sábado, 29 de agosto de 2009
O CASEIRO E O POLÍTICO
O CASEIRO E O POLÍTICO
Era um “garoto” que amava os Beatles e os Rolling Stones.
O Francenildo, como o garoto, acreditava na vida, na verdade, nos deveres dos cidadãos e nos políticos.
Francenildo era um humilde caseiro, não tinha maldade, confiava nas pessoas e era cheio de boas intenções. Tinha fé na justiça, aprendera que havia o bem e o mal, e pensava que sabia qual era a diferença entre o certo e o errado.
Um dia viu, e noutros, também, um conhecido político, à época Ministro da Republica, numa certa casa, onde reuniam - se mafiosos e outros celerados, além de moças de fino trato.
Estranhou o entra – e - sai, e para a sua desgraça, contou o que vira.
Foi um dia funesto para o Francenildo. Desde então, para ele, a terra tremeu, um buraco negro se abriu, e de roldão afundou direto na fornalha que aquece as chamas do inferno.
Desmoralizá - lo foi a palavra de ordem.
Reviraram a sua vida, a sua intimidade, a sua alma, e até a sua conta bancária.
Desiludido, fugiu.
Nós, diligentemente, aprendemos com o Francenildo, o “abelhudo”, que “nem tudo é o que parece”.
O que o ingênuo Francenildo não sabia, era que naquele solar, reuniam - se inocentes membros de uma confraria beneficente, indivíduos acima de qualquer suspeita, uns tantos “aloprados” que buscavam, no recesso da mansão, um pouco de sossego, sob os acordes de plangentes harpas e amenas tertúlias.
Usufruíam os inocentes de uma paz que somente um mísero detrator, como o Francenildo, poderia macular. Além disso, com a moderna evolução da Genética, o político que ele pensou ter visto, nada mais era do que um clone, ou na pior das hipóteses, um sósia.
Seu testemunho foi desmoralizado, seu sigilo bancário violado, seu emprego foi para o espaço, e não adianta procurar pelo responsável. Ele não existe.
Assim, engolfado no turbilhão da politicagem, Francenildo tornou - se “o mentiroso”, o verdugo de um ilibado parlamentar. Sem razão plausível, Francenildo buscara difamar um probo. E a troco de que? Fama? Poder? Glória? Dinheiro?
É inútil alegar que foi apenas para cumprir o dever de dizer apenas a verdade. Os juízes não acreditaram. Ora, quem no Brasil de hoje é capaz de dizer a verdade?
Algo de podre existia por detrás daquela ingenuidade.
Segundo as brilhantes conclusões e sublinhando pertinentes dúvidas dos ilibados juízes, como se esperava, o político escapou ileso, ou melhor, engrandecido. O Francenildo, por sua vez, acabrunhado, tem mais é que agradecer a magnanimidade dos magistrados que não o prenderam.
Graças ao Francenildo, devemos colher alguns ensinamentos, dos quais já adivinhávamos: não olhe, não escute e, principalmente, não fale.
Por isso, quando você ver algo estranho, por mais suspeito que possa parecer, uma propina, um assalto, uma mentira, um golpe, um ato desonesto, não vos cabe reclamar, o bom senso determina que você feche os seus olhos, ou que olhe para os lados, que disfarce, assobie, mas que não comente, morra de vergonha, engula em seco e desista, pois você não é a palmatória do mundo, e cale - se para sempre.
Estes são os novos tempos. Os fins justificam os meios.
Se não atender aos nossos conselhos, você poderá entrar numa roubada como o Francenildo.
Resumo da ópera: o “inocente garoto” morreu crivado de balas no Vietnã; o Francenildo aprendeu na pele como é duro ser correto, ou que entestar um político do PT é meter - se em tremenda fria.
Brasília, DF, 29 de agosto de 2009
Gen. Bda Refo Valmir Fonseca Azevedo Pereira
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