêm um mínimo de disciplina. Do prisma em que vejo as coisas, por isso mesmo a disfunção das Forças Armadas só tende a aumentar — disfunção não mais produzida apenas pela impossibilidade de emprego, mas ampliada pelo fato de serem um grupo organizado dentro de uma sociedade a caminho da desorganização. Quando bandos criminosos liberam territórios nas cidades e neles impõem sua lei sem que o Poder de Estado consiga ou deseje se afirmar, as Forças Armadas transformam-se num corpo à parte da sociedade e do próprio Estado. Pior ainda, não podem impedir que os germes da indisciplina e da corrupção que pululam no lá-fora abalem sua estrutura ao nível dos subordinados, obrigando os superiores ao desempenho de funções pedagógicas e punitivas muito acima do normal previsível. Uma sociedade em anomia tende a conduzir a duas situações limites: ou as Forças Armadas se transformam em outros tantos grupos privados dispostos a dividir território e poder, como na China pré-revolucionária, e então perdem sua característica básica que é a unidade de comando e a disciplina, ou então se encasulam e se constituem em corpos estranhos enquistados na sociedade. Nessa hipótese não se sabe até quando, para defender os valores que constituem sua razão de ser e sua consciência de que lhes cabe defender o Estado, resistirão ao impulso de assumir as funções de polícia ou assumir posição real de controle das situações. Por esses três fatores — o princípio constitutivo, a função e a disciplina — os militares situam-se à margem da nossa sociedade dita moderna. Será assim tão difícil compreender por que os militares sejam levados a colocar, a serviço dos interesses nacionais compreendidos à luz da visão do mundo que corporação lhes transmite, as armas que a Nação lhes deu para defendê-la contra os inimigos externos ou contra aqueles que vêem como inimigos do Estado? É preciso estar atentos para a crise de Estado em que vivemos — possivelmente em seu início, mas ainda assim presente. Seu começo é uma crise de Governo, e é por isso que, quando falo em crise de Estado, são poucos os que concordam comigo. Contando com o contraditório para melhor fixar idéias, gostaria de abordar esse tema, começando por dizer que a compreensão da necessidade da existência de um grupo específico encarregado de defender o Estado e a própria sociedade está estreitamente ligada à idéia que essa mesma sociedade tem do Estado – Território, Destino, Governo. Não pretendo aqui discutir questões teóricas de Geopolítica; quero, tão-só, chamar atenção para a importância que o Território tem, primeiro, naquilo que se poderia chamar de percepção do caráter concreto do Estado pela sociedade; depois, nas relações do Estado nacional com os demais Estados. A esse propósito, diria que muitas das crises que, hoje, são consideradas como crises internacionais, espelham, a rigor, uma das características, se não a fundamental, do Volksgeist. O exemplo disso é a dupla saga, sionista e palestina, que marca a realidade internacional que sucedeu a 1948, sem que nos tenhamos detido o suficiente sobre a importância que o elemento Território tem para esses povos. Se não tivermos presente a relação entre a “visão” do Território (que não é a do Paraíso, mas talvez seja a da terra sobre a qual erguer a escada que leva a ele, tal qual no sonho de Jacó) e o Volksgeist, não seremos capazes de compreender a história do Sionismo. Muito menos a vocação para a morte dos que engrossam as fileiras do terrorismo (e, não nos esqueçamos, dos que lhes dão apoio nas Intifadas) para alcançar obter seu Estado Palestino. Mas não são, estes, os únicos exemplos que posso apresentar, buscando demonstrar minha tese que vai além da Geopolítica como muitos a entendem de modo estreito. As guerras balcânicas desde fins do século XIX, mas especialmente as que deitaram uma sombra negra sobre a Europa no fim do século XX, estão aí para nos demonstrar a verdade da afirmação. O que foi dito serve para introduzir outra proposição: a de que a ligação primeira de um povo não é com o Estado, mas com o Território, porque ele é o primeiro ponto de referência do povo ao criar seu espírito, seu Volksgeist. O Estado é abstrato no sentido de que os simples (e mesmo, algumas vezes, os intelectuais) não são capazes de visualizá-lo, de tocá-lo, ao contrário do que fazem com a terra que têm como sua, porque habitam seu chão, quando não o transformam para sua sobrevivência. O Estado é ente real e construção teórica dos (chamemo-los assim) intelectuais orgânicos do povo, aqueles que são capazes de traduzir em palavras o significado profundo dos símbolos coletivos em que se expressa o espírito do povo, espírito esse que marca como ferrete em brasa a Nação. O Território é dado de fato concreto, pois é nele que se vive e que se morre (e por ele se mata, também, convém não esquecer, para fazê-lo nosso). Avançaria para dizer que, enquanto o Território não integra o Volksgeist como seu elemento fundador, o Estado é uma abstração para o povo, que dele só conhece o Governo. E que quando se esvaece a idéia de que o Território é a conditio realiter do Estado, o Governo vê-se diante de dramáticas situações em caso de invasão do território estatal ou de tentativas de subversão da idéia que o Povo faz de si mesmo e de seu Destino. Não se pode pensar que a idéia do território estatal – não do pedaço de terra de cada um – impõe-se como um dado ao povo. O processo de criação do Volksgeist é mais complexo do que desejariam os que fazem dele sua bandeira de combate contra o estrangeiro. A relação entre Território e Estado, da perspectiva da criação e firme existência do Volksgeist depende de que os indivíduos sejam capazes de superar os obstáculos impostos ao contato constante e duradouro entre os núcleos populacionais pela deficiência das vias de comunicação ou a ausência delas. Se admitirmos, para argumentar, que, em suas relações sociais, os indivíduos se guiam, mentalmente, pelo território que ocupam ou por até onde vão suas atividades econômicas e suas perspectivas afetivas de futuro individual ou coletivo, veremos que num país da dimensão do Brasil, continental e com as deficiências de infra-estruturas que são notórias, não se deve, a priori, partir do pressuposto de que, a formar o Espírito do povo, esteja presente a idéia do território estatal. A história nos dá suficientes lições de que houve momentos em que, levantando-se contra o Estado, o Território que as revoluções pretendiam abranger era sempre menor do que aquele que Estado delimitara juridicamente – 1817, 1824, 1835, 1842. E, como querem alguns, 1932. Dessa perspectiva, concordaria com o general Aurélio Lyra Tavares que, quando comandante da 7ª. Região Militar, dizia que o Exército Nacional era e tinha sido a coluna vertebral em torno da qual se estruturara o Brasil. Espinha dorsal, acrescentaria eu, na medida em que era e é uma organização nacional, no sentido de que atua em todo o território estatal. Não é demais dizer que o general Lyra Tavares tinha perfeita consciência de que o Exército era um instrumento do Estado e que dele fazia as vezes, quando o Governo não tinha como chegar aos mais afastados rincões do país. Um Exército que ocupasse o território e o vivificasse — essa a proposição, nem sempre oculta, do general Góes Monteiro nos anos 1930. Para que o Território integre, como idéia, o Volksgeist, é necessário que o Estado vivifique o seu Espaço e faça que as vias de comunicação sirvam não apenas para fomentar o comércio e o turismo, mas para permitir que as populações de fato se comuniquem, troquem suas experiências de vida, suas esperanças e frustrações. Só assim todos construirão a imagem de todos ocupando o mesmo território e formando como partes integrantes o mesmo Estado. Aos que resistirem a essas proposições, darei exemplo de survey não científico que venho fazendo com meus alunos em duas faculdades. Pergunto-lhes, de maneira a permitir uma resposta sincera, se estariam prontos a alistar-se para recuperar parte do território da Amazônia que fora ocupada pelas FARC. Invariavelmente, a resposta é Zero, isto é, ninguém se disporia a alistar-se. Houve ocasião em que alguém disse que, se fossem os Estados Unidos e não as FARC, estaria disposto a lutar; em outra classe, alguém também disse que pagaria mais impostos para que outros fossem lutar. A conclusão a que cheguei é que a idéia de Território não pertence ao universo de pensamento e ação de boa parte dos jovens estudantes paulistas, e, se não pertence a esse universo, é possível pressupor que não pertença ao universo dos demais jovens estudantes do País; e que a idéia de Estado esteja se desfazendo no Brasil. O Estado, porém, tenhamos claro, não é apenas Território. É também Destino e Governo. O Destino é aquele da Nação, que construímos em nossos sonhos, acalentados por uma idéia nem sempre assente na dura realidade dos dias em que cada um de nós vive e morre. A Nação é uma idéia que um grupo tem e faz sua, procurando expandi-la para outros. Mas, para que o grão não morra, é preciso que a semente lançada à terra seja fecundada pela ação de muitos, especialmente daqueles que, acreditando numa boa safra, ocupam o Governo. É importante fixar que sonhamos a Nação antes de ocupar o Governo que indicará a todos qual será o futuro. O Governo, por si, não sonha; o sonho da Nação é de alguns poucos que, ocupando parte do Território, pretendem que ela se construa nele. Importa ver que se não houver uma íntima associação entre o sonho e as ações do Governo, o Estado continuará sendo uma abstração e as sucessivas administrações perderão a capacidade de mobilizar a sociedade para construir seu futuro. Quero dizer que a Nação não sobrevive apenas como um estado d’alma da sociedade. Ela resulta da interação dos indivíduos que a idealizam e são capazes de manter contatos criadores ao longo do território — isso exige que as servidões da infra-estrutura sejam vencidas e as vias de comunicação sirvam não só para o comércio e o turismo, mas também e, sobretudo, repito, para que os indivíduos e grupos troquem experiências e construam seu Destino. Não apenas disso, porém; o estado d’alma de uma sociedade resulta também das ações do Governo que permitam a cada membro dela intuir ou saber de certeza sabida que pertence a uma Nação que tem um papel a desempenhar no conjunto das nações e que ele, indivíduo, tem um lugar nela e um papel a desempenhar na construção de um futuro que é dela. O sentimento de pertença à Nação e a íntima convicção de que os antigos tinham razão ao dizer: “Certa ou errada, minha Nação”, confronta-se com aquilo que alguns filósofos diziam ser a tendência do ser humano a desejar mais e mais poder ou ter, na vida em sociedade, apesar de todos os constrangimentos a que ela sujeita, maior independência, autonomia e poder. É um sistema de forças — umas centrífugas, outras centrípetas — cuja resultante apenas o Estado pode resolver a favor daquilo que, em momentos de grande crise nacional, os franceses chamaram de union sacrée. A crise do Estado vem do fato de que o núcleo de poder no Estado, para voltar a Hermann Heller, não tem mais projeto para oferecer à sociedade e nem às Forças Armadas, que só sustentam o Estado quando ele tem projeto. Um projeto não é um conjunto de ações de governo. A falta de um projeto decorre do fato de que o grupo que pensa a Nação não tem força (que resulta do contato criador entre os indivíduos) para afirmar sobre as tendências anti-sistêmicas, a sua idéia, o seu projeto. Creio que o momento é propício para que se lance um olhar sobre o passado imperfeito, especialmente tendo em conta que o presidente da República insiste em dizer que seus programas de governo permitem que seu governo seja equiparado aos de Juscelino Kubitschek — seguramente louvado na entronização que alguns meios de comunicação fizeram do então presidente — e de Ernesto Geisel. S.Exa. poderia, para fazer justiça, referir-se ao governo do Marechal Eurico Gaspar Dutra, que formulou o Plano Salte, que permitiu um avanço nos setores de energia e transporte. Deixemos, já consagrado, o período JK e fixemo-nos no de Ernesto Geisel, que tem em comum com nossa palestra o fato de ter sido o que encerrou, em janeiro de 1979, o ciclo de presidências militares governando com poderes discricionários. O projeto do Estado brasileiro de 1964 foi construir uma potência emergente capaz de impor-se à América Latina e contrapor-se, enquanto expressão regional de poder, aos Estados Unidos. Inexistindo na sociedade grupo social que pudesse vertebrar tal aspiração, a mise-en-oeuvre desse projeto teve de ser confiada às Forças Armadas e à Diplomacia. As primeiras incumbiram-se de formular uma doutrina militar autônoma, concluída ao fim do governo Castelo Branco. Qualquer que seja o juízo que se faça sobre os autores do projeto e sobre a preeminência do Exército no conjunto das Armas, o fato é que o projeto foi assim concebido e executado. A Diplomacia incumbiu-se de marcar as distâncias dos Estados Unidos, assinalando desde 1964 que o fato de o Brasil pertencer ao chamado Ocidente não significava que defenderia os interesses da grande potência que, à época, defendia o Ocidente. A História, sabemos todos, não segue linhas retas — afinal, Deus escreve certo por linhas tortas. O princípio do erro interfere de quando em quando — e só nos regimes parlamentaristas é que a queda de gabinetes permite que se retome o curso normal e necessário. O princípio do erro interveio no Brasil quando se celebrou o Acordo Nuclear com a Alemanha. Objetivamente, esse acordo, que foi a conclusão de estudos do então Conselho de Segurança Nacional com certeza a partir de 1967, respondia a uma dupla necessidade: uma, assegurar o suprimento de energia elétrica ao ecúmeno principal; outra, permitir que o Brasil tivesse o controle do ciclo completo do átomo. O acordo nuclear e o terceiro-mundismo da Diplomacia — tendo como pano de fundo o rompimento do acordo militar Brasil-EUA e a incipiente indústria bélica — levaram os Estados Unidos a ter uma percepção das intenções do Estado brasileiro que não coincidia com a que os governos brasileiros tinham de suas ações. Esse desencontro de percepções — sempre fatal nas relações entre Estados — não impediu que o projeto de autonomia científico-tecnológica fosse levado a cabo. Mesmo quando — e daí eu falar em princípio do erro — se teve consciência de que o acordo nuclear com a Alemanha não permitia o enriquecimento autônomo do urânio. A resposta foi o programa nuclear paralelo, em cujo desenvolvimento a Marinha conseguiu enriquecer o urânio em porcentagem suficiente para abastecer um reator civil ou o de um submarino. Nesse estágio, tudo parou: fosse a construção de reatores para cidades médias e pequenas, a fim de fazer cessar a dependência de energia gerada em terceiros países, fosse o projeto do submarino nuclear, condenado por ativos grupos civis que conseguiram obter dos governos da Nova República em diante o congelamento das verbas indispensáveis a que a Marinha continuasse seu projeto, que é, estejamos certos, um projeto de projeção de poder e autonomia do Estado brasileiro. Em Argel, 1943, depois de ganhar a disputa com o General Giraud em torno de quem representaria a França Livre, o General de Gaulle cuida de organizar o Estado — a França, note-se, ainda está ocupada pelo exército alemão. A quem o aconselha a deter-se antes de tudo na Educação, o General de Gaulle responde com a sobranceria que lhe era peculiar: antes de tudo, o Exército, pois é ele que sustenta o Estado. Essa idéia de que o Exército sustenta o Estado — e como organização é capaz de sustentar a idéia de Nação — não foi bem compreendida pelos governos militares apesar da clareza de visão do General Lyra Tavares antes de assumir o Ministério do Exército e, depois, integrar a Junta Militar. Quando se fizer sine ira et studio a história da relação entre as presidências militares e as Forças Armadas, ver-se-á que foi a partir de 1964 que seus orçamentos foram congelados ou aumentados apenas para conter a inflação, e se descuidou — exceto, talvez, no que se refere à Força Aérea em alguns momentos típicos — de sua missão estratégica e de sua função numa sociedade que já apresentava alguns sinais de anomia. Hoje, as Forças Armadas sofrem as conseqüências dessa visão estreita de sua função numa sociedade como a brasileira. O papel secundário a que são relegadas no Estado é um indicador seguro de que os sucessivos governos pós-1964 abriram mão de fortalecer o poder do Estado nacional no momento em que as tensões internas e internacionais exigiam que se atentasse para tal. Na passagem da idéia da defesa associada à de criar-se um organismo sul-americano de defesa pode vislumbrar-se projeto de reduzir as funções das Forças Armadas, especialmente do Exército, às de mero coadjuvante das ações de paz das Nações Unidas. Com o que se está transformando o Exército — e por extensão as demais Forças — da realidade de espinha dorsal da Nação em executor das decisões dos governos de um Estado que se poderia chamar de Estado-sipaio da globalização. Por "sipaio", conforme tenho muitas vezes esclarecido, entenda-se metaforicamente aquilo que está nos dicionários: “soldado natural da Índia, a serviço dos ingleses”. Muito obrigado.

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quinta-feira, 22 de maio de 2008

CHANTAGEM E ORGULHO



Chantagem e orgulho
CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - E acabou em pizza mais uma CPI, desta vez a dos Cartões Corporativos. Nada mais lógico: farinhas do mesmo saco, como são situação e oposição, servem pizza com toda a naturalidade. A rigor, a CPI só serviu para revelar a indigência do debate e da ação política no Brasil contemporâneo. A situação conspira no Palácio do Planalto, como ficou cabalmente demonstrado, não para a defesa da coisa pública, mas para provar que a oposição é igual a ela nos gastos exóticos com dinheiro público. Só faltou demonstrar quem, na Casa Civil, liderou a conspiração para chantagear a oposição com um dossiê que a "novilíngua" lulo-petista prefere chamar de "banco de dados" ou "banco de dados seletivo", como afirmou, com o cinismo de praxe, José Aparecido Nunes Pires. Aliás, com idêntico cinismo, ele disse que, sim, o vazamento saiu de seu computador, mas o envio não foi "consciente". Pura palhaçada. Já a oposição prefere a pizza a aprofundar a investigação, o que dá direito a qualquer um que não esteja em uma "boquinha" ou em outra a desconfiar que a chantagem funcionou. É melhor parar com tudo do que permitir que se descubram gastos ainda mais exóticos, de um governo ou do anterior. Ouvi parte dos depoimentos de anteontem e, francamente, dá vontade de cortar os pulsos de desespero com o baixíssimo nível de um nutrido grupo de parlamentares que, ou fazem perguntas idiotas, ou tiram conclusões ainda mais idiotas. Houve quem, na bancada governista, insinuasse mandar prender André Fernandes, o receptador do vazamento, exatamente por ter promovido o vazamento do vazamento que recebeu. Ridículo. Se há alguém, no episódio, que merece prisão é, acima de tudo, quem mandou fazer o dossiê-chantagem. Mas, no Brasil de hoje, chantagem política não é crime, é motivo de orgulho.

Quem prestou serviços relevantes à Nação ?




Quem prestou serviços relevantes à Nação ?
Gen Felício

Os comunistas de qualquer tendência, seja Leninista, Stalinista, Trotskyista ou de qualquer outra, têm no instrumental teórico marxista, como farol, a máxima de que os fins justificam os meios. Assim, na“praxis” revolucionária, a adoção da mentira ou da meia-mentira, do terrorismo, da tortura, de assaltos, assassinatos e de justiçamentos torna-se ferramenta fundamental e normal para a conquista do poder e da implantação da ditadura do proletariado, na realidade, ditadura policial implacável. Milhões de seres humanos foram mortos criminosamente, barbaramente trucidados por meio das mais variadas formas. Terrorismo, torturas, prisões desumanas e assassinatos permearam a História real da União Soviética, dos países da Cortina de Ferro, da China e de Cuba, todos comunistas e tendo regimes tirânicos e policiais. Países inspiradores e motivadores dos comunistas tupiniquins. Por duas vezes, em 1935 e em 1964, o Brasil, por meio das Forças Armadas, apoiadas pela grande maioria da população, enfrentou a insanidade da luta armada, levada a efeito pelos comunistas e os venceu, evitando que o nosso povo fosse submetido a tal regime de atrocidades. Passados os anos, vários dentre aqueles, partícipes de organizações subversivas comunistas criminosas, anistiados, alguns em altas posições do Executivo, Legislativo e do Judiciário, usando a mentira e a dissimulação, negam a verdadeira finalidade a que se propunham em 64, a implantação de um governo ditatorial e cruel, de um só partido, o comunista, e se dizem, hipocritamente, ontem como hoje, defensores da Democracia, dos direitos humanos e paladinos da Justiça. Em verdade, ressentidos pela derrota na luta armada e pela ruína e desmoralização do “paraíso comunista” , alimentando-se do próprio fel, se voltam, permanentemente, contra os que impediram a loucura que preconizavam, taxando, a estes, odiosamente, de terroristas e de torturadores. Assim, vivemos uma reconciliação unilateral.
Dentro desse contexto, temos que analisar o apoio dado pelo atual Ministro da Justiça, Tarso Genro, contrariando a Lei de Anistia, promulgada em agosto de 1979, à grupo de procuradores, que invocam, de forma subserviente, a força de tribunais internacionais, e que ajuizaram ação civil pública, na qual pedem que os Coronéis Ustra e Maciel, no comando do DOI-CODI, de 1970 a 1976, sejam responsabilizados por supostos crimes cometidos naquela organização militar. O Sr. Tarso Genro, segundo jornais, afirma que os oficiais têm que ser julgados, condenados e, após, anistiados. O ministro afronta a lei, demonstrando o seu sentimento de revanche contra as Forças Armadas e os militares. O que não é de estranhar, pois, o Sr. TARSO FERNANDO HERZ GENRO (codinomes "CARLOS, "RUI"), em 1966, atuava na UNE e era militante do Partido Comunista do Brasil. Atraído para a luta armada, saiu do PC do B e ingressou, em 1968, na Ala Vermelha. Em 1970, ficou preso durante três dias no DOPS; solto, fugiu para o Uruguai. Na década de 80, foi militante do clandestino Partido Revolucionário Comunista (PRC).
Pergunto : com que respaldo moral o Sr. Tarso Genro pode defender ações penais para aqueles, como os coronéis Ustra e Maciel, os quais com enorme sacrifício, heroicamente, cumprindo o juramento de morrer pelo Brasil, se necessário fosse, contribuíram para impedir que aqui fosse instalada ditadura comunista, por meio da luta armada, violência para a qual contribuia, à época, as ações subversivas e criminosas do Sr. Tarso Genro, anistiado em 1979 ?
O Sr. Tarso Genro, dessa forma, do alto de suas atuais responsabilidades de Ministro, não colabora para a pacificação da sociedade brasileira. Presta um desserviço à Nação, como já o prestou como ativista revolucionário comunista, interpretando a Lei de Anistia, segundo o seu viés ideológico. Alias, uma nova interpretação da lei e a abertura dos arquivos da época da luta armada, de motivação comunista, sem dúvida, levarão à prisão inúmeros companheiros de ministério do dito ministro e muitos dos que foram regiamente indenizados pelos governos FHC e Lula, presos, então, por terrorismo, assaltos, seqüestros e assassinatos. A lei é bastante clara no seu artigo primeiro, parágrafo 1 e, principalmente, no parágrafo 2 :

Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado).
§ 1º Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.
§ 2º Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal.
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Melhor seria se, o Sr. Tarso Genro, olhando o presente, contribuindo para um Brasil mais justo, seguro e soberano, como Ministro da Justiça, reprimisse a ação violenta e revolucionária do MST e de seus líderes. Ou que olhasse a situação de áreas indígenas, como a da Raposa-Serra do Sol, a luz da conjuntura internacional, da soberania nacional e da importância estratégica da Região Amazônica para os brasileiros, determinando que a Polícia Federal se faça presente, de forma permanente, na Região, pondo fim à ação do narcotráfico e à atuação, contrária aos interesses do País, de ONG financiadas por estrangeiros, do CIMI e de outros religiosos e não estimulando situação de conflito entre brasileiros, indígenas ou não. Por qual motivo não o faz ? Será que permanece o seu viés ideológico, na contramão da História ?
Para finalizar, deixo aos leitores a resposta à seguinte indagação : Quem prestou serviços relevantes à Nação brasileira : Os coronéis Ustra e Maciel ou Tarso Genro ?

OSÓRIO - A CHANCE PERDIDA


Osorio - A chance perdida
Reginaldo da Silva Bacchi*



No começo dos anos 80, o Exército da Arábia Saudita realizou estudos para escolher um novo carro de combate para o seu inventário, primariamente para complementar os existentes, substituindo posteriormente toda a frota de tanques AMX-30. As primeiras avaliações indicaram que o melhor modelo existente no mercado era o Leopard 2, que tinha entrado em produção para o exército alemão, por englobar uma notável experiência obtida com a produção e operação de 4.700 unidades do Leopard 1 (e mais outras 1.700, em versões de lança-pontes, anti-aérea, etc), tanto pela Alemanha como por mais nove países. Os sauditas, no entanto, foram surpreendidos pela recusa do governo de Bonn em vender o carro de combate fora do âmbito geo-político da OTAN.
Dessa forma, abriu-se um nicho no mercado internacional de casos de combate e que foi imediatamente percebido no Brasil, pelo engenheiro José Luiz Whitaker Ribeiro, o então presidente da maior indústria de blindados da América Latina- a ENGESA, fabricante dos conhecidos blindados sobre rodas Cascavel e Urutú. A ideia inicial era comprar algum projecto estrangeiro, uma vez que a empresa ainda não tinha trabalhado em nenhum veículo sobre lagartas e seu pessoal técnico estava, naquele momento, totalmente empenhado em outros programas.

Várias companhias especializadas foram contactadas e apurou-se que a Thyssen-Henschel, da Alemanha possuia um projecto designado Leopard 3 e que estaria interessada em negociá-lo com a ENGESA. Uma equipa chefiada pelo engenheiro José Guilherme Whitaker Ribeiro, seguiu para aquela empresa, acompanhado de um representante do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército Brasileiro. A visita não resultou em nada, pois veio-se a verificar que o modelo proposto, não era mais que uma versão do TAM argentino (que é uma variação do veículo de combate de infantaria Marder). O modelo não teria as mínimas condições de concorrer com veículos da classe do Leopard 2, como o M-1 Abrams, o Chalenger e outros. Mesmo assim os alemães foram enfáticos: "ou o Lopard 3 ou nada".
Contudo, surgiria mais uma oportunidade, vinda da própria Alemanha, onde, mais uma vez, a comitiva brasileira seria muito bem recebida, na Porsche, historicamente um sinónimo de alta tecnologia em carros de combate. No regresso ao Brasil, a comitiva trouxe a possibilidade de desenvolvimento comum de um veículo, dentro dos parâmetros estabelecidos pelos brasileiros. Mas o entusiasmo duraria pouco, pois o governo alemão não autorizou a Porsche a participar no projecto.
A directoria da ENGESA continuou perseguindo o seu objectivo e numa corajosa decisão, que mais tarde lhe custaria muito caro, resolveu desenvolver o projecto autonomamente, entrando assim em campo onde os competidores se medem mais por países, do que pelos fabricante, e, no qual apenas a qualidade nem sempre é suficiente para uma vitória comercial. Por outro lado, um segmento valioso é competentemente conquistado pela empresa, o de blindados leves sobre rodas, um sector quase sempre em franca expansão, passaria a ser negligenciado na nova estratégia da companhia, já que os esforços financeiros, tecnológicos e de marketing estariam direccionados ao novo produto.

Com a sorte lançada, foram fixadas algumas premissas básicas, pois o Exército Brasileiro (EB) havia emitido um OBO (Objectivos Básicos Operacionais) que a companhia deveria seguir o mais que pudesse. De saída, foi observado um ítem crítico nas especificações do EB, problema já detectado aquando a análise do Leopard 3: a questão do peso, que deveria ser no máximo 36 toneladas, limite que estava fora do padrão dos carros de combate de primeira linha, cujo peso em ordem de combate, na época, oscilava entre 44,5 toneladas (T-72) e 62 toneladas (Challenger). Tais exigências, bem como a largura de 3,20 metros, eram ditadas pelas linhas de caminho-de-ferro brasileiras.
Os técnicos da ENGESA encamparam a largura, mas o peso ficou determinado a uma meta de 42 toneladas, pelo fato de, na maioria dos casos o carro de combate ser transportado por camiões em rodoviária. Outra importante posição relacionava-se ao armamento principal que teria duas opções: uma com o canhão de 120mm, o mais possante disponível, para clientes dispostos a arcar com um preço maior; e o de 105mm (L7/M68), para os que não contassem com verbas mais generosas.
Um grupo de três engenheiros começou a "dar forma" ao EE-T1, baptizado de Osório, em homenagem ao patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro. Foram adoptados desde o início, um chassis básico e duas versões de torre.
Ficou resolvido ainda, uma suspensão de barras de torção e a necessidade de consultas a fornecedores de motor e transmissão. Neste contexto uma delegação da ENGESA visitou a Defence Components Exhibition, na Inglaterra, para tomar conhecimento do que lá existia, que pudesse ser usado no EE-T1. Mas, a suspensão hidropneumática da Dunlop, utilizada no carro de combate inglês Challenger, chamou a atenção dos brasileiros; após uma exposição detalhada do sistema e muitas argumentações e consultas à EGNESA (pois levaria à alteração do projecto inicial), a suspensão da Dunlop foi a escolhida.
Para a transmissão do EE-T1 haviam duas alternativas: o equipamento Renk, adoptado pelo Leopard e a ZF LSG3000 que estava sendo instalada no carro de combate coreano Tipo 88 e no Ariete C-1, italiano. O facto de a ZF contar com instalações industriais no Brasil e mostrar interesse em fabricar localmente a sua transmissão influenciaria o resultado a seu favor. Com o motor, o negócio foi mais complicado. A ENGESA havia pensado no MTU, afamado e em serviço com os Leopards 1 e 2, respaldado também pela pela presença da empresa no Brasil. Seu custo, porém, se mostrou proibitivo. Exibindo um preço mais aceitável, o motor diesel TBD 234 de 1.000cv, de outra empresa alemã, a MWM, ainda não utilizado em blindados mas com boas perspectivas operacionais, acabou eleito.

Durante a fase de especificações verificou-se a necessidade de se introduzir blindagem composta no EE-T1. Coincidentemente, técnicos da ENGESA tinham ido para a África do Sul estudar a fabricação dos canhões G-5 e G-6, da ARMSCOR. Nas diversas reuniões, onde o EE-T1 foi abordado, a corporação sul-africana ofereceu um projecto de blindagem que havia desenvolvido e que os brasileiros consideraram muito interessante. Entretanto, as condições políticas daquele país não permitiram um relacionamento mais estreito. Porém, determinada a desenvolver o Osório, a ENGESA seleccionou uma equipe dentro dos seus engenheiros e encomendou o tubo de canhão de 25mm da Oerlikon, na Suíça, para fabricar a "proveta" de testes, cujos ensaios foram conduzidos no túnel balístico do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), com modelos reduzidos da blindagem, para duplicar, com a munição de 25mm, o efeito de tiros de 105 120mm. Ao final de seis meses estava pronta a blindagem composta.
A ENGESA fixara o prazo de um ano para o protótipo de veículo estar pronto. Dessa forma, e para ganhar tempo, a companhia conduziu o projecto dos chassis, enquanto que o da torre foi transferido para a Vickers Defence System, com a supervisão de dois engenheiros brasileiros, que acompanharam permanentemente o projecto das duas torres.
A primeira delas, a "torre padrão", foi desenhada em torno do canhão de 105mm raiado L7/M68. esta peça, descontado-se as russas, era a mais utilizada em todo o Ocidente, sendo fabricada na Inglaterra, Alemanha e Itália. Era, portanto, uma arma de preço acessível e de excelente qualidade, além de ter a sua munição em produção em diversos países, o que levava a custos menores e facilidades de obtenção. Como o sistema de tiro foram adoptados os periscópios belgas da OIp, e assim o comandante teria o modelo LRS-5DN com visão nocturna. O periscópio do atirador, LRS-5DNLC, dispunha, adicionalmente, de telêmetro laser e um computador de tiro. Os espelhos dos periscópios estariam conectados mecanicamente ao canhão, que era estabilizado e assim, "transmitia" esse comportamento aos equipamentos ópticos.
A segunda torre foi projectada levando-se em conta a sua utilização pelo Exército Saudita, bem como por outros que se viessem a interessar pelo carro de combate brasileiro. Esta torre receberia o canhão de alma lisa de 120mm G1, da GIAT, da França, uma vez que, o 120mm L11 britânico era raiado e tinha uma força de recuo maior, incompatível com um carro de combate de 42 toneladas. O armamento de origem alemã foi descartado pela intransigência do governo do país. O atirador contava com um periscópio SFIM (França), modelo VS580 VICAS, com visão diurna e telêmetro laser. Para o comandante, um periscópio panorâmico (360 graus) também SFIM VS580 e recursos iguais aos do atirador. A visão e o tiro nocturno seriam feitos por intermédio de um periscópio (panorâmico) com infra-vermelhos UA 9090, da Phillips USFA, da Holanda, com monitores de televisão para o comandante e atirador. Todos os telescópios possuíam estabilização do espelho dentro de uma precisão de 0,2 MILS.
O sistema de controlo de tiro, da Marconi Command and Control Systems, era centralizado num computador de 16 bits e processava informações vindas de vários sensores e comandos como o tipo de munição empregue, a distância e velocidade do alvo, direcção do vento, desgaste da alma do tubo, inclinação lateral do veículo, etc. Outro "refinamento" significativo era o uso de uma "janela de coincidência", que analisava a posição do canhão e a mira do atirador. Isso, porque, a estabilização (0,8 MILS), devido ao seu peso, não seria tão precisa quanto a dos aparelhos periscópios, e nem sempre os dois estariam dirigidos ao mesmo ponto. Então, a "janela" fazia com que o canhão só disparasse se, durante a oscilação, o seu alinhamento fosse coincidente com o dos periscópios.
Todos estes factores garantiam um excepcional índice de "alvo atingido no primeiro tiro". O comandante, com a sua câmara panorâmica, fazia a vigilância do campo de batalha e, localizando um alvo importante, poderia, apertando um botão, "chamar" a torre para o mesmo, accionar o telêmetro lazer e entregar o tiro ao encarregado, que já teria o seu trabalho parcialmente feito. Em caso de perigo, ele mesmo efectuaria o disparo. Ainda, como elemento de segurança, a munição era armazenada na parte traseira da torre, com a parte superior do compartimento feita de chapa mais fina para, em caso de explosão, ser expelida para fora. Separando a torre da munição havia uma porta blindada que se abria e fechava ao comando do municiador.

Os trabalhos de desenvolvimento do EE-T1 tiveram início a partir do segundo semestre de 1983 e o primeiro protótipo do carro de combate ficou pronto em Setembro de 1984. Enquanto não chegavam as torres da Vickers, foram realizados ensaios de eficiência e durabilidade do chassis, e acertados, em definitivo, os parâmetros de funcionamento da suspensão hidropneumática.
Em Maio de 1985 a ENGESA recebeu a "torre padrão" e resolveu levar aquele protótipo até à Arábia Saudita. Na ocasião, tal atitude parecia um incoerência: o veículo não era inteiramente representativo daquilo que seria oferecido. Mas existiam fortes argumentos para corroborar a decisão, tais como mostrar aos sauditas que se estava empenhado em lhes apresentar um carro de combate de "primeira linha" e, principalmente, testar o veículo num cenário completamente desconhecido para a ENGESA. O EE-T1 foi enviado por avião, em 20 de Julho de 1985, e na chegada a Ryad encontrou um dos seus rivais, o Challenger, que já tinha iniciado as provas.
Exceptuando-se o conjunto propulsor, que revelou algumas deficiências, os resultados foram considerados óptimos pela empresa. No retorno, a MWM empenhou-se em modificações no motor que acabaram por resolver o problema. O Exército Brasileiro colaborava no projecto do Osório de maneira muito positiva, mantendo dois engenheiros do seu Centro Tecnológico (CTEx) em constante acompanhamento, actuando em áreas de comunicação e manutenção. E para dar o seu aval ao ao carro de combate (imprescindível para a sua venda), submeteu um dos protótipos (o equipado com torre padrão com o canhão de 105mm) a um processo completo de RTEx (Relatórios Técnicos Experimentais) e RTOp (Relatórios Técnicos Operacionais).
Em princípios de 1986, a Vickers entregou a segunda torre (com o canhão de 120mm), imediatamente integrada aos chassis, e incorporadas as lições e melhoramentos ditados pelos testes realizados anteriormente nas areias do deserto e os dos RTEx e RTOp, no Brasil. Finalmente, em Julho de 1987, o protótipo definitivo do Osório, acompanhado das melhores esperanças da ENGESA, seguiu para um nova fase de competição na Arábia Saudita. Lá estavam os seus adversários: o Challenger, o AMX-40 e o M-1 Abrams, que, a exemplo dele, seriam tripulados por equipas de militares sauditas indicadas por sorteio.
Foram 2.350 km de rodagem (1.750 km no deserto), superação de trincheiras de três metros de largura, dar partida em rampas de 65%, rodar em rampa lateral de 30% , testes de aceleração, frenagem, pivotamento (180º), consumo de combustível (2,1 km/l no deserto 3,4 km/l em estrada pavimentada), remoção e instalação de lagartas (10 minutos para remoção e 20 para instalação), seis horas com o motor em funcionamento e o veículo parado, 6 km em marcha à ré e reboque de um carro de combate de 35 toneladas por 10 km. Na parte de tiro foram efectuados 149 disparos, sendo 82 em situações do veículo e alvo estacionados (mais distância: 4.000 metros); veículo estacionado e alvo em movimento; e veículo e alvo em movimento (maior distância: 1.500 metros).

Na parte técnica, operacional e de engenharia o Osório correspondeu plenamente ao que dele se esperava. Juntamente com o M-1 Abrams foi declarado passível de ser comprado pelos sauditas. O Challenger e o AMX-40 foram descartados. Grande era a euforia, pois nos testes o Osório tinha se mostrado superior ao Abrams. O contracto de venda, que compreendia desde o fornecimento de veículos fabricados no Brasil, até uma linha de montagem na Arábia Saudita, chegou a ser preparado. Oficiais sauditas foram treinados na ENGESA em tecnologia de veículos blindados. O EB continuou a prestar apoio e aval ao projecto, materializado, inclusive, com a ida do então ministro do Exército, general Leonidas Pires Gonçalves, à Arábia Saudita.
Quando o excelente e bilionário negócio parecia estar prestes a ser concretizado, revelou-se a faceta real deste tipo de mercado, a ENGESA desdenhara ou ingenuamente ignorava: o peso político dos Estados Unidos (que também providenciou apoio financeiro para a venda do Abrams) determinou o vencedor. Pressionada por situações conflituosas e cercada de potenciais inimigos, a dinastia saudita depositou sempre a sua continuidade, num apoio de Washington, em casos extremos, apesar de toda a sua capacidade bélica. Isso ficaria evidenciado em 1991, aquando a invasão do Kuwait pelo Iraque, o que representou o nocaute fatal nas pretensões da ENGESA.
Os prejuízos contabilizados com o final da história foram irrecuperáveis. Uma empresa detentora de tecnologia de ponta e mão-de-obra de altíssimo nível, capaz de fazer um trabalho excepcional, como o Osório (no qual investiu tudo), acabaria liquidada. A indústria ainda chegou a receber ajuda financeira do governo, por conta de contractos que tinha com a Força Terrestre. Mas, nessa altura, o volume das suas dívidas era algo gigantesco e só um contracto como o pretendido com a Arábia Saudita a salvaria da falência.
Com o fim da ENGESA, o Exército Brasileiro ficou sem um carro de combate nacional comparável aos melhores existentes lá fora. Havia, inclusive, entendimentos para um acréscimo de 10% no preço final do veículo para que, a cada dez unidades exportadas para os sauditas, uma pudesse ser financiada para o Brasil, hoje um país importador de blindados em segunda mão.


* O autor do presente artigo, o Sr. Reginaldo da Silva Bacchi, foi técnico da ENGESA e colaborou no projecto do MBT Osório. O site "Military Zone" agradece o apoio prestado pelo Sr. Reginaldo Bacchi, na execução desta adaptação do seu artigo assim como a pronta autorização para publicação deste no site. Agradecemos ainda à revista Tecnologia & Defesa por nos ter fornecido o referido material e dado autorização para a sua publicação.

"QUEIMA DE ARQUIVOS"


Repasso. Se os cidadãos começarem a exigir ordeiramente, em massa, seus direitos nos Poderes Constituídos (Justiça, Polícia, Procuradorias Estaduais e Federais, Congresso Nacional, imprensa) para a mudança de postura do Estado (combate à corrupção, eficiência administrativa, controle de gastos públicos, diminuição de impostos, políticas de base não assistencialista etc.) alguma coisa mudará. Vamos ver quantos políticos de "esquerda", comprometidos com o crime e com a ditadura comunista, se insurgirão contra a farsa forjada pela Rede Globo contra o "Regime Militar", que acabou há mais de 20 anos e a esquerda política, composta de guerrilheiros e comunistas, continua se insurgindo e enterrando para desviar a atenção pública da ditadura comunista que querem implantar no país. Os grifos em vermelho no texto original são meus.
Sérgio

Subject: Para conhecimento e divulgação (*)
Parabéns ao Cel Av Narcelio... as autoridades devem apoiá-lo incondicionalmente...

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Repassando.... lembrando que esse tipo de "teste" para desmoralizar as FFAA ainda não acabou! Entretanto, espero que a Aeronáutica também tome providências jurídicas necessárias e suficientes para desmascarar o "teatro de péssimo gosto", que ficou conhecido como "queima de arquivos na Base Aérea de Salvador". E também divulgue...Luzardo AS Cel Av R1
ISTO SE CHAMA A-TI-TU-DE, O QUE, INFELIZMENTE, POUCOS TÊM A CORAGEM DE TOMAR. LS
--------- Mensagem Original --------De: "Para: "mailto:undisclosed-recipients@yahoo.com.br" <undisclosed-recipients@yahoo.com.br>Assunto: Para conhecimento e divulgaçãoData: 26/06/07 09:47MINISTÉRIO DA DEFESACOMANDO DA AERONÁUTICACOMANDO-GERAL DE OPERAÇÕES AÉREASCGEGARParte nº 564/CGEGAR/ Brasília, 15 de maio de 2007.


Do Coronel Aviador Narcelio Ramos RibeiroAo Exmo. Sr. Comandante-Geral de Operações AéreasAssunto: Falsa queima de arquivo na Base Aérea de Salvador1. Informo a V. Exa., que estou processando a Rede Globo e o Estado Brasileiro por danos morais, decorrente das reportagens relativas ao (conforme afirma a justiça) "teatro de péssimo gosto", que ficou conhecido como "queima de arquivos na Base Aérea de Salvador". 2. Nesse sentido, utilizarei de todos os meios legais e éticos para reparar os danos causados pelas reportagens em lide e para divulgação dos fatos verdadeiros.3. Essa minha atitude deve-se aos seguintes motivos: a) para quase todos brasileiros e, até mesmo, para o efetivo da Aeronáutica, a BASV destruiu documentos;b) a verdade, que prevaleceu, foi a que a Rede Globo "colocou no ar", apesar da justiça chegar a conclusões opostas à versão noticiada pela emissora em tela; e c) o mais importante, os quase 1100 homens e mulheres que faziam parte da guarnição da Aeronáutica em Salvador (além do pessoal da reserva, pensionistas e reformados) estão sob suspeita até os dias atuais e, portanto, cabe a mim, como comandante daquele período, defendê-los ou responder pelos atos ocorridos dentro daquela Organização Militar. 4 Os arquivos colocados na BASV, representam uma nova modalidade de crime, em que os criminosos não se contentam apenas em cometer o ato, juntam-se a inocentes e a pessoas desonestas para imputar a culpa a outrem. É o crime coletivizado, democratizado, que tem força para tentar sobrepujar as decisões dos magistrados e para desacreditar o trabalho do Ministério Público e as investigações da Polícia Federal. Num português polido poderíamos chamá-los de neocriminosos. Para mim são bandidos. 5 Fatos como esse, quando atinge aos objetivos planejados, resulta na destruição de pessoas honestas, de famílias, de instituições, na vitória do crime e no aumento da sensação de insegurança.6 Outrossim, informo a V. Exa., que a minha atitude está amparada no Art. 5° (cláusula pétrea), inciso X da constituição (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação). 7 Por oportuno, sinto-me no dever de registrar, que, durante todo o período em que durou as acusações contra a BASV, as mulheres e homens de todo o contingente da Aeronáutica em Salvador tiveram comportamento baseado na ética, honestidade, confiança recíproca, profissionalismo, dedicação e nos pilares que sustentam nossa instituição (hierarquia e disciplina). Em instante algum, alguém deu entrevista ou ficou do lado dos criminosos. Ao contrário, foram atitudes exemplares, norteadas pelos padrões de valores absolutos da sociedade brasileira. NARCÉLIO RAMOS RIBEIRO Cel AvChefe do Centro de Guerra Eletrônica do COMGARCópias:CGEGAR.....1Protocolo... ...1Total....... ......2

OS HOMENS CERTOS NO LUGAR CERTO


Os homens certos no lugar certo
Olavo de Carvalho


Inconfidência (Belo Horizonte), 19 de maio de 2008
Chamar o sr. Tarso Genro de terrorista e mentiroso, como o fez o deputado Jair Bolsonaro no memorável dia 15 de maio, é uma simples questão de rigor histórico.
Quanto ao primeiro desses qualificativos, o ministro, que participou ativamente de uma organização dedicada a atentados e homicídios – sob a desculpa de lutar contra uma ditadura que ele chamava de assassina mas colocando-se a serviço de outra ditadura incomparavelmente mais assassina –, continua alardeando sua fidelidade ao marxismo, doutrina explicitamente terrorista. Por definição, o porta-voz de uma doutrina terrorista é terrorista, mesmo depois que a idade e as circunstâncias o dispensaram da parte mais grosseira e suja do serviço.
Se o sr. Genro afirma que as práticas terroristas já não se justificam no presente quadro, é manifesto que tem em vista a mera questão da oportunidade tática, excluindo in limine qualquer condenação moral ao terrorismo em si; e é igualmente claro que mesmo sua restrição tática só se aplica ao Brasil, não a outros países da América Latina, de vez que até o momento nem ele, nem o governo que ele representa, nem o partido que os colocou no poder abjuraram jamais da declaração de apoio aos métodos terroristas das Farc, assinada em 2002 no Foro de São Paulo pelo sr. Lula da Silva, declaração que, para cúmulo de cinismo, rotulava de “terrorista”, isto sim, o combate movido contra a narcoguerrilha pelo Exército da Colômbia.
A qualificação de “ex-terrorista”, que a mídia adotou para embelezar a folha corrida de indivíduos como o sr. Genro, é artificiosa e descabida como o seria a de “ex-assassino”. Uma organização terrorista, por definição, não se compõe só dos paus-mandados que colocam bombas em locais onde elas inevitavelmente matarão transeuntes inocentes; nem só dos pistoleiros que armam tocaias para balear gente pelas costas; nem só dos heróicos assaltantes que, de metralhadora em punho, fazem tremer pálidas funcionárias de bancos. Uma organização terrorista é uma hierarquia camuflada e sutil que sobe desde esses bas-fonds até os altos postos da administração, da mídia e da diplomacia, de onde se estende sobre ela o manto protetor das meias-palavras e das desconversas, exatamente como os agentes políticos do Foro de São Paulo em Brasília fazem com as Farc, o MIR chileno e outras gangues de assassinos, seqüestradores e narcotraficantes. Se um soldado é dispensado da batalha, mas removido para posto administrativo, ele não foi para a reserva: está na ativa. Não é um ex-soldado, é um soldado. Se um terrorista já não tem de dar tiros e soltar bombas, mas continua mesclado à rede política que dá proteção ao terrorismo, não é um ex-terrorista: é um terrorista. Servindo ao governo do Foro de São Paulo, o sr. Genro é uma das peças fundamentais da mais imensa máquina terrorista que já existiu no continente. E é claro que por dentro ele se orgulha disso, desprezando e odiando aqueles que vêem aí algum motivo de desonra. Quando ele foi obrigado a ouvir calado as palavras verazes do deputado Bolsonaro, foi de cabeça baixa, mas não de vergonha, e sim de raiva, que ele se submeteu a esse humilhante ritual democrático do qual, como membro ilustre da Nomenklatura, estaria dispensado em Cuba ou na Coréia do Norte. E a raiva mal contida explodiu logo no dia seguinte, fazendo desabar sobre a pessoa do coronel Brilhante Ustra todo o insaciável desejo de vingança, todo o ressentimento insano que os terroristas de Brasília têm contra os militares que preferiram continuar servindo ao Brasil em vez de alistar-se nas tropas revolucionárias de Cuba.
Quanto ao qualificativo de mentiroso, qual outro caberia ao representante de um governo que, tentando ceder um Estado inteiro da Federação aos poderes internacionais, o faz não somente contornando como um ladrão furtivo a autoridade soberana do Congresso, mas usando como pretexto “científico” para a doação um laudo antropológico falso, assinado com nomes de pessoas que nem mesmo sabiam da sua existência?
O pronunciamento do deputado Bolsonaro só pecou por incompletude, que a brevidade explica. Primeiro, não é só o ministro Genro que é terrorista e mentiroso. O governo Lula está repleto deles. Segundo, esses indivíduos não são só terroristas e mentirosos: são traidores do Brasil, mercadores da soberania nacional. Subiram ao poder para doar Roraima aos globalistas, a Petrobrás à Bolívia, Itaipu ao Paraguai, as favelas do Rio às Farc e, por toda parte, terras produtivas à Via Campesina. Nenhum brasileiro lhes deve respeito. O simples fato de alguém como o general Heleno, o deputado Bolsonaro ou até um zé-ninguém como eu lhes dirigir a palavra já é honra que não merecem. Não digo que o lugar deles seja a cadeia, onde há delinqüentes recuperáveis. Nem o cemitério, onde repousam defuntos virtuosos. Nem o lixo, que pode ser reciclado. Não, não há no mundo um espaço apropriado para eles. Talvez somente o inferno os abrigasse. Foi por isso que criaram o Foro de São Paulo. Cada um deles é agora o homem certo no lugar certo.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Entrevista Gen Leonidas



Entrevista do Gen Leonidas ao periódico Terra Magazine
General Leonidas: "Revanchismo tem que acabar"Terça, 20 de maio de 2008, 16h33


O general e ex-ministro do Exército Leonidas Pires Gonçalves, 87 anos, desempenhou um papel central, porém discreto, nos bastidores da redemocratização do País. Na madrugada de 15 de março de 1985, telefonou para o então vice de Tancredo Neves, o senador José Sarney, depois de articulações políticas e jurídicas. A poucas horas da posse, houve de informar a Sarney a definição de seu nome como sucessor constitucional do agonizante Tancredo. Disposto a encerrar negativas, o general cortou a ligação: "Boa noite, presidente!".

Vinte e três anos depois daquela noite tumultuada, uma das peças do retorno do Brasil à democracia, a Lei de Anistia, ganhou contestação pública do ministro da Justiça, Tarso Genro, na antiga sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Com o velho tom de voz do telefonema a Sarney, o general Leonidas questiona a quebra de um pacto histórico que visava apagar ódios e rancores mútuos.

- Nós das Forças Armadas já anistiamos. E essa gente não quer nos anistiar - define.
Em entrevista exclusiva a Terra Magazine, o ex-ministro do Exército (1985-1990) do primeiro governo da Nova República critica o que chama de "revanchismo". Por telefone, abriu uma "exceção", como faz questão de dizer, e aceitou responder a perguntas sobre a Anistia, a abertura de arquivos secretos, a esquerda armada, a eclosão de 1964, a tortura e a troca de informações entre os militares da América do Sul.

Em 15 de maio, no Rio, durante a assinatura do Memorial da Anistia Política no Brasil, o ministro Tarso Genro defendeu a punição dos responsáveis por crimes de tortura na ditadura militar (1964-1985). A declaração reabriu o debate sobre o alcance da Lei 6.683, votada em agosto de 1979.
- A Lei de Anistia é uma lei política. Ela incide sobre os crimes políticos. A tortura não pode ser considerada um crime político (...) Agora, isso tem que ser uma interpretação do Poder Judiciário. Não é necessário modificar a lei para que esses crimes sejam punidos - analisou o ministro.

Genro criticou ainda o "sigilo eterno" de documentos secretos. Outra tecla sensível das Forças Armadas.

Para o general Leonidas, o Brasil deve ser pensado daqui "pra frente", pois avalia que a Anistia apagou as marcas dos dois lados. Se houver punição, afirma, terão de ser revistas também as ações da esquerda, a exemplo do atentado a bomba no Aeroporto de Guararapes (Recife), em 1966. O ataque é atribuído à AP (Ação Popular).

- A anistia tem um dom: nós todos temos que esquecer essas coisas e cuidar do Brasil. Pra mim, essas coisas, lamentavelmente, têm gosto de revanchismo. Acho uma coisa imperdoável pra um homem da estatura funcional do ministro Tarso Genro.

O general fala da reunião de documentos do CIE (Centro de Inteligência do Exército) sobre a esquerda armada, durante sua passagem pelo governo Sarney. Nega a elaboração de um "livro", mas admite a coleta de "registros históricos". "Mas vocês, quando falta assunto, buscam minhoca embaixo de laje, viu?", diz Leônidas sobre a mídia. Na reserva, ele vive atualmente no Rio de Janeiro.



Terra Magazine - O que o senhor acha das declarações do ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a Lei de Anistia? General Leônidas Pires Gonçalves - Acho que é uma opinião dele, mas eu não concordo. Anistia tem que ser ampla e irrestrita. Esse revanchismo tem que acabar. É melhor deixarmos essas coisas do passado e cuidarmos do Brasil daqui pra frente. Até porque há coisas também a serem cobradas...

O que tem que ser cobrado? Porque do outro lado houve vários crimes. Ou você ignora isso? Me responda.

Houve anistia para os dois lados. Exatamente. Esse é meu ponto de vista.

O senhor fez um livro quando era ministro do Exército do governo Sarney?Ninguém fez livro nenhum. Isso tudo é conversa de vocês da mídia! O que nós tínhamos era um registro histórico, que nunca teve esse título de "livro". Mas vocês, quando falta assunto, buscam minhoca embaixo de laje, viu? Isso é que é verdade. Nunca houve livro coisa nenhuma.

Com documentos do CIE (Centro de Inteligência do Exército)? Um registro histórico da nossa atividade. Nunca foi pra fazer um livro. Esse título de "livro" nem sei quem é que deu.

Saiu na imprensa. Eu, por exemplo, nunca tive a idéia de publicar nada. Até porque tem uma justificativa pra não publicar nada: é que, durante meu período, não houve essas ações revanchistas. São muito pouco patrióticas, sabe? Querer rever coisas que não interessam mais.

O ministro Tarso Genro disse que a Lei de Anistia não protege torturadores. Ora, pergunta se pegar um embaixador, raptar um embaixador, botar dentro de um automóvel a bordoada... Um homem acostumado a ser reverenciado, botar num quartinho de 2 por 3, e todo dia dizer que vão matar... Isso não é tortura?

O seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969? De todos eles! É muito engraçado. Só se vê as coisas de um lado. A anistia tem um dom: nós todos temos que esquecer essas coisas e cuidar do Brasil. Pra mim, essas coisas, lamentavelmente, têm gosto de revanchismo. Acho uma coisa imperdoável pra um homem da estatura funcional do ministro Tarso Genro.

Defende uma conciliação?Total. Nós das Forças Armadas já anistiamos. E essa gente não quer nos anistiar.

O ministro da Justiça também falou da abertura de arquivos. Quais arquivos faltam ser abertos? Olha, eu não sei, não sei por que se fala nisso. Francamente. Não sei de arquivo.

Não é preciso especificar? Uma vez ouvi de Elio Gaspari (jornalista) uma sentença interessante: a subversão abriu muito menos seus arquivos do que nós (risos). Que eles abram os arquivos deles também.

Mas há um livro do Daniel Aarão Reis Filho (historiador, autor de Imagens da Revolução, com Jair Ferreira de Sá) que reúne documentos das organizações de esquerda. Pois é, há também o do (Jacob) Gorender. Eles nunca quiseram derrubar ditadura nenhuma, eles queriam fazer a ditadura deles.

É a tese do golpe preventivo? Eles hoje dizem que estavam contra a ditadura... O Gorender diz que não. O Aarão Reis diz que não. E aquela outra que foi exilada com Zé Dirceu disse: "não, nós não queríamos derrubar ditadura não... Nós queríamos fazer a nossa ditadura". Aquela gente toda era de esquerda.

O ex-ministro Jarbas Passarinho reconhece que houve, depois de 1964, um regime autoritário. Mas, venha cá, você sabe qual é a diferença entre regime autoritário e ditadura? Primeiro, regime autoritário não tem permanência de ninguém no poder. No nosso regime, o presidente foi sistematicamente mudado.
Bom, você diz, mudado no Congresso... Em quantos países do mundo a democracia é exercida pelo Congresso e não por voto direto? Segundo, nós não tínhamos ideologia. E o que caracteriza uma ditadura é a ideologia. Nós não tínhamos uma ideologia. Sabe qual era a nossa? Fazer voltar a democracia verdadeira ao Brasil. Chamar de "ditadura militar" é uma impropriedade política. Eu tenho um trabalho publicado sobre política, minha tese na Escola Superior de Guerra.

O senhor acha que o governo Lula tem motivação ideológica pra resgatar essa questão?Você sabe de uma coisa? O presidente Lula não está muito engajado nisso. É essa periferia que se esquece de uma coisa fantástica: deviam agradecer de joelhos, todo dia, nós termos feito a Revolução que permitiu voltar a democracia, que nós sempre quisemos.
E evitar que a ditadura comunista, altamente violenta e assassina, estivesse vigente. Por que eu digo isso? Porque se eles tivessem chegado ao poder pela linha deles, e não pela nossa - porque chegaram por via democrática -, todos eles já estavam mortos, na típica autofagia dos comandos comunistas. Quantas pessoas que subiram com ele o Stálin matou?

O regime militar brasileiro também registrou desaparecimentos. Vem cá! Qual foi o primeiro sangue que correu no Brasil?

O primeiro sangue? Na Revolução de 64.

O senhor fala do atentado no aeroporto Guararapes (25 de julho de 1966, dia da visita do general Costa e Silva a Recife)? Ah, "você fala" não! É aquele! E que ninguém fala. Que todo mundo esconde! Se o avião do Costa e Silva tivesse pousado, morreriam 50 pessoas.
O Ronaldo Costa Couto, no livro dele, diz que Betinho (sociólogo Herbert de Souza) sabia que era da AP (Ação Popular). Ninguém fala nisso, não. Essa gente podia ser julgada também, né?
(N.R. O atentado em Guararapes deixou dois mortos: o almirante Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Edson Régis de Carvalho.)

General Leonidas: "Sociedade gritou por 1964"Na segunda parte da entrevista exclusiva a Terra Magazine, o ex-ministro do Exército Leonidas Pires Gonçalves avalia as declarações do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno. Em abril, numa palestra no Clube Militar do Rio de Janeiro, Heleno chamou de "lamentável" e "caótica" a política indigenista brasileira.

Como pano de fundo, a demarcação oficial da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, onde segue o conflito entre índios e arrozeiros (o Supremo Tribunal Federal julgará a questão em meados de junho). Segundo o general Leonidas, a polêmica envolve a soberania nacional:

- As palavras do general Heleno são a cristalização da opinião do Exército Brasileiro, que está lá há décadas e conhece aquilo mais do que ninguém. Então, ele apenas teve a circunstância e a coragem de dizer o que nós julgamos há décadas - diz o general, que compareceu à palestra.

Outros dois temas são tocados nesta entrevista: a revisão do golpe de 1964 pela sociedade brasileira e a troca de informações entre os militares de países sul-americanos, nos anos 70. O general Leonidas diz que, se houve a Operação Condor, esta nasceu como reação ao treinamento internacional de guerrilheiros de esquerda.

- Agora, se ela (Operação Condor) existiu, acho que foi uma conseqüência natural da reunião de países com as mesmas concepções sobre a esquerda marxista-leninista, que estava atuando contra os países da América Latina - diz Leonidas, atualmente na reserva.
Numa revisão de 1964, o ex-ministro do Exército revela o sentimento dos militares sobre a mudança de ventos políticos:

- A sociedade brasileira, que veio pras ruas aos gritos, pedindo que nós barrássemos tudo (em 1964), hoje em dia nos deixa ser injustiçados, só nos chamando de "torturadores" e "matadores". Eles (esquerda armada) são matadores, eles botaram bomba, eles roubaram, eles assaltaram, eles fizeram tudo igualzinho. Esse quadro de fundo histórico nos leva ao seguinte: vamos acabar com isso tudo. A anistia ampla e irrestrita é para isso.

A seguir, a parte final da entrevista.

Terra Magazine - Tem acompanhado a questão da Amazônia? O senhor estava na palestra do general Augusto Heleno.General Leonidas Pires Gonçalves - Fui comandante (militar) da Amazônia, conheço aquilo tudo. O que acontece é o seguinte: as palavras do general Heleno são a cristalização da opinião do Exército brasileiro, que está lá há décadas e conhece aquilo mais do que ninguém. Então, ele apenas teve a circunstância e a coragem de dizer o que nós julgamos há décadas. Realmente, nós temos um perigo internacional embutido naquilo tudo.

Relacionado à soberania? Embutidos interesses inconfessáveis. Julgo que a marcação daquelas áreas sempre foram inadequadas. Essa segregação é uma maneira de não fazer os índios realmente brasileiros. Não tem cabimento.

As demarcações representam um perigo para o País? Eu acho. Basta também ler "As Declarações da ONU (Organização das Nações Unidas)". Reconhecer que as tribos de dois países têm direito...
Os yanomamis? Durante o meu período (no ministério do Exército), sempre fui contra a demarcação yanomami e consegui durante o governo do presidente Sarney que a área não fosse demarcada. A verdade é que aquela área, se tiver, tem dez mil índios. Entregar Portugal pra dez mil índios? E outra coisa interessante: aquela área é muito rica. É muito desejada.

Parte dessas áreas demarcadas são acidentadas, não agricultáveis? Conheço aquilo muito bem. Já fiz uma manobra de 15, 20 dias. Aquelas áreas são campos. Tanto é verdade que há produção de arroz. Mas quem é que disse que é pra fazer agricultura? Nós não queremos isso. Nós queremos integrar o índio. Queremos que o índio participe da sociedade brasileira. Para isso, em vez de segregá-lo, nós temos que fazer chegar a ele saúde, educação, etc. Agora, se você vai ver a nossa tropa no Vale do Rio Negro, toda ela é de índio. É isso que nós queremos, realmente. As índias estão casando com os soldados. Mas é claro que elas querem casar com os soldados, pois os soldados também são índios, têm uma vida estruturada, têm um ordenado.

Os documentos que o senhor levantou, quando era ministro do Exército, contestam a versão da esquerda? O senhor apresentou ao presidente José Sarney...Não, é o seguinte: aquilo é um registro das ocorrências da época. Eu sempre costumo dizer o seguinte: há um ditado português, muito velho, que diz: quem semeia vento...
Colhe tempestade... Nós fizemos a revolução para evitar que se implantasse no Brasil um regime daquela violência que foi provada no mundo inteiro. Roberto Campos tem uma frase sensacional sobre isso: esse regime foi perverso e assassino em todos os matizes. No branco, Rússia. No amarelo, Khmer vermelho (Camboja). No preto, África. No mestiço, Caribe. O barbudo (Fidel Castro) é outro assassino.
Nós evitamos que o Brasil caísse nessa linha. A sociedade brasileira nos é muito injusta. Eles falam em (passeata dos) 100 mil, na Diretas-Já... Começa que a frase "Diretas Já!" é de João Figueiredo. Você sabe disso?

Não era um bordão de Teotônio Vilela? Podem dizer que é de outro, mas não é, não. Bom, o João Figueiredo era um homem completamente embebido de espírito democrático, o pai dele...

General Euclides Figueiredo, que foi anistiado (por duas vezes). É. E ele aprendeu a ler na Argentina. Eu fui do Estado-Maior Revolucionário de Castelo (Branco) e nunca se pensou em fazer uma ditadura permanente.
Nós estávamos querendo evitar que a ditadura maléfica, assassina, da esquerda, tomasse conta do Brasil. Quando começamos a ter a visão de acabar com ela, começou a subversão e nos aferrou num problema. Nós não pudemos mais largar o governo porque a subversão continuou. Continuou batendo em soldado, botando bomba, raptando embaixador, assaltando banco.

Tudo isso foi por espírito aventureiro e muita brasilidade... É um cinismo.

Nos anos 70, o senhor ouvia falar da Operação Condor? Olha aqui, eu nunca ouvi falar nessa Condor. Mas eu faço a seguinte análise, peço que você siga meu raciocínio e dê tua opinião também. Você sabe o MCI? Movimento Comunista Internacional. Você tem dúvida disso? Entre na internet e veja quais eram as ordens originárias da Rússia. Então, se juntou a Rússia, a Albânia, a China e Cuba, pra fazer subversão no Brasil e na América Latina. Se eles se reuniram pra fazer subversão, por que não cabe nos reunir pra nos defender?

Houve troca de informações dos regimes militares na América do Sul? Claro que havia troca! E eu te pergunto: não havia troca de preparo dos subversivos em várias áreas? Não foi brasileiro pra Cuba? Não foi brasileiro pra Albânia? Não foi brasileiro pra Rússia? Não foi brasileiro pra China? Foi ou não foi? O movimento não era internacional? Já ouviu falar daquela máxima da mecânica? Para toda ação corresponde uma ação igual e em sentido contrário. Eu nunca participei de Condor, nem ouvi falar. Agora, se ela existiu, acho que foi uma conseqüência natural da reunião de países com as mesmas concepções sobre a esquerda marxista-leninista, que estava atuando contra os países da América Latina. E, portanto, foi uma conseqüência quase que natural esses países se reunirem pra se defender.

Há comparação entre Ernesto Geisel e Pinochet? Que é isso! Vou te fazer uma pergunta, vou te fazer uma pergunta. Quantos habitantes tinha o Brasil em 1964? Cem milhões. Quantos mortos são atribuídos à Revolução? 224. E nós perdemos outros tantos. Pra 100 milhões, morreram 224. Agora, qual é a população do Chile?

Bem menor. Lá morreram mais de três mil. E qual é a população de lá? Então, eu considero até ofensivo você me fazer uma pergunta dessa.

Pergunto porque o senhor falou da troca de informações... Pois é, mas isso é um absurdo! Nós salvamos esse Brasil. Eu reconheço, meu jovem, que a morte é uma coisa transcendental. Morrer uma pessoa é uma coisa que choca a gente. Mas nós salvamos o Brasil por um preço muito barato. Quantos milhões matou o Stálin? Qual era o regime dele?

O comunismo. Quantos milhões matou o Khmer Vermelho? Quantos milhares matou o Fidel Castro naquela ilha com meia dúzia de habitantes? O que nós fizemos foi salvar o Brasil de entrar nessa linha. Agora, a sociedade brasileira, que veio pras ruas aos gritos, pedindo que nós barrássemos tudo, hoje em dia nos deixa ser injustiçados, só nos chamando de "torturadores" e "matadores". Eles são matadores, eles botaram bomba, eles roubaram, eles assaltaram, eles fizeram tudo igualzinho. Esse quadro de fundo histórico nos leva ao seguinte: vamos acabar com isso tudo. A anistia ampla e irrestrita é para isso. Ninguém é purinho em nenhum dos dois lados. Agora, quem deu partida nas mortes foram eles, e não nós.

Como é sua frase do soldado e do chocolate?(risos) Eu digo assim: na hora de se dar chocolate, não se dá tiro; na hora de se dar tiro, não se dá chocolate. Mas eu gosto mais de uma outra: o soldado é um cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência. Só nós que podemos fazer o exercício cívico da violência. Você guardou essa aí?

Guardei. Então, eles não podiam fazer o exercício cívico da violência. Quem não está caracterizado pela tradição milenar, não pode fazer isso. O soldado é o cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência. Nós, quando fazíamos o exercício cívico da violência, estávamos dentro de uma tradição milenar pra salvar o nosso País. E salvamos!

O senhor não acha que, na eleição prevista para 1965, Juscelino Kubitscheck tinha muito mais chances de chegar ao poder do que um comunista?A parte propriamente política eu não tenho muita avaliação. Você sabe que voto é uma coisa inacreditável. O presidente Lula perdeu três eleições e acabou ganhando. Voto é uma coisa muito variável. Mutável. Tenho uma pergunta a mais, já estou te fazendo uma exceção danada de responder a perguntas.

O senhor já está me entrevistando...Estou querendo te ensinar. Você guardou meus argumentos? No livro da Fundação Getúlio Vargas, Os anos de chumbo, sou uma das fontes ouvidas. Na abertura, o que eu digo? Que não gosto de falar desse tema. Não é que eu não me orgulhe. É porque eu acho que não vale mais a pena falar disso, temos que pensar o Brasil pra frente.
Acabar com esses revanchismos pequenos. Sem dimensão. A grande conclusão minha: a anistia é para que o Brasil comece a viver outros tempos.