sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A crise da PM/RJ

Sobre essa matéria, gostaria de agregar algumas observações, certamente polêmicas para nosso público específico, mais baseadas em uma reportagem radiofônica da Band com declarações, hoje, do Coronel Paúl que foi firme e muito seguro:
O Beltrane é delegado da Polícia Federal, cujos salários são equiparados aos dos Juízes Federais, portanto os mais elevados do serviço público;
A Polícia Federal, em geral, principalmente os agentes, percebem os mais elevados salários públicos e para isso se valeram de paralisações e "operações padrão" que afetaram diretamente a vida da população, levaram na "marra", arrepiando a hierarquia e a ordem, sem punição ou destituições de quaisquer chefes;
Os policiais militares em que pese à completa e diversificada corrupção, ganham muito pouco para arriscar suas vidas - soldados PM / RJ, cerca de R$ 30,00, por dia - enquanto os da PM / DF recebem R$ 3 600,00 por mês;
Policiais civis realizam paralisações, armados, em horário de expediente, pedem esmolas, com narizes de palhaço, conseguem aumentos e ganham bem mais;
Os Coronéis assumiram responsabilidade e por isso se solidarizaram com o comandante demitido e não estão preocupados com a perda de função;
A hierarquia e a ordem, sejam na administração pública, sejam na iniciativa privada, são obrigações institucionais e naturais de cidadania, não são específicas do "militar", e a todo o momento não são respeitadas (MST, mensalão, cartões funcionais...).
A demanda principal, portanto é salarial, onde se busca salários dignos e em sintonia com demais salários pagos pelo erário; um dos argumentos: como pode um delegado, advogado recém formado, que exerce o cargo depois de um concurso público, ganhar mais do que um Coronel PM?

Houve inclusive promessa anterior de engajamento do secretário de segurança e do próprio governador para um acerto salarial compatível, prometeram portando.

Pois bem, os Coronéis lideraram a reivindicação, assumiram responsabilidades com os subordinados e comandante geral e, ainda, estão agindo como chefes. Isso trará problemas também para administração e governabilidade estadual e tem que ser assim - porque a lógica do político é diferente da lógica das pessoas de bem e das instituições, principalmente as sérias, os políticos só cumprem com seus compromissos se visualizarem desgastes e perdas, caso contrário a tratativa é "cretina", fazendo as pessoas de idiotas, postergando atendimento às justas demandas: atualmente, "ganha quem grita mais e pode mais".

É isso exatamente o que está acontecendo nas FFAA, só que por aqui, no RIO, os Coronéis PM, assumindo sacrifícios funcionais e pessoais, elegeram a causa maior de defesa dos interesses da Instituição, através da obtenção de melhores condições de trabalho a par de remunerações compatíveis e dignas!!

Os Coronéis da PM / RJ, a meu ver, nesse caso específico, adotaram uma postura coerente e corajosa, no mínimo deram um basta ao desdenho, descaso e ao ostensivo desprezo dos burocratas e do Governador. Tomara que dê muita "merda" e, quem sabe, motivação para outras tribos também menosprezadas.

Coronel do Exército assumindo comando de batalhões da PM? Dentre outros absurdos dessa hipótese, bobeia acabam aderindo, mo mínimo, por problemas análogos...




30/1/2008 02:00:00

Insubordinação de oficiais derruba o comando da PM

Beltrame exonera comandante-geral, dá posse a oficial 'barbono' e pune policiais da passeata. 21 coronéis ameaçam entregar cargos e deixar 17 batalhões sem comando. Exército pode ser chamado


Rio - A maior crise na área de Segurança Pública do governo Sérgio Cabral teve seu ápice ontem, com a exoneração do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan de Oliveira Angelo. A gota d'água para a exoneração de Ubiratan foi a decisão sobre o destino do coronel Paulo Ricardo Paúl, que liderou passeata por aumento de salários no último domingo. Na sexta-feira, em vez de ser exonerado, Paúl foi transferido da Corregedoria Interna para a Diretoria Geral de Ensino e Instrução. O novo comandante-geral é o coronel Gilson Pitta Lopes, chefe do Serviço Reservado e da Inteligência da corporação. O chefe do Comando de Policiamento da Capital, coronel Antônio Carlos Suarez David, foi para o segundo posto na PM, o de chefe do Estado-Maior.

A queda de Ubiratan, depois de 392 dias no cargo, deflagrou novo embate entre oficiais da PM e o Palácio Guanabara: no fim da noite, 41 comandantes, diretores e chefes de seção — 21 deles, coronéis — anunciaram que hoje, às 9h, no Quartel General da corporação, vão colocar cargos à disposição de Cabral, deixando 17 batalhões e unidades especiais sem comando. O governo cogita chamar coronéis do Exército para ocupar os postos dos demissionários.
O anúncio da exoneração e do nome do novo comandante foi às 17h30, em entrevista coletiva do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que criticou a postura de Ubiratan em relação às manifestações de oficiais. "O coronel deveria ter assumido a sua posição, tomado as rédeas do processo", afirmou. Beltrame fez questão de ressaltar que policiais cometeram crime militar ao participar de manifestação. "Não vamos aceitar insubordinação", avisou. Ele determinou abertura de Inquérito Policial Militar para punir os integrantes da passeata de domingo. "Não vamos admitir que façam reivindicações fora do tom, usando sites e blogs. Oito oficiais serão exonerados", atacou, numa referência clara ao blog do ex-corregedor, Paúl.
BARBONOS
Pitta é fundador e signatário do Manifesto dos Barbonos — grupo de coronéis da ativa que brigava por melhores salários — e aliado de Ubiratan, chamado por ele de "chefe". A passeata que levou à exoneração de Ubiratan foi uma iniciativa dos coronéis barbonos. Eles acusam Pitta de traição, já que o Serviço Reservado — comandado por ele — filmou a passeata. Um DVD com cenas e legendas com nomes de pessoas foi entregue à Inteligência do Palácio Guanabara na noite de segunda-feira. O DVD foi produzido pela equipe de Pitta. No anúncio do novo comandante-geral, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que o oficial já "renegou a participação no movimento". Pitta, no entanto, admitiu ter participado, mas ressaltando que "o grupo tomou outro rumo", o que provocou sua mudança de posição.
O governador Sérgio Cabral evitou qualquer contato com a imprensa. Ele não compareceu ao primeiro evento de sua agenda pública, a inauguração da nova cabine da PM, na Linha Vermelha — onde estava Ubiratan Angelo.
Reportagens de Adriana Cruz, Alfredo Junqueira, Christina Nascimento, Gustavo de Almeida, João Antônio Barros, Marco Antonio Canosa, Maria Inez Magalhães, Maria Mazzei, Paula Sarapu e Vania Cunha

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