O TENENTE
Lamentável, triste e deprimente são algumas das palavras que nos ocorrem para traduzir os sentimentos que perpassam o coração de um amargurado militar, ao testemunhar constrangido, um jovem Oficial debulhado em lágrimas, alegando “que apenas queria dar um susto” nos três rapazes que prendera no morro da Providência.
Eu acredito. Não o justifico.
Lançado às feras, destroçado pela mídia, argüido por espertos advogados, o jovem militar desabou.
Inditoso jovem que precipitou para si, e para a sua Instituição, uma onda de indignação. Seu gesto irrefletido abriu mais uma das comportas de uma agressiva, contumaz e velhaca vendeta.
Desafortunado jovem oficial. Coitados, dirão outros, foram os três assassinados. Concordamos.
Contudo, não foi a mão do Oficial que perpetrou a barbárie. Nem poderia o inexperiente jovem, imaginar o terrível desfecho de sua malfadada decisão.
Nós, calejados militares, podemos avaliar como é fácil, no início da carreira, na empolgação da juventude, eventualmente, ensejarmos espaço para a tomada de uma escolha incorreta.
Todavia, não podemos aceitar que os anos passados na velha Academia, templo aureolado de bons exemplos, que após vivenciar as dificuldades do cotidiano acadêmico, de ultrapassar com dedicação os incansáveis dias e noites de conscientes estudos, de vencer com galhardia o desafio do adestramento militar, o Tenente não tenha tornado como seus os paradigmas que devem ornar um Oficial do Exército Brasileiro, e estejamos diante de um velhaco.
Pobre jovem que esqueceu, por um momento, num canto escuro de sua mente, de padrões comezinhos, mas básicos ao profissional militar.
Inexperto jovem, que não incorporou no seu âmago, que cabe ao militar preservar a grandeza e o espírito da profissão, sem extrapolar, sem exorbitar do exercício do mando, ou seja, comandar com responsabilidade, com justiça, com conhecimento, e com ética.
Meu imaturo Tenente, você pagará caro, muito caro, o fato de olvidar que a diferença entre a Carreira Militar e as demais reside no nível de compromisso entre ela e o próprio indivíduo, e dele consigo.
Infelizmente, os Valores, Deveres e Ética Militar que se cruzam e se somam, solidificando consciente e inconscientemente o militar que faz de sua profissão mais do que um ofício, uma profissão de fé, foram esquecidos ou desprezados.
O nosso Tenente, lamentavelmente, por um momento, afastou - se do rumo da retidão de caráter e da lhaneza. Desavisado, abandonou o raciocínio ético, que além de compor - se nas tradições castrenses, insere – se no processo decisório.
Desatento, agiu na contramão da Ética Militar, cuja essência estimula o profissional militar a agir de acordo com o sentimento do dever, a dignidade militar, o pundonor militar e o decoro.
Esqueceu – se de que a carreira militar se revela, à vista disso, ética, por essência e excelência. E que a profissão militar possui sua escala de Valores ou axiologia específica, traduzida por uma gama de Virtudes Militares.
É deplorável constatar, que ao decidir por entregar os três jovens, o Tenente, simplesmente, distorceu Valores e violentou Virtudes.
Oxalá, mesmo em momento tão insólito e, apesar dos pesares, esperamos que o Exército de Caxias, não o desampare, concedendo – lhe apoio jurídico, psicológico e moral.
Que pague o justo ônus do erro e, NADA além disso.
Por derradeiro e oportuno, transcrevemos um trecho de nosso trabalho inédito “A importância atual dos Valores Militares no aprimoramento das Virtudes Militares”
- “Não obstante, a percepção de que o Exército Brasileiro procura reforçar, continuamente suas estruturas morais, preservando seus referenciais fundamentais, incentivando aos militares para que pautem seu comportamento segundo os valores militares, conscientes que sua eficácia, eficiência e incluso sua sobrevivência decorrem do fervoroso culto àqueles valores, por oportuno, é provável que medidas de alcance, com profundidade e intensidade maiores do que as postas em prática atualmente devam ser implementadas.
Com isso, devem ser analisadas as evoluções dos valores militares e dos fatores motivadores e de satisfação da profissão militar, tanto para os profissionais, como para os que prestam o Serviço Militar Obrigatório. Por isso, e, concomitantemente, cabe averiguar a importância concedida pela Instituição aos assuntos pertinentes a área afetiva ao longo dos últimos anos e, se for o caso, desenvolve – las segundo novas abordagens, aumentar sua dosagem, e proceder às alterações que se façam necessárias”.
Brasília, DF, 05 de julho de 2008
Gen. Bda RI Valmir Fonseca AZEVEDO Pereira
Lamentável, triste e deprimente são algumas das palavras que nos ocorrem para traduzir os sentimentos que perpassam o coração de um amargurado militar, ao testemunhar constrangido, um jovem Oficial debulhado em lágrimas, alegando “que apenas queria dar um susto” nos três rapazes que prendera no morro da Providência.
Eu acredito. Não o justifico.
Lançado às feras, destroçado pela mídia, argüido por espertos advogados, o jovem militar desabou.
Inditoso jovem que precipitou para si, e para a sua Instituição, uma onda de indignação. Seu gesto irrefletido abriu mais uma das comportas de uma agressiva, contumaz e velhaca vendeta.
Desafortunado jovem oficial. Coitados, dirão outros, foram os três assassinados. Concordamos.
Contudo, não foi a mão do Oficial que perpetrou a barbárie. Nem poderia o inexperiente jovem, imaginar o terrível desfecho de sua malfadada decisão.
Nós, calejados militares, podemos avaliar como é fácil, no início da carreira, na empolgação da juventude, eventualmente, ensejarmos espaço para a tomada de uma escolha incorreta.
Todavia, não podemos aceitar que os anos passados na velha Academia, templo aureolado de bons exemplos, que após vivenciar as dificuldades do cotidiano acadêmico, de ultrapassar com dedicação os incansáveis dias e noites de conscientes estudos, de vencer com galhardia o desafio do adestramento militar, o Tenente não tenha tornado como seus os paradigmas que devem ornar um Oficial do Exército Brasileiro, e estejamos diante de um velhaco.
Pobre jovem que esqueceu, por um momento, num canto escuro de sua mente, de padrões comezinhos, mas básicos ao profissional militar.
Inexperto jovem, que não incorporou no seu âmago, que cabe ao militar preservar a grandeza e o espírito da profissão, sem extrapolar, sem exorbitar do exercício do mando, ou seja, comandar com responsabilidade, com justiça, com conhecimento, e com ética.
Meu imaturo Tenente, você pagará caro, muito caro, o fato de olvidar que a diferença entre a Carreira Militar e as demais reside no nível de compromisso entre ela e o próprio indivíduo, e dele consigo.
Infelizmente, os Valores, Deveres e Ética Militar que se cruzam e se somam, solidificando consciente e inconscientemente o militar que faz de sua profissão mais do que um ofício, uma profissão de fé, foram esquecidos ou desprezados.
O nosso Tenente, lamentavelmente, por um momento, afastou - se do rumo da retidão de caráter e da lhaneza. Desavisado, abandonou o raciocínio ético, que além de compor - se nas tradições castrenses, insere – se no processo decisório.
Desatento, agiu na contramão da Ética Militar, cuja essência estimula o profissional militar a agir de acordo com o sentimento do dever, a dignidade militar, o pundonor militar e o decoro.
Esqueceu – se de que a carreira militar se revela, à vista disso, ética, por essência e excelência. E que a profissão militar possui sua escala de Valores ou axiologia específica, traduzida por uma gama de Virtudes Militares.
É deplorável constatar, que ao decidir por entregar os três jovens, o Tenente, simplesmente, distorceu Valores e violentou Virtudes.
Oxalá, mesmo em momento tão insólito e, apesar dos pesares, esperamos que o Exército de Caxias, não o desampare, concedendo – lhe apoio jurídico, psicológico e moral.
Que pague o justo ônus do erro e, NADA além disso.
Por derradeiro e oportuno, transcrevemos um trecho de nosso trabalho inédito “A importância atual dos Valores Militares no aprimoramento das Virtudes Militares”
- “Não obstante, a percepção de que o Exército Brasileiro procura reforçar, continuamente suas estruturas morais, preservando seus referenciais fundamentais, incentivando aos militares para que pautem seu comportamento segundo os valores militares, conscientes que sua eficácia, eficiência e incluso sua sobrevivência decorrem do fervoroso culto àqueles valores, por oportuno, é provável que medidas de alcance, com profundidade e intensidade maiores do que as postas em prática atualmente devam ser implementadas.
Com isso, devem ser analisadas as evoluções dos valores militares e dos fatores motivadores e de satisfação da profissão militar, tanto para os profissionais, como para os que prestam o Serviço Militar Obrigatório. Por isso, e, concomitantemente, cabe averiguar a importância concedida pela Instituição aos assuntos pertinentes a área afetiva ao longo dos últimos anos e, se for o caso, desenvolve – las segundo novas abordagens, aumentar sua dosagem, e proceder às alterações que se façam necessárias”.
Brasília, DF, 05 de julho de 2008
Gen. Bda RI Valmir Fonseca AZEVEDO Pereira
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