quinta-feira, 19 de março de 2009

Há lições difíceis de aprender

Há lições que são difíceis de aprender
Ternuma Regional Brasília
Gen Bda Paulo Chagas
Caros amigos
Por ocasião do lançamento do intempestivo livro “Direito à Memória e à Verdade”, relato de uma versão facciosa de fatos que ainda estão efervescentes na memória e no julgamento da sociedade, lhes escrevi um texto que chamei de “Uma lição para todos”.
Naquela oportunidade, reagindo ao julgamento antecipado da história, o Alto Comando do Exército, em nota oficial, manifestou com precisão e elegância seu repúdio à atitude demagógica do governo, comprometido com a falsidade e com a desinformação.
No mesmo evento, o Sr Ministro Nelson Jobim, recentemente empossado no cargo, manifestou sua completa ignorância a respeito dos princípios milenares que orientam a prática da liderança militar e revelou, mais uma vez, as principais características de sua personalidade: a arrogância e a vaidade, imaginando que o volume do porte e a impostação da voz pudessem ser substitutos para predicados que ainda não praticara.
Disse e repito: “O desconhecimento da ética profissional militar, por parte do Sr Ministro Nelson Jobim, levou-o a imaginar que aos soldados cabe suportar até a afronta de seus superiores hierárquicos. Ao contrário do que ele possa pensar, erra quem afronta e muito mais quem a suporta ‘acordeiradamente’”.
Agora, passados os muitos meses de sua administração à frente da Pasta da Defesa, tendo convivido intensamente com marinheiros, soldados e aviadores, o Sr Ministro nos deixa em dúvida quanto ao que possa ter aprendido ou entendido a respeito da qualidade que define o líder que ele gostaria de ser: a humildade.
Uma simples e rápida leitura de sua recente entrevista ao JB mostra com clareza sua dificuldade para aprender o que deve para superar os imperativos dos vícios que adornam sua personalidade. O que é, sem dúvida, lamentável!
Tenho relatos precisos de que Sua Excelência reconhece o valor e que até se esforçou para copiar o comportamento dos soldados. Imaginou que se vestindo como um deles lhe seria mais fácil entender, apreciar e absorver sua cultura. Ledo engano! A cultura militar não se aprende por retórica ou simples observação, mas por vocação, honestidade de sentimento e pureza de coração.
Da entrevista, pode-se concluir que o Sr Ministro ainda não entendeu que Defesa é um problema de Estado e não de governo. Confunde o afastamento progressivo dos militares das decisões políticas com seu completo alijamento do processo decisório, o que é um absurdo, já que, como especialistas da Defesa, os militares têm obrigação constitucional de marcar posições em todos os assuntos que lhes são afetos, mesmo que estas não sejam, necessariamente as do governo!
Parece-me que confunde o Sr Ministro “não ter poder de veto sobre decisões políticas” com estar alheio ao processo que conduz à tomada das decisões. Parece não entender que os militares são um segmento importante da sociedade, com destinação constitucional, sendo, portanto, parte a ser ouvida e considerada no processo político, sempre que este interferir em seu compromisso com a Nação.
Revela o Sr Ministro que, juntamente com toda classe política, até bem pouco tempo confundia Defesa da Pátria com perseguição política e repressão, só agora, depois de Ministro, é que descobriu que o poder civil tem responsabilidades nesta área e, de uma hora para outra, como em um toque de mágica, passou a achar que os civis estão mais preparados que os militares para pensar a Defesa!
Imagina o Sr Ministro que o processo de consolidação da transição democrática implica em redução da autonomia militar. Outro equivoco! Os militares sempre estiveram subordinados à constituição, exercendo o papel que lhes cabia na conjuntura vigente, nunca tiveram autonomia além do direito, limite somente ultrapassado para atender ao clamor popular, em defesa da liberdade, pressuposto básico de vida e convivência da Nação brasileira!
Diz o Sr Ministro na entrevista que passou a fazer alguns gestos para deixar claro que os civis, aqueles que nunca se interessaram pela defesa, começavam a ocupar espaços que eles, militares, não tinham ocupado. Devo dizer que os gestos do Sr Ministro revelam apenas a incoerência e a arrogância que se julgava sepultada em seu arquivo do arrependimento! Como pode um seguimento ostensivamente alheio aos problemas da defesa da Pátria, de repente estar identificando e ocupando espaços vazios? Com que competência?
Revela, ainda, o Sr Ministro que a classe política não acessava o problema da defesa porque a ela faltava “dinheiro”. Aí há uma confissão importante que se identifica com o perfil do político brasileiro: se não havia dinheiro não havia o que “administrar”! Ao mesmo tempo é mais uma revelação incoerente em face das declarações anteriores, pois, se os militares tinham autonomia excessiva, interferência no processo decisório, veto e tanto excesso de poder a ser retirado, então por que não havia dinheiro? Por que não se davam ou exigiam dinheiro? É bem provável que o Sr Ministro, tanto quanto eu, esteja a condenar e lamentar o longo período de vigência da estratégia do “Grande Mudo”.
Mais adiante, referindo-se à aquisição de equipamento militar, o Sr Ministro nos diz que o que deve ser comprado não é o que querem os militares, mas o que é entendido como necessário pelo poder civil! O mesmo poder que há pouco não tinha interesse por assuntos de defesa! Só mesmo alguém com muito desprezo pelos militares poderia pensar tamanha estultícia! Seria este o verdadeiro pensamento do Sr Ministro, ou foi traído pela grandiloqüência?
Depõe contra a sua sensibilidade e inteligência a manifestação de felicidade por livrar-se de Generais que, no exercício de seus direitos, colocaram restrições às suas idéias e atitudes. Desconhece, ainda, a índole dos soldados e recebeu justa, contundente e merecida resposta!
Demonstra o Sr Ministro conhecer o prestígio conquistado pelos militares junto à sociedade a que servem, mas não deixa claro se sabe que este é um privilégio conquistado pelas Forças e não por seu Ministério. Seria distração, vaidade, presunção ou a velha arrogância recidiva?
Se, na oportunidade da fanfarronada do lançamento do livro falacioso, o Sr Ministro pôde apreciar a verdadeira dimensão de seu poder e aprender que a liderança militar é algo consentido e não imposto, neste episódio, por outro lado, demonstra, basicamente, dubiedade e incoerência.
Continua a valer, no entanto, a afirmação de que a sociedade sabe que pode confiar no bom senso e nas atitudes dos homens a quem confia o último recurso da razão e o Governo, por sua vez, continua sabendo que o Exército é “disciplinado, mas não está morto”.

2 comentários:

  1. Leiam "A Farsa Ianomami" em http://democraciaoumorte.blogspot.com/2009/03/farsa-ianomami.html e vão ver que esse processo não tem mais fim.

    Vão inviabilizar a agricultura no Brasil.

    ACORDEM MILITARES!!

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  2. Cadê o Exército brasileiro ???
    Caxias, deve ter até se virado no túmulo, só de pensar que brigou por muito menos!!

    ESTAMOS SENDO SAQUEADOS À LUZ DO DIA!!

    PELO AMOR DE DEUS, ONDE ME ALISTO?

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