Rio de Janeiro, 8 de dezembro de 2007.
De olhos atentos
O navio Sir Galahad já se preparava para o desmonte no ferro velho, quando foi salvo pelo operoso governo Lula, que está disposto a recuperar as FFAA brasileiras. "A Marinha comprou do Reino Unido o navio Sir Galahad, que passará a se chamar Garcia d'Ávila. Com 8 mil e 750 toneladas, foi construído nos anos 60 e "deu baixa" em 2003, após missões humanitárias em Angola e Iraque". É o que informa o colunista Cláudio Humberto.
Nessa de olhar com bons olhos as FFAA, o governo Lula, como os antecessores que
se seguiram aos governos militares, tem cuidado com carinho o lado humano da
instituição militar. Desde já se pensa incluir a tropa no programa Bolsa Família. E os comandantes militares, ganhando tanto quanto um major da Polícia Militar de Brasília, receberam uma missão extra para compensar os altos proventos, e apreço dado pelo governo; foram intimados a não mais permitir que as 'vagabundas' das milicas, esposas dos militares, fiquem de arruaças pela Esplanada dos Ministérios, incomodando os senhores meganhas da dita cuja polícia do Planalto.
Este é o resultado da política de boa vizinhança adotada pelas FFAA. Acenam com a concórdia, com a distribuição de condecorações e honrarias para os detentores do poder; e recebem em troca o desprezo e a incompreensão. "Joga pedra na Geni / Joga pedra na Geni / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de cuspir / Ela dá pra qualquer um..." Como dizem os versos de Chico Buarque.
As FFAA tinham status de ministérios, tratando diretamente com o presidente da República os problemas inerentes a cada Força. Hoje essa função passou para um ministério da Defesa, sob o comando de um civil, que desconhece a missão e age como se o soubesse. Distanciados do poder, os comandantes militares foram jogados à escanteio. O máximo que conseguem fazer é se lamuriar pelos cantos, sem autoridade e distantes das decisões. E não se esforçam para atenuar a condição de inferioridade. Apenas se queixam quando são descartados e substituídos de seus cargos. Os exemplos são clássicos. O presidente FHC quando assumiu o segundo mandato, não manteve o Comandante do Exército. Este, sentindo-se rejeitado, deixou o governo falando o que não teve coragem de falar enquanto estava no comando do Exército. No primeiro mandato do presidente Lula tivemos um comandante do Exército que marcou a sua passagem pelo cargo como o mais desastrado dos Comandantes do Exército. Errou quando não assumiu a nota expedida pelo CCOMSEX e foi obrigado a redigir quatro notas, até que satisfez o ministro da Defesa José Viegas. Essa fraqueza lhe valeu boas dores de cabeça, tamanho o número de reguadas levadas no couro cabeludo. E se não bastasse, ainda marcou bobeira num aeroporto, impedindo a partida de uma aeronave que se destinava a Brasília. Resultado: virou saco de pancada de tudo quanto é movimento de esquerda, que aproveitou a ocasião para cair pesado sobre as FFAA, em particular sobre o pouco sensato comandante militar, que hoje responde a processo movido pelo MPF, em conseqüência deste ato intempestivo. E não ficou por aí: o ilustre comandante militar viveu os seus piores dias como comandante do Exército, ao pleitear um reajuste de salário, levando seguidos chás de cadeira no gabinete do Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu.
Se se pensa que os nossos atuais comandantes militares aprenderam com os erros de seus antecessores, engana-se. O atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, encontrando fraqueza nos chefes militares, começou a sua gestão ameaçando não só o comandante do Exército, quanto o Alto Comando do Exército. O comandante do Exército reuniu os oficiais quatro estrelas para protestar, mas o que conseguiu foi publicar uma nota, insossa, devidamente censurada pelo ministro da Defesa, ficando o dito pelo não dito.
Agora se pergunta: temos chefes militares, ou arremedos de oficiais generais?
Afianço que no meu tempo de caserna um oficial, qualquer posto que exercesse, era uma autoridade respeitada. Um comandante militar era visto como liderança, acatado e admirado pelos seus comandados, e conceituado pela sociedade. Hoje serve de chacota, dada as suas atitudes de mediocridade, covardia, frouxidão e pusilanimidade.
Não temos mais chefes militares. O que se vê por aí são arremedos de chefes, ridicularizados e desrespeitados por quantos deveriam cultuar e tê-los como lideranças militares! Esses senhores venderam a sua dignidade por trinta dinheiros e uma boquinha quando passam para a reserva.
O anárquico governo Lula conseguiu o impossível: transformou homens de bem, em ratos de esgoto, em indivíduos medíocres, em vilões sem alma e coração. Um monturo de homens fardados! São esses senhores que estão permitindo o sucateamento do material bélico das FFAA, e transformando a tropa num grupamento de famintos, submissos, que à falta de uma liderança militar, se submetem aos caprichos de seus opressores, e os defendem, deixando sinalizado que num evento em que se tenha que empregar as FFAA para restaurar a dignidade da nação, vai-se encontrar uma cisão interna, pior do que a situação de insubordinação vivida nos anos 60.
Na atualidade, dorme-se com o inimigo ao lado. E que não se pense que 35 não irá se repetir!
José Geraldo Pimentel
CAP QAO (R/1) EB
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