sábado, 14 de novembro de 2009
A LAVAGEM
A LAVAGEM
Jacornélio M. Gonzaga (*)
Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito. (Paul Goebbels, ministro da propaganda nazista de Adolf Hitler).
Conversava eu, outro dia, com alguns militares (da reserva é claro) que relembravam o seu tempo acadêmico. O papo, hoje engraçado, era sobre um exercício de “Fuga e Evasão”, no qual os cadetes vivenciavam o dia-a-dia de um campo de concentração – O CAMPO DE REFORMA DO PENSAMENTO NOVA AURORA Nº 92 – mantido por um país fictício, a ESBOSLÁVIA DO NORTE.
O tal exercício, que se ocorresse nos dias de hoje, como exercício, não resistiria à sanha de todas as instâncias dos propalados defensores dos direitos humanos; seria objeto de uma grande investigação do MP; e, haveria um sensacional julgamento e justiçamento (matéria para dez dias) por parte daquela imprensa nacional, comprometida com a “verdade”, sobre qualquer fato que se possa arranjar para macular a imagem das Forças Armadas.
Entretanto, nunca antes neste país se praticou tanto o exercício diário das técnicas de lavagem cerebral, aprendidas nos campos de concentração nazistas ou de reeducação soviéticos. Todas aplaudidas pela caterva que detém o poder da Nação.
Ouvindo aquelas hilariantes histórias, comecei a comparar os fictícios ensinamentos de exercício que aqueles senhores receberam no NOVA AURORA 92, na situação de “prisioneiros de guerra” (PG), com o que ocorre hoje no Brasil:
- Dom Jose Pero Viegas de las Luces era o governante máximo da ESBOSLÁVIA DO NORTE. Eleito e sempre reeleito pela esmagadora maioria dos eleitores esboslavianos;
- Dom Jose vinha de família humilde e tinha ascendido ao poder por meio do trabalho (aí a gente força uma barra para comparar com Luis Inácio);
- Dom Jose estava acima do partido, sendo que a doutrina de governo era a “Lucerista”, ou seja, o lulismo da Esboslávia do Norte;
- Viegas de las Luces era amado, enaltecido e babado (não confundir com bêbado). Pelo que era passado aos PG, possivelmente recebia um tratamento tão carinhoso e respeitoso quanto aquele dado por Celso Amorim, chanceler do PT, ao se dirigir a Inácio da Silva: - Meu líder!!!
- os captores tentavam convencer aos PG que a ocupação de todos os cargos públicos seu país, pelos quadros luceristas, era benéfica e os encorajavam a abraçar a causa da Esboslávia do Norte. A propaganda era diuturna: COLABOREM!
- o trato com o poder Legislativo esboslaviano era o mais transparente possível. No Congresso Nacional da Esboslávia, a supremacia Lucerista não era imposta. Tratava-se, na verdade, da crença no acerto da imensa base aliada e de uma conscientização da oposição de que o melhor era votar sempre com o governo;
- a propaganda oficial mostrava que, Dom Jose era mundialmente conhecido e, tranquilamente, era o líder terráqueo de maior carisma, sua popularidade atravessava qualquer cortina de ferro e ultrapassava a de qualquer líder religioso;
- Dom Jose era magnânimo, perdoava a todos que erravam, desde que fossem seus amigos e que a “finalidade” do deslize fosse o engrandecimento do ParTido;
- na pregação diária, era repassado aos PG que o líder máximo da Esboslávia do Norte, cognominado de “o apaziguador”, era o caminho da nação. Sem a sua liderança, o país estaria mergulhado no caos. Dom Jose, o apaziguador, era, seguramente, o único ser vivo capaz de manter em “banho-maria” todos os contenciosos advindos dos movimentos sociais, portanto, a despeito de tudo, só eLLe tinha a capacidade de continuar à frente do governo;
- os jornais esboslavianos, principalmente “O GLEBA”, só falavam bem de Dom Jose. Os captores explicavam que alguns órgãos da mídia, por não serem aquinhoados com a propaganda oficial, por puro despeito, ou mesmo por estarem a serviço do capitalismo, falavam algumas mentirinhas sobre o líder maior e seus “cumpanheiros” de governo. Nas primeiras páginas dos periódicos, as notícias nacionais eram ornadas por grandes títulos e lindas fotos de Dom Jose, trabalho muito bem conduzido por sua assessoria de imprensa.
Ao término daquele descontraído bate-papo, fiquei numa dúvida tremenda, indagando sobre coisas do tipo: até onde vai e pode ser medida a popularidade do Lula? E se a repaginação da Dilma não der certo? A existência do Pré-sal vai nos livrar de um possível caos econômico? Por que o “mensalão” perdeu sua importância? Para que estudar se Luís Inácio é Doutor “Honoris Causa”?
Perguntei-me por muitas outras coisas mais, inclusive, minha grande dúvida: será que o Noço Guia está nos levando para uma NOVA AURORA?
Procurando as resposta, achei o site da “Assembleia Popular Revolucionária, da Venezuela”, onde são repassados de uma forma mui subliminar alguns ensinamentos sobre como funciona a tal lavagem. É só adaptar...
Caos Social e Político: os jornais enchem a primeira página, o rádio e a televisão enchem os noticiários, programas de opinião e de programação com violência, crise permanente, morte, previsões catastróficas e acontecimentos sobrenaturais.
A propaganda subliminar: os ataques indiretos empregam a justaposição ou relação de fotos com títulos de outro artigo, a propaganda subliminar ou a associação de palavras. A insinuação ilustrada é mais eficaz que o ataque direto aos líderes, já que a população pode reagir adversamente e rejeitar este último modo de ação. A propaganda é apresentada como notícia para que as campanhas psicológicas tenham maior êxito. A primeira página parece um cartaz ou um panfleto de guerra psicológica, precisamente porque é uma arma de guerra psicológica.
A desinformação: é um tipo especial de propaganda "negra", geralmente apoiada em documentos apócrifos ou falsificados, adulterados ou atribuídos indevidamente. Depois de estudar o cimento que mantém unida a sociedade, o seu conhecimento é usado para desuni-la. Recomenda-se: "estimular divergências entre militares e políticos; minar a confiança nos dirigentes; espicaçar as diferenças de elementos religiosos, étnicos, políticos e econômicos entre si e contra o governo; fortalecer os líderes amigos e debilitar os inimigos".
Fabricação de notícias, relação enganosa de enquadramentos, artigos e fotos, correlação de editoriais noticiosos e avisos (ou propaganda) políticos de acordo com o guia de orientação política.
Símbolos manipulados são os que suscitam ou provocam fortes associações emocionais no público que se pretende atingir. Com a simples justaposição ou relação de fotos e títulos, os OPOSITORES são associados com violência, morte, corrupção, doenças, pragas, desemprego, caos político, caos econômico, corrupção, violações, tragédias, enfermidades, etc. Esta técnica também é conhecida como bomba psicológica, pela sua capacidade de gerar maremotos e terremotos políticos.
Regra do exagero e da simplificação: a escolha de notícias que interessam e a sua desfiguração é muito comum na rádio, na televisão e nos jornais ao serviço do Governo.
Regra de orquestração das ideias fundamentais: no fundo trata-se de uma técnica de repetição, já que se insiste sobre um tema fundamental tanto na rádio, como nos jornais e na televisão. As variações recaem sobre diferentes aspectos do mesmo tema. Adapta-se a mensagem central em conformidade com os diferentes públicos.
Regra de transfusão: baseia-se no princípio de que é mais fácil reforçar uma ideia do que mudá-la. Para tanto recorre-se a motivações e formas de atuar, que se encontram no substrato mais ou menos inconsciente da população. A repetição sistemática e persistente de umas poucas questões e idéias é muito eficaz quando se trata de provocar desejos ou reforçar comportamentos.
As insinuações, as implicações e as formas indiretas que penetram sub-repticiamente e afetam o inconsciente são as mais utilizadas pelos jornais, rádio e televisão.
As propostas são sempre simplificadas para que possam ser absorvidas rapidamente e sem necessidade de uma reelaboração.
Os incitamentos fundamentais apontam para desejos emocionais, mediante promessas e sua correspondente satisfação.
Todo esse conjunto de técnicas aplicadas pelos meios de comunicação anti-social e terrorista está orientado para a persuasão, a sugestão, o ódio racial e de classe, para a redução das faculdades racionais e a diminuição do controle emocional e cerebral.
AÍ VEIO O APAGÃO
- “Nunca mais teremos apagões no País” (Dilma)
- “O apagão foi um micro-incidente” (Comissário T Genro)
- “Isso (apagão) acontece em todo mundo. Nosso sistema é melhor que o americano” – Lobão (não é o roqueiro)
PRECISA COMENTAR MAIS ALGUMA COISA?
Pronto, com o IPI zero nos itens da “linha branca”, a lavagem ficou muito mais fácil de ser executada. Basta colocar os (as) trouxas dentro da máquina e bater, bater, bater, bater, bater ..... Aliás, como estou apanhando!
Lavado e cansado de tanto apanhar, li uma entrevista que Robert Aumann, Prêmio Nobel de Economia,em 2005. Interessantíssima as idéias sobre concessão, expostas pelo judeu ortodoxo de 79 anos, mas não apresentou nada de novo para mim, pois o que ele disse, minha mãe sempre me ensinou: “Quem muito se abaixa, o rabo aparece”.
(*) Jacornélio é tintureiro, operador psiquiátrico, quase foi prisioneiro de guerra da RDA (República Democrática do Araguaia) e é, ainda, Diretor-Geral do Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL).
Revisão: Paul Word Spin Houaiss
Brasília, 28 de setembro de 2009.
e-mail: jacornelio@bol.com.br e jacorneliomg@gmail.com
EM TEMPO: do correspondente em ITABERA / SP
Um transtorno nacional e falta de energia em 18 estados da União. Este foi o quadro vivenciado na noite de terça-feira, dia 10 de novembro. De acordo com testemunhas, duas renas, condutoras do trenó de Papai Noel, provavelmente bêbadas após um pit stop no Planalto, saíram da formação, aumentaram a velocidade e bateram na linha de transmissão de Itaipu, na altura da cidade de Itaberá/SP.
Papai Noel, que fazia um voo de treinamento para o Natal, realizando o reconhecimento do local da residência de novos beneficiários do bolsa-família, caiu do trenó e bateu em uma grade de proteção de uma das torres, antes do tombo no fofo costado de uma vaca que pastava no local.
O trenó desgovernado continuou conduzido pelas renas, que diminuíram a altura, mas não a velocidade. Chegando ao centro da cidade de São Paulo, na Rua Augusta, o trenó desgovernado subiu no passeio e teve a frente quase toda destruída com o impacto em uma placa de localização.
Durante o atendimento do serviço de emergência, Papai Noel estava consciente e teve o pé enfaixado. O fornecimento de energia ficou complicado no momento do acidente, mas logo, depois de sete horas, foi normalizado e o governo espera que em 24 horas consiga arrumar uma desculpa convincente para a atitude das renas.
Papai Noel adiantou à nossa reportagem que o acidente não prejudicará a distribuição dos presentes de Natal.
O PLANO CONTRA A PÁTRIA
‘O Plano Contra a Pátria’
Ruy Barbosa
Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 15 de Novembro de 2009
"Seu artigo de hoje, ‘Plano contra a Pátria’, fez a República, e me convenceu da necessidade imediata da revolução”. (Benjamin Constant)
O Artigo de Rui Barbosa, um dos articuladores da Revolução Republicana, é de uma atualidade impressionante e, seria, adaptando-se determinados vocábulos e circunstâncias, perfeitamente adequado ao momento político atual.
“Já ninguém se ilude quanto aos desígnios da empreitada, a cuja execução estamos assistindo. Os atos sucessivos do Ministério da Guerra e do Ministério da Justiça, providencialmente reunidos nas mesmas mãos, em relação ao exército e à guarda nacional não deixam dúvida nenhuma sobre o projeto subterrâneo, que o gabinete acaricia, e cujo desenlace se aproxima rapidamente. A cada canto, no seio de todas as classes, nos círculos de todas as ordens de idéias e interesses, não há quem não reconheça, quem não aponte, quem não discuta a longa trama tortuosa, que se vai desdobrando para um fim evidente; e é mister que a imprensa não abafe o eco do sentimento geral, da apreensão geral, da geral antipatia, com que os espíritos mais diversos nas conveniências, nos princípios, nas aspirações se ajustam na reprovação desse enredo e na previsão, mais ou menos clara, das suas conseqüências funestas.
Uma prevenção malévola incha de maquinações temerárias o ânimo do governo contra o exército e a armada. Quanto mais a população se aproxima dessas classes, quanto mais com elas simpatiza, quanto mais estreita afinidade se estabelece entre a vida civil e a vida militar, quanto mais a força armada se retempera nas fontes vivas da evolução nacional, tanto mais profunda se acentua, nas influências que hoje dominam e absorvem a coroa, a desconfiança contra esse elemento de paz, de segurança, de liberdade. Enquanto, noutros países, a realeza se compraz, se expande e se revê no desenvolvimento dos exércitos de mar e terra, buscando fazer deles um laço de união indissolúvel entre a monarquia e a nacionalidade, aqui, nestes últimos tempos, à medida que a obscuridade eterna vai descendo sobre o espírito do Imperador, uma suspeita maligna envesga contra o soldado brasileiro as disposições da camarilha atarefada em preparar a sucessão do Conde d’Eu. Coube ao Partido Liberal a desgraça de achar-se, num período de gravidade suprema como este, sob a direção de homens, cuja ambição se ufana de assentar o pedestal da sua glória sobre o aviltamento dos seus concidadãos. Entregaram-no, pois, traído, a essa obra nefasta em benefício das más inspirações do terceiro reinado, cujo empreiteiro-mor compreendeu a vantagem de encapar a orientação liberticida dos seus intuitos sob a responsabilidade de um partido ostensivamente consagrado às reformas liberais, persuadindo-se de que a bandeira destas, a sua popularidade, o seu engodo poderiam habilitá-lo a triunfar contra o país, consorciando habilmente a astúcia com a força, mediante a eliminação ob-reptícia do exército brasileiro.
Os documentos dessa conjuração aí avultam na história destes últimos meses, harmonicamente entretecidos numa urdidura, cuja evidência só não se patenteia aos idiotas. Por sobre a armada passa o vagalhão do ministro da Marinha, açoitando-a, estalando-a, enlameando-a, atirando-a ao longe, desagregada, rota, esparsa, na expectativa de anular-se164 lhe o civismo, e arruinar-se-lhe a solidariedade pela dispersão, pela cizânia, pela instabilidade das posições. Com o exército uma política insidiosa e tenaz usa alternativamente a corrupção e a violência, empenhadas no mesmo propósito com a mais óbvia harmonia de colaboração. Um a um vão-se-lhe destacando os batalhões para os pontos mais longínquos do império, enquanto uma contradança incessante transfere os comandantes dos corpos, buscando levar a toda a parte a confusão da incerteza, e desdar sistematicamente os vínculos estabelecidos pela confraternidade militar entre superiores e inferiores, entre soldados e oficiais.
Ao mesmo passo, contra todos os compromissos do Partido Liberal, sem a menor explicação plausível na situação interior e exterior do país, organiza-se rapidamente, na corte, a guarda nacional. Os banqueiros presenteados pelo ministério, co-interessados na política mercantil que o absorve, são chamados a comandar os novos batalhões, atropeladamente recrutados, retribuindo ao governo em atividade na consumação deste seu empenho benesses, com que ele profusamente os mimoseia nas honras heráldicas, nos arranjos bancários, nas empresas industriais. Graças a essa permuta de serviços, o fardamento, o armamento, o municiamento completam-se com uma celeridade inaudita, que não se poderia exceder, se tivéssemos o inimigo devastando-nos a fronteira, e a salvação da nossa integridade territorial pusesse urgentemente em contribuição toda a energia do Governo. Este não põe rebuço nas suas preferências pela instituição rediviva, alvo do ridículo geral no dia da sua reaparição e da antipatia pública no rápido curso de seu desenvolvimento. Um oficial que, a 7 de setembro, levantara a espada, na Rua do Ouvidor, contra as gargalhadas dos espectadores, teve dias depois numa condecoração o prêmio da façanha. Põe-se timbre em dar à nova milícia armas de excelência superior às tropas de linha. Encomenda-se-lhe, ao que se diz, artilheria Krupp, à custa dos argentários, que vieram converter a guarda nacional em um ramo armado dos bancos. Aceleram-se-lhe violentamente os exercícios. Empregam-se os inválidos em brunirlhe e assear-lhe o armamento. E, para que nada falte à pompa do seu triunfo, assegura-se que, à míngua de praças adestradas nas suas fileiras, artilheiros de linha, carnavalescamente fantasiados em guardas nacionais, figurarão solenemente, a 2 de dezembro, na parada das milícias do príncipe consorte.
Entanto, o exército ir-se-á escoando, batalhão a batalhão, até desaparecer da capital do império o último soldado, e ficar o Rio de Janeiro entregue às forças do Conde d’Eu: a polícia, a guarda cívica, a guarda nacional.
Para encobrir as intenções reais da traça inenarravelmente maligna e grávida de perigos, que acabamos de bosquejar, dando-lhe visos de legitimidade, a velhacaria explorada consiste na mais pérfida e caluniosa propaganda contra o bom nome do exército e da esquadra, maculados pelas intrigas oficiais, cuja senha se cifra em descrever as nossas forças militares como um ninho de revolução e indisciplina. A falsidade é digna da causa, a que serve.
Em apoio dessa atoarda, propalada com insistência, com jeito, com uniformidade sistemática pelos atos do governo, pelas insinuações da sua imprensa, pelas confidências aparentes de seus familiares, não há, em toda a nossa história, um fato, uma circunstância, um vislumbre de prova indiciativa. Percorramos a crônica destes últimos três anos, desde a primeira emergência da questão militar, desde que os seus sintomas iniciais, denunciando os passos de ensaio na luta do governo contra o exército e armada, coincidiam com a moléstia do Imperador e a iminência da ascensão de sua filha ao trono. Onde em todo esse largo trato 165 de tempo o menor toque de rebeldia no procedimento dos nossos bravos soldados, dos nossos gloriosos oficiais?
Começou esse período na situação conservadora, sob o ministério Cotegipe, em conseqüência de infrações palpáveis do direito militar, cometidas por ele. Na sua resistência circunspecta, respeitosa, cordata contra o abuso, obedeceu o exército a impulsos condenáveis, desconhecendo a razão, e impondo o capricho? Mas a nação inteira pronunciou-se por ele. Mas o Partido Liberal em peso levantou-se contra o governo, argüindo-o de tirania contra os brios da farda brasileira, exortando-a a não esmorecer no conflito, e fraternizando com ela, nas confabulações particulares, na imprensa, no parlamento. Mas a representação nacional, pelo seu único órgão são e prestigioso, o Senado, reprovou a atitude ministerial. Mas o atual presidente do Conselho, o senador Afonso Celso, foi exatamente quem iniciou, naquela câmara, a moção, onde se convidava o gabinete a recuar de um caminho hostil à legalidade. Mas o gabinete mesmo reconheceu o seu erro, retratando-se dele, penitenciando-se publicamente da culpa, e cedendo sem reservas ao exército o que o exército reclamava.
Teve a questão a sua segunda fase no ministério 10 de março. Mas de onde proveio ela? Do infausto pensamento, já então externado pela família imperial, mediante fatos materiais e escandalosos, de criar uma guarda sua contra a nação, de entrincheirar-se na escória das ruas contra o povo, de semear pelas sarjetas da cidade os primeiros germens da guerra civil. E que fez o exército? Onde sofreu por ele a ordem pública, a segurança da propriedade, a autoridade dos poderes constituídos? Qual foi o dia, em que a imprensa o tachou de ameaçar a nação? Quando é que o jornalismo brasileiro deixou de estar ao seu lado, animando-o, aplaudindo-o, coroando-o?
Com o ministério Ouro Preto sobrevém a terceira crise da questão formidável. Mas por quê? Exatamente porque o inaugurador da situação liberal timbra em pautar o seu governo pelo padrão dos abusos, que a sua parcialidade exprobrava, com toda a eloqüência da sua indignação, aos dois gabinetes conservadores. Metendo no seu seio o Barão de Ladário, esse ministério nasceu com uma bomba no flanco. Esse nome era um programa contra a marinha. Contra o exército o ministério 7 de junho reviveu, desenvolveu, entretém a colisão por uma série de revoltas formais contra a legalidade e a dignidade militar:
· Pela prisão do tenente Carolino;
· Pela denegação caprichosa do conselho de guerra;
· Pela demissão do coronel Mallet a bem do serviço;
· Pela exoneração insidiosa do general Miranda Reis;
· Pela censura à oficialidade da segunda brigada a propósito da legítima expansão dos seus sentimentos em aplauso de um mestre venerando cuja palavra o ministro da Guerra escutara em silêncio aquiescente;
· Pela ordem que remove para as fronteiras do império o tenente Carolino, roubando-lhe as garantias da defesa militar, e entregando a justiça, no exército, ao arbítrio administrativo;
· Pela segunda tenção transparente nessa reconstituição violenta da guarda nacional;
· Pela missão implicitamente confiada a esta no seu armamento em condições superiores ao da força de linha;
· Pela dispersão gradual dos batalhões.
E como tem resistido, até hoje, o exército a esses desmandos, a essas prevaricações, a essas crueldades? Simplesmente requerendo o cumprimento da lei, e deixando aos órgãos da opinião a discussão dos seus direitos. Não obstante, um sistema de suspeita, de prevenção, de espionagem se estabeleceu contra ele, como se fosse uma Internacional armada, uma maçonaria carbonária, uma arregimentação de desordeiros refolhados, de cuja presença fosse necessário varrer as imediações do trono, para o entregar nos braços das hostes pretorianas, a cuja inconsciência César confia a herança de seu genro. Infelizmente para o governo, a população o conhece, discerne claramente os interesses a que ele serve, os projetos que encuba, os instrumentos de que se utiliza. O povo brasileiro sabe a que procedências se vai buscar a nova guarda nacional, evocada com a instantaneidade de um improviso, e não perde, iludido pelo disfarce dos novos figurinos, a fisionomia da desordem, da capangagem, do elemento anárquico, subversivo e irresponsável, meneado, nas eleições, pelos cabecilhas locais. O povo brasileiro não esquece que essa polícia, armada agora à Comblain, para poder medir forças com a tropa de linha, representou sempre o princípio perturbador, a passividade malfazeja, a violência impune nos anais desta cidade, onde, nos dias da questão abolicionista, foi preciso enjaulá-la, certa vez, num quartel, para evitar sanguinosas desforras contra os sentimentos liberais da população fluminense. O povo brasileiro sabe, enfim, que o exército não personifica senão as grandes tradições da pátria, na paz e na guerra, e que os que não confiam nele, é porque têm razões para desconfiar da - nação. Na sua transição para o terceiro reinado a monarquia orleanizada precisa de massas brutas, de forças passivas, para arremessar contra o país, cortando-lhe a evolução natural, e levantando, neste continente, uma potência anti-americana, sob a influência dos preconceitos incuráveis das velhas casas reinantes da Europa, expatriadas pela liberdade vitoriosa e trazidas a estas plagas pela nossa má estrela como agoureiras aves de arribação. Mas o exército, que não se compõe de revolucionários, também não consta de janízaros. Não é áulico, nem político. Não pertence à dinastia, nem às facções. É nacional, e é constitucional. É a guarda das instituições contra a desordem e contra a tirania. É a soberania da lei armada. É o baluarte das nossas liberdades orgânicas contra as conspirações, que as ameaçarem. Forma em torno do direito popular a trincheira impenetrável do heroísmo; e as opiniões, as propagandas, as reivindicações pacíficas expandem-se legalmente à sombra da sua imparcialidade tutelar. Não há de prestar à escravidão política os ombros com que destruiu a escravidão civil. Aqui está por que as prevenções palacianas se voltam hoje contra o exército, ao mesmo tempo que nele se concentram as esperanças liberais. Com o instinto desta missão nacional, com a consciência deste papel patriótico, o exército não pode, e certamente não há de subscrever a sua própria extinção, e muito menos o aniquilamento pela desonra, pela calúnia, pela ilegalidade, pela proscrição, essa espécie de morte moral, a que parece quererem condená-lo, antes de dissolvê-lo. Se o Partido Liberal, pois, não é um rótulo, um disfarce, uma mentira, considere na terrível responsabilidade, em que se vai emaranhando, com a sua submissão implícita às combinações urdidas na política inepta e calamitosa do Visconde de Ouro Preto. Ao próprio gabinete, se ainda lhe restasse ouvido para ouvir o Conselho, ou a súplica dos que não negociam com o bem público, ao ministério mesmo, em nome de todos os deveres que ligam indivíduos e governos à pátria e à humanidade, adjuraríamos a fugir esse despenhadeiro, renunciando ao intento de dispersão do exército e entrega da capital à tríplice guarda do paço. Há quase sempre alguma coisa impalpável e misteriosa no seio dos acontecimentos, que conspira contra as conspirações, mesmo quando essas vêm de cima para baixo; e esse elemento do imprevisto bem poderia voltar-se contra os conspiradores de Sua Majestade”.
Fonte: Diário de Notícias, 9 de novembro de 1889.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
A TRÊS PASSOS DA GUERRA CIVIL
Por Cel. Gelio Fregapani (*)
Na Amazônia Legal (2009), estão representadas em laranja as terras indígenas. Em 2005, reconhecidas e demarcadas pela Funai, já abrangiam 12,41% do total do território brasileiro; outras 123 terras ainda estavam em processo de identificação e demarcação.
Os rumos que seguimos apontam para a probabilidade de guerra intestina. Falta ainda homologar no congresso e unir as várias reservas indígenas em uma gigantesca, e declarar sua independência. Isto não poderemos tolerar. Ou se corrige a situação agora ou nos preparemos para a guerra. Quase tão problemática quanto a questão indígena é a quilombola. Talvez desejem começar uma revolução comunista com uma guerra racial.
O MST se desloca como um exército de ocupação. As invasões do MST são toleradas, e a lei não aplicada. Os produtores rurais, desesperançados de obter justiça, terminarão por reagir. Talvez seja isto que o MST deseja: a convulsão social. Este conflito parece inevitável.
O ambientalismo, o indianismo, o movimento quilombola, o MST, o MAB e outros similares criaram tal antagonismo com a sociedade nacional, que será preciso muita habilidade e firmeza para evitar que degenere em conflitos sangrentos.
Pela primeira vez em muito tempo, está havendo alguma discussão sobre a segurança nacional. Isto é bom, mas sem identificarmos corretamente as ameaças, não há como nos preparar para enfrentá-las.
A crise econômica e a escassez de recursos naturais poderão conduzir as grandes potências a tomá-los a manu militari, mas ainda mais provável e até mais perigosa pode ser a ameaça de convulsão interna provocada por três componentes básicos:
— a divisão do povo brasileiro em etnias hostis;
— os conflitos potenciais entre produtores agrícolas e os movimentos dito sociais;
— e as irreconciliáveis divergências entre ambientalistas e desenvolvimentistas.
Em certos momentos chega a ser evidente a demolição das estruturas políticas, sociais, psicológicas e religiosas, da nossa Pátria, construídas ao largo de cinco séculos de civilização cristã. Depois, sem tanto alvoroço, prossegue uma fase de consolidação antes de nova investida.
Isto ainda pode mudar, mas infelizmente os rumos que seguimos apontam para a probabilidade de guerra intestina. Em havendo, nossa desunião nos prostrará inermes, sem forças para nos opormos eficazmente às pretensões estrangeiras.
A ameaça de conflitos étnicos, a mais perigosa pelo caráter separatista
A multiplicação das reservas indígenas, exatamente sobre as maiores jazidas minerais, usa o pretexto de conservar uma cultura neolítica (que nem existe mais), mas visa mesmo a criação de “uma grande nação” indígena. Agora mesmo assistimos, sobre as brasas ainda fumegantes da Raposa-serra do Sol, o anúncio da criação da reserva Anaro, que unirá a Raposa/São Marcos à Ianomâmi. Posteriormente a Marabitanas unirá a Ianomâmi à Balaio/Cabeça do Cachorro, englobando toda a fronteira Norte da Amazônia Ocidental e suas riquíssimas serras prenhes das mais preciosas jazidas.
O problema é mais profundo do que parece; não é apenas a ambição estrangeira. Está também em curso um projeto de porte continental sonhado pela utopia neomissionária tribalista. O trabalho de demolição dos atuais Estado-nações visa a construção, em seu lugar, da Nuestra América, ou Abya Yala, idealizado provavelmente pelos grandes grupos financistas com sede em Londres, que não se acanha de utilizar quer os sentimentos religiosos quer a sede de justiça social das massas para conservar e ampliar seus domínios. O CIMI, organismo subordinado à CNBB, não cuida da evangelização dos povos indígenas segundo o espírito de Nóbrega, Anchieta e outros construtores de nossa nação. Como adeptos da Teologia da Libertação, estão em consonância com seus colegas que atuam no continente, todos empenhados na fermentação revolucionária do projeto comuno-missionário Abya Yala.
O processo não se restringe ao nosso País, mas além das ações do CIMI, a atuação estrangeira está clara:
— Identificação das jazidas: já feito;
— atração dos silvícolas e criação das reservas sobre as jazidas: já feito;
— conseguir a demarcação e homologação: já feito na maior parte;
— colocar na nossa Constituição que tratados e convenções internacionais assinados e homologados pelo congresso teriam força constitucional, portanto acima das leis comuns: já feito;
— assinatura pelo Itamarati de convenção que virtualmente dá autonomia à comunidades indígenas: já feito.
Falta ainda homologar no congresso e unir as várias reservas em uma gigantesca e declarar a independência, e isto não poderemos tolerar. Ou se corrige a situação agora ou nos preparemos para a guerra.
O perigo não é o único, mas é bastante real. Pode, por si só, criar ocasião propícia ao desencadeamento de intervenções militares pelas potências carentes dos recursos naturais — petróleo e minérios, quando o Brasil reagir.
Quase tão problemática quanto a questão indígena é a quilombola
A UnB foi contratada pelo Governo para fazer o mapa dos quilombolas. Por milagre, em todos os lugares, apareceram “quilombolas”. No Espírito Santo cidades inteiras, ameaçadas de despejo. Da mesma forma em Pernambuco. A fronteira no Pará virou um quilombo inteiro.
Qual o processo? Apareceram uns barbudos de piercings no nariz, perguntando aos afro-descendentes: "O senhor mora aqui?" "Moro." "Desde 1988?" (o quilombola que residisse no dia da promulgação da Constituição teria direito à escritura). "Sim". "Quem morava aqui?" “Meu avô." "Seu avô por acaso pescava e caçava por aqui?" "Sim” “Até onde?" "Ah, ele ia lá na cabeceira do rio, lá naquela montanha." "Tudo é seu." E escrituras centenárias perdem o valor baseado num direito que não existe. Não tenho certeza de que isto não seja proposital para criar conflitos.
Tem gente se armando, tem gente se preparando para uma guerra. Temos de abrir o olho também para esse processo, que conduz ao ódio racial. Normalmente esquerdistas, talvez desejem começar uma revolução comunista com uma guerra racial.
Certamente isto vai gerar conflitos, mas até agora o movimento quilombola não deu sinal de separatismo.
Os Conflitos Rurais — talvez os primeiros a eclodir
O MST se desloca como um exército de ocupação, mobilizando uma grande massa de miseráveis (com muitos oportunistas), dirigidos por uma liderança em parte clandestina. As invasões do MST são toleradas e a lei não aplicada. Mesmo ciente da pretensão do MST de criar uma “zona livre”, uma “república do MST” na região do Pontal do Paranapanema, o Governo só contemporiza; finge não perceber que o MST não quer receber terras, quer invadi-las e tende a realizar ações cada vez mais audaciosas.
É claro que os produtores rurais, desesperançados de obter justiça, terminarão por reagir. Talvez seja isto que o MST deseja; a convulsão social, contando, talvez, com o apoio de setores governamentais como o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Segundo Pedro Stédile: “O interior do Brasil pode transformar-se em uma Colômbia. A situação sairá de controle, haverá convulsões sociais e a sociedade se desintegrará.”
Este conflito parece inevitável. Provavelmente ocorrerá num próximo governo, mas se ficar evidente a derrota do PT antes das eleições, é provável que o MST desencadeie suas operações antes mesmo da nova posse.
O ambientalismo distorcido, principal pretexto para uma futura intervenção estrangeira
Já é consenso que o ambientalismo está sendo usado para impedir o progresso, mesmo matando os empregos Caso se imponham os esquemas delirantes dos ambientalistas dentro do governo, com as restrições de uso da terra para produção de alimentos, um terço do território do País ficará interditado a atividades econômicas modernas.
Há reações, dos ruralistas no interior do País, nas elites produtivas e até mesmo em setores do governo, mas as pressões estrangeiras tendem a se intensificar. Se bem que raramente o meio ambiente serviu de motivo para guerra, hoje claramente está sendo pretexto para futuras intervenções, naturalmente encobrindo o verdadeiro motivo, a disputa pelos escassos recursos naturais.
No momento em que a fome ronda o mundo, o movimento ambientalista, a serviço do estrangeiro, mas com respaldo do governo e com apoio de uma massa urbana iludida, chama de “terra devastada” àqueles quadrados verdejantes de área cultivada, que apreciamos ver na Europa e nos Estados Unidos, e impede a construção de hidrelétricas para salvar os bagres. Com a entrada da Marina Silva na disputa eleitoral, nota-se, lamentavelmente, que todos os candidatos passarão a defender o ambientalismo, sem pensar se é útil para o País.
A três passos da guerra civil
O ambientalismo, o indianismo, o movimento quilombola, o MST, o MAB e outros similares criaram tal antagonismo com a sociedade nacional, que será preciso muita habilidade e firmeza para evitar que degenere em conflitos sangrentos.
Várias fontes de conflito estão para estourar, dependendo da radicalização das más medidas, particularmente do Ministério da Justiça:
— Roraima não está totalmente pacificada;
— o Mato Grosso do Sul anuncia revolta em função da decisão da Funai em criar lá novas reservas indígenas;
— no Rio Grande do Sul, os produtores rurais pretendem reagir às provocações do MST;
— Santa Catarina ameaça usar a PM para conter a fúria ambientalista do ministro Minc, que queria destruir toda a plantação de maçã.
Uma vez iniciado um conflito, tudo indica que se expandirá como um rastilho de pólvora. Este quadro, preocupante já por si, fica agravado pela quase certeza de que, na atual conjuntura da crise mundial o nosso País sofrerá pressões para ceder suas riquezas naturais — petróleo, minérios e até terras cultiváveis — e estando dividido sabemos o que acontecerá, mais ainda quando uma das facções se coloca ao lado dos adversários como já demonstrou o MST no caso de Itaipu.
Bem, ainda temos Forças Armadas, mas segundo as últimas notícias, o Exército (que é o mais importante na defesa interna) terá seu efetivo reduzido. Será proposital?
Que Deus guarde a todos vocês.
O cel. Gelio Fregapani é escritor, atuou na área do serviço de inteligência na região Amazônica, elaborou relatórios como o do GTAM, Grupo de Trabalho da Amazônia.
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A TOMADA DO PODER
----- Original Message -----
From: OJBR
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Sent: Friday, October 30, 2009 11:32 PM
Subject: A TOMADA DO PODER - GRAMSCI E A COMUNIZAÇÃO DO BRASIL
A TOMADA DO PODER
GRAMSCI E A COMUNIZAÇÃO DO BRASIL
Por Anatoli Oliynik
Em lugar algum no mundo o pensamento de Gramsci foi tão disciplinadamente aplicado como está sendo no Brasil, agora pelo PT, cuja nomenklatura governamental segue com rigor as orientações emanadas dosintelectualóides uspianos que dirigem o Foro de São Paulo e que têm como cartilha os Cadernos do Cárcere, de Gramsci.
Quem não está familiarizado com as ideologias políticas, por certo estará perguntando: Quem foi Gramsci e qual sua relação com o comunismo brasileiro?
Antonio Gramsci (1891-1937), pensador e político foi um dos fundadores do Partido Comunista Italiano em 1921, e o primeiro teórico marxista a defender que a revolução na Europa Ocidental teria que se desviar muito do rumo seguido pelos bolcheviques russos, capitaneados por Vladimir Illitch Ulianov Lênin (1870-1924) e seguido por Iossif Vissirianovitch Djugatchvili Stalin (1879-1953).
Durante sua prisão na Itália em 1926, que se prolongou até 1935, escreveu inúmeros textos sobre o comunismo os quais começaram a ser publicados por partes na década de 30, e integralmente em 1975, sob o título Cadernos do Cárcere. Esta publicação, difundida em vários continentes, passou a ser o catecismo das esquerdas, que viram nela uma forma muito mais potente de realizar o velho sonho de implantar o totalitarismo, sem que fosse necessário o derramamento de sangue, como ocorreu na Rússia, na China, em Cuba, no Leste Europeu, na Coréia do Norte, no Camboja e no Vietnã do Norte, países que se tornaram vítimas da loucura coletiva detonada por ideólogos mentecaptos.
Gramsci professava que a implantação do comunismo não deve se dar pela força, como aconteceu na Rússia, mas de forma pacífica e sorrateira, infiltrando, lenta e gradualmente, a idéia revolucionária.
A estratégia é utilizar-se de diplomas legais e de ações políticas que sejam docilmente aceitas pelo povo, entorpecendo consciências e massificando a sociedade com uma propaganda subliminar, imperceptível aos mais incautos que, a priori, representam a grande maioria da população, de modo que, entorpecidos pelo melífluo discurso gramsciano, as consciências já não possam mais perceber o engodo em que estão sendo envolvidas.
A originalidade da tese de Gramsci reside na substituição da noção de “ditadura do proletariado” por “hegemonia do proletariado” e “ocupação de espaços”, cuja classe, por sua vez, deveria ser, ao mesmo tempo, dirigente e dominante. Defendia que toda tomada de poder só pode ser feita com alianças e que o trabalho da classe revolucionária deve ser primeiramente, político e intelectual.
A doutora Marli Nogueira, juíza do trabalho em Brasília, e estudiosa do assunto, nos dá a seguinte explicação sobre a “hegemonia”:
“A hegemonia consiste na criação de uma mentalidade uniforme em torno de determinadas questões, fazendo com que a população acredite ser correta esta ou aquela medida, este ou aquele critério, esta ou aquela ´análise da situação´, de modo que quando o comunismo tiver tomado o poder, já não haja qualquer resistência. Isto deve ser feito, segundo ensina Gramsci, a partir de diretrizes indicadas pelo ´intelectual coletivo´ (o partido), que as dissemina pelos ´intelectuais orgânicos´ (ou formadores de opinião), sendo estes constituídos de intelectualóides de toda sorte, como professores – principalmente universitários (porque o jovem é um caldo de cultura excelente para isso), a mídia (jornalistas também intelectualóides) e o mercado editorial (autores de igual espécie), os quais, então, se encarregam de distribuí-las pela população”.
Quanto à “ocupação de espaços”, pode ser claramente vislumbrada pela nomeação de mais de 20 mil cargos de confiança pelo PT em todo o território brasileiro, cujos detentores desses cargos, militantes congênitos, têm a missão de fazer a acontecer a “hegemonia”.
Retornando a Gramsci e segundo ele, os principais objetivos de luta pela mudança são conquistar, um após outro, todos os instrumentos de difusão ideológica (escolas, universidades, editoras, meios de comunicação social, artistas, sindicatos etc.), uma vez que, os principais confrontos ocorrem na esfera cultural e não nas fábricas, nas ruas ou nos quartéis. O proletariado precisa transformar-se em força cultural e política, dirigente dentro de um sistema de alianças, antes de atrever-se a atacar o poder do Estado-burguês. E o partido deve adaptar sua tática a esses preceitos, sem receio de parecer que não é revolucionário. Isso o povo brasileiro não está percebendo, pois suas mentes já foram entorpecidas pelo governo revolucionário que está no poder.
Desta forma, Gramsci abandonou a generalizada tese marxista de uma crise catastrófica que permitiria, como um relâmpago, uma bem sucedida intervenção de uma vanguarda revolucionária organizada. Ou seja, uma intervenção do Partido. Para ele, nem a mais severa recessão do capitalismo levaria à revolução, como não a induziria nenhuma crise econômica, a menos que, antes, tenha havido uma preparação ideológica. É exatamente isto que está acontecendo no presente momento aqui no Brasil: A preparação ideológica. E está em fase muito adiantada, diga-se de passagem.
Segundo a doutora Marli Nogueira:
“Uma vez superada a opinião que essa mesma sociedade tinha a respeito de várias questões, atinge-se o que Gramsci denominava ´superação do senso-comum´, que outra coisa não é senão a hegemonia de pensamento. Cada um de nós passa, assim, a ser um ventríloquo a repetir, impensadamente, as opiniões que já vêm prontas do forno ideológico comunista. E quando chegar a hora de dizer ´agora estamos prontos para ter realmente uma ´democracia´ (que, na verdade, nada mais é do que a ditadura do partido), aceitaremos também qualquer medida que nos leve a esse rumo, seja ela a demolição de instituições, seja ela a abolição da propriedade privada, seja ela o fim mesmo da democracia como sempre a entendemos até então, acreditando que será muito normal que essa ´volta à democracia´ se faça por decretos, leis ou reformas constitucionais”.
Lênin sustentava que a revolução deveria começar pela tomada do Estado para, a partir daí, transformar a sociedade. Gramsci inverteu esses termos: a revolução deveria começar pela transformação da sociedade, privando a classe dominante da direção da “sociedade civil” e, só então, atacar o poder do Estado. Sem essa prévia “revolução do espírito”, toda e qualquer vitória comunista seria efêmera.
Para tanto, Gramsci definiu a sociedade como “um complexo sistema de relações ideais e culturais” onde a batalha deveria ser travada no plano das idéias religiosas, filosóficas, científicas, artísticas etc. Por essa razão, a caminhada ao socialismo proposta por Gramsci não passava pelos proletariados de Marx e Lênin e nem pelos camponeses de Mão Tse Tung, e sim pelos intelectuais, pela classe média, pelos estudantes, pela cultura, pela educação e pelo efeito multiplicador dos meios de comunicação social, buscando, por meio de métodos persuasivos, sugestivos ou compulsivos, mudar a mentalidade, desvinculando-a do sistema de valores tradicionais, para implantar os valores da ideologia comunista.
Fidel Castro, com certeza, foi o último dinossauro a adotar os métodos de Lênin. Poder-se-á dizer que Fidel é o último dos moicanos às avessas considerando que seus discípulos Lula, Morales, Kirchner, Vasquez e Zapatero, estão aplicando, com sucesso, as teses do Caderno do Cárcere, de Antônio Gramsci. Chávez, o troglodita venezuelano, optou pelo poder força bruta e fraudes eleitorais. No Brasil, por via das dúvidas, mantêm-se ativo e de prontidão o MST e a Via Campesina, como salvaguarda, caso tenham que optar pela revolução cruenta que é a estratégia leninista.
Todos os valores que a civilização ocidental construiu ao longo de milênios vêm sendo sistematicamente derrubados, sob o olhar complacente de todos os brasileiros, os quais, por uma inocência pueril, seja pelo resultado de uma proposital fraqueza do ensino, seja por uma ignorância dos reais intentos das esquerdas, nem mesmo se dão conta de que é a sobrevivência da própria sociedade que está sendo destruída.
Perdidos esses valores, não sobra sequer espaço para a indignação que, em outros tempos, brotaria instantaneamente do simples fato de se tomar conhecimento dos últimos acontecimentos envolvendo escancaradas corrupções em todos os níveis do Estado..
O entorpecimento da razão humana, com o conseqüente distanciamento entre governantes e governados, já atingiu um ponto tal que, se não impossibilitou, pelo menos tornou extremamente difícil qualquer tipo de reação por parte do povo.
Estando os órgãos responsáveis pela sua defesa – imprensa, associações civis, empresariado, clero, entre outros – totalmente dominados pelo sistema de governo gramsciano que há anos comanda o País, o resultado não poderia ser outro: a absoluta indefensabilidade do povo brasileiro. A este, alternativa não resta senão a de assistir, inerme e inerte, aos abusos e desmandos daqueles que, por dever de ofício, deveriam protegê-lo em todos os sentidos.
A verdade é que os velhos métodos para implantação do socialismo-comunismo foram definitivamente sepultados. Um novo paradigma está sendo adotado, cuja força avassaladora está sendo menosprezada, e o que é pior, nem percebido pelo povo brasileiro.
O Brasil está sendo transformado, pelas esquerdas, num laboratório político do pensamento de Gramsci sob a batuta de Lula, o aluno aplicado, e a tutela do Foro de São Paulo.
VÍCIO EM ALTA
Vício em alta
Ernesto Caruso, 01, 02/11/2009
O vício está em alta no Brasil, nas altas e nas baixas.
No litoral, no interior, na praia, no planalto, morro, asfalto, centros, periferias, duplex, barracos, praças, bailão, pancadão, boate, bares e botecos, cujo resultado final é o homicídio com maior ou menor agravante pelo efeito da droga, ou o suicídio, pela overdose/dose homeopática; morte lenta do consumidor, desgaste gradual da família por uma doença provocada, muito além das que a natureza impõe.
Multiplicam-se os órfãos das drogas, cedo demais pela perda dos pais, tarde demais nos ombros de avós idosas, viúvas, cabelos brancos, andar lento, inchaço nas pernas, bolsos vazios, vida de sacrifício, sem remédio, ao lado do posto médico, hospital, falidos, onde já perdeu o marido que morreu na fila, sem socorro médico ou exaurido, não assistido, atingido pela bala perdida.
Hospitais que não conseguem atender quem trabalha, recolhe impostos e paga a previdência. Como vão dar conta dos envolvidos em surtos psicóticos, tratar dos viciados em escalada geométrica? O Estado só admite a internação voluntária. Mães pobres, sem esperança nos governo, esgotadas, acorrentam filhos e filhas em desespero para não verem seus filhos mortos pelo narcotráfico.
Dias desses uma ocorrência foi deveras comovente, não por ser a única, mas pelos registros que ficaram, sem motivar as autoridades. Triste o sacrifício imposto a uma jovem de 18 anos na luta contra o vício que exauria o namorado e por ele é barbaramente estrangulada e morta, no Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, lá residentes e vizinhos de prédio. O sofrido pai pelo vício destruidor do filho, agora acumula o desgosto de o ver como assassino. Desnorteado pediu desculpas à família da vítima e fez críticas à política de tratamento do dependente químico, afiançando que todo viciado que se torna perigoso, deveria ser mantido em tratamento para a defesa da vida de desconhecidos, como dos próprios entes queridos. Ressalta que a namorada era um anjo na vida do filho.
Pobre moça — Bárbara Calazans — vítima da irracionalidade do namorado e das autoridades que não cumprem com as suas obrigações, propiciando condições para a proliferação do mal.
Causas várias se somam, personalidade, meio, estímulos negativos, rupturas, etc, mas uma origem é inconteste, a existência da droga por um lado, e a propaganda, pelo outro.
Os apologistas da liberalização, como a justificar o “eu não estou errado” chamam de hipócritas os contrários — rótulo simplista para demonizar — e dizem que o álcool e o cigarro fazem mal de igual forma. Hipócritas, viciados e falsos são eles. Fume um cigarro, beba o conteúdo de uma lata de cerveja, quantidade admitida para dirigir automóvel e fume um cigarro de maconha. Um só “baseado” é suficiente para a pessoa “viajar”, se esquecer do presente, gerar preguiça e facilitar a caminhada para as drogas mais devastadoras como o crack.
O vinho em doses controladas; uma taça nas refeições, é salutar.
Mas, mesmo assim, não se pode fazer propaganda de cigarro, já bastante coibido em lugares públicos, e o mesmo deveria ser para cerveja, no concernente à publicidade, pois a “lei seca” deu um freio no consumo de bebidas vinculado à condução de veículos.
Renda-se homenagem a Pelé; quero crer, nunca tenha feito propaganda de bebida alcoólica e de cigarro.
Ora, chamar de hipocrisia por hipocrisia, como considerar as drogas lícitas que consideram como o MAL, para justificar a maconha como BEM?
Se, desejam ajudar, façam campanhas contra o cigarro e as bebidas. Criem regras mais severas nos horários de funcionamento de bares e boates. Cobrem das autoridades o cumprimento da lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores.
Não se pode justificar a maconha pelo consumo excessivo do álcool. Ainda que assim entendam, um erro não justifica o outro.
Infelizmente, o governo empresta a sua imagem em favor do vício. Um presidente da República tem projeção elevada pelo cargo que exerce e qualquer dos seus atos gera influências, define posições. As empresas de propaganda usam com intensidade as figuras que se destacam, sejam bem conhecidas e normalmente exitosas nas artes, nos esportes, etc, nas promoções de produtos e nos processos educativos.
O presidente Lula em visita à região do Chapare, centro produtor de cocaína juntamente com Evo Morales, vestiu um colar feito de folhas de coca, e no discurso a uma platéia de cocaleros, anunciou que o Brasil substituirá os EUA na compra de têxteis, com tarifa zero, no valor de US$ 21 milhões. Morales concluiu: "Viva a coca, morte aos ianques."
O ex-presidente dos EUA, G. W. Bush, excluíra a Bolívia da lei de preferências tarifárias, decisão mantida por Barack Obama, entendendo que o alto escalão do governo incentiva a produção de coca, matéria-prima da cocaína.
Agravante de tal exposição é a constatação de que a Bolívia é o principal fornecedor de cocaína ao Brasil.
No mesmo contexto de incentivo ao vício, destaca-se a figura do ministro Carlos Minc, como defensor da descriminação da maconha, o que traduz um propósito de governo. Mesmo os que ficam calados, estão concordes ou já teriam se retirado em protesto
Minc participou da marcha que propõe a liberação, ampla, geral e irrestrita da erva maldita, na cidade do Rio de Janeiro, e a seguir em um show, elogiou com ritmo e poesia a Argentina por ter conquistado tal objetivo.
Argumenta de forma frágil que hoje a guerra das drogas mata mais do que a overdose.
Pode até matar mais do que a overdose no imediato, mas é infinitamente menor do que o sofrimento que a droga dissemina, que sufoca e destroi as famílias, sobrecarrega a combalida assistência médica, que afasta o homem do trabalho, o transforma em morto-vivo e o mata no médio prazo. Uma infâmia.
Querem transformar o traficante em empresário. E com isso, vai aumentar ou diminuir o consumo?
Já na Inglaterra de liberdade incontestável foi muito diferente.
O ministro do Interior, Alan Johnson, pediu ao professor David Nutt, conselheiro do governo britânico para as drogas, que apresentasse sua demissão, por não admitir a sua afirmação de que a maconha, o êxtase e o LSD são substâncias menos perigosas que o álcool e o cigarro, pois perdera a confiança no especialista, concluindo: "É importante que as mensagens do governo sobre as drogas sejam claras."
Não é possível que em termos de Brasil, as autoridades de diversos matizes ideológicos, educativos, princípios e fundamentalmente religiosos, compartilhem e vejam as cenas narradas acima, com a participação do presidente Lula e o seu ministro Minc, protagonizadas por noviças castiças.
O vice presidente José Alencar é católico fervoroso, pertence ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), do Bispo Macedo, bem como o senador Bispo Marcelo Crivella, três grandes líderes na fé cristã, indubitavelmente.
Evangélicos, católicos e espíritas vêem esses vícios com naturalidade? Autoridades eclesiásticas, bispos, pastores não condenam esses comportamentos nas suas pregações? Como admitir alianças com quem blasfema, compara uma administração pública que para ter sucesso, há que considera um acordo de Jesus com Judas?
Conclui-se que o governo é pró liberação da maconha, mas não deveria contar com o apoio das gentes que pregam o bem, a fé cristã.
Ora, Lula instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus em cerimônia, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com a presença do senador Bispo Crivella (PRB), sobrinho de Edir Macedo da Igreja Universal, a ministra a ministra Dilma Rousseff, e os bispos da Igreja Renascer Sônia e Estevam Hernandes.
Desse mesmo governo, a ministra Dilma segue em peregrinação religiosa Vai à Salvador, participa da Lavagem do Bonfim, com as vestes e banho típicos do ritual do candomblé, e da missa com direito à saudação feita pelo pároco local e depois no norte do país, na tradicional procissão do Círio de Nazareth
Não há compromisso entre o que se prega e que se pratica, ou no vale tudo, acende-se uma vela a Deus e outra ao diabo.
Em termos de responsabilidade constitucional, a assistência médica que não está sendo devidamente prestada, é atribuição do sistema único de saúde no nível nacional, e que advém das contribuições dos trabalhadores (Art 198) e o combate ao narcotráfico, compete à polícia federal (Art 144, § 1º, II,III).
Vamos rezar a todos os santos para que livrem a sociedade brasileira de governos como o de LULA/DILMA, muito menos a sua continuidade, e pelos finados, vítimas do narcotráfico e dos que lhes apóiam, não lhes dão combate com eficiência e dos que são omissos por interesse ou covardia.
Ernesto Caruso, 01, 02/11/2009
O vício está em alta no Brasil, nas altas e nas baixas.
No litoral, no interior, na praia, no planalto, morro, asfalto, centros, periferias, duplex, barracos, praças, bailão, pancadão, boate, bares e botecos, cujo resultado final é o homicídio com maior ou menor agravante pelo efeito da droga, ou o suicídio, pela overdose/dose homeopática; morte lenta do consumidor, desgaste gradual da família por uma doença provocada, muito além das que a natureza impõe.
Multiplicam-se os órfãos das drogas, cedo demais pela perda dos pais, tarde demais nos ombros de avós idosas, viúvas, cabelos brancos, andar lento, inchaço nas pernas, bolsos vazios, vida de sacrifício, sem remédio, ao lado do posto médico, hospital, falidos, onde já perdeu o marido que morreu na fila, sem socorro médico ou exaurido, não assistido, atingido pela bala perdida.
Hospitais que não conseguem atender quem trabalha, recolhe impostos e paga a previdência. Como vão dar conta dos envolvidos em surtos psicóticos, tratar dos viciados em escalada geométrica? O Estado só admite a internação voluntária. Mães pobres, sem esperança nos governo, esgotadas, acorrentam filhos e filhas em desespero para não verem seus filhos mortos pelo narcotráfico.
Dias desses uma ocorrência foi deveras comovente, não por ser a única, mas pelos registros que ficaram, sem motivar as autoridades. Triste o sacrifício imposto a uma jovem de 18 anos na luta contra o vício que exauria o namorado e por ele é barbaramente estrangulada e morta, no Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, lá residentes e vizinhos de prédio. O sofrido pai pelo vício destruidor do filho, agora acumula o desgosto de o ver como assassino. Desnorteado pediu desculpas à família da vítima e fez críticas à política de tratamento do dependente químico, afiançando que todo viciado que se torna perigoso, deveria ser mantido em tratamento para a defesa da vida de desconhecidos, como dos próprios entes queridos. Ressalta que a namorada era um anjo na vida do filho.
Pobre moça — Bárbara Calazans — vítima da irracionalidade do namorado e das autoridades que não cumprem com as suas obrigações, propiciando condições para a proliferação do mal.
Causas várias se somam, personalidade, meio, estímulos negativos, rupturas, etc, mas uma origem é inconteste, a existência da droga por um lado, e a propaganda, pelo outro.
Os apologistas da liberalização, como a justificar o “eu não estou errado” chamam de hipócritas os contrários — rótulo simplista para demonizar — e dizem que o álcool e o cigarro fazem mal de igual forma. Hipócritas, viciados e falsos são eles. Fume um cigarro, beba o conteúdo de uma lata de cerveja, quantidade admitida para dirigir automóvel e fume um cigarro de maconha. Um só “baseado” é suficiente para a pessoa “viajar”, se esquecer do presente, gerar preguiça e facilitar a caminhada para as drogas mais devastadoras como o crack.
O vinho em doses controladas; uma taça nas refeições, é salutar.
Mas, mesmo assim, não se pode fazer propaganda de cigarro, já bastante coibido em lugares públicos, e o mesmo deveria ser para cerveja, no concernente à publicidade, pois a “lei seca” deu um freio no consumo de bebidas vinculado à condução de veículos.
Renda-se homenagem a Pelé; quero crer, nunca tenha feito propaganda de bebida alcoólica e de cigarro.
Ora, chamar de hipocrisia por hipocrisia, como considerar as drogas lícitas que consideram como o MAL, para justificar a maconha como BEM?
Se, desejam ajudar, façam campanhas contra o cigarro e as bebidas. Criem regras mais severas nos horários de funcionamento de bares e boates. Cobrem das autoridades o cumprimento da lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores.
Não se pode justificar a maconha pelo consumo excessivo do álcool. Ainda que assim entendam, um erro não justifica o outro.
Infelizmente, o governo empresta a sua imagem em favor do vício. Um presidente da República tem projeção elevada pelo cargo que exerce e qualquer dos seus atos gera influências, define posições. As empresas de propaganda usam com intensidade as figuras que se destacam, sejam bem conhecidas e normalmente exitosas nas artes, nos esportes, etc, nas promoções de produtos e nos processos educativos.
O presidente Lula em visita à região do Chapare, centro produtor de cocaína juntamente com Evo Morales, vestiu um colar feito de folhas de coca, e no discurso a uma platéia de cocaleros, anunciou que o Brasil substituirá os EUA na compra de têxteis, com tarifa zero, no valor de US$ 21 milhões. Morales concluiu: "Viva a coca, morte aos ianques."
O ex-presidente dos EUA, G. W. Bush, excluíra a Bolívia da lei de preferências tarifárias, decisão mantida por Barack Obama, entendendo que o alto escalão do governo incentiva a produção de coca, matéria-prima da cocaína.
Agravante de tal exposição é a constatação de que a Bolívia é o principal fornecedor de cocaína ao Brasil.
No mesmo contexto de incentivo ao vício, destaca-se a figura do ministro Carlos Minc, como defensor da descriminação da maconha, o que traduz um propósito de governo. Mesmo os que ficam calados, estão concordes ou já teriam se retirado em protesto
Minc participou da marcha que propõe a liberação, ampla, geral e irrestrita da erva maldita, na cidade do Rio de Janeiro, e a seguir em um show, elogiou com ritmo e poesia a Argentina por ter conquistado tal objetivo.
Argumenta de forma frágil que hoje a guerra das drogas mata mais do que a overdose.
Pode até matar mais do que a overdose no imediato, mas é infinitamente menor do que o sofrimento que a droga dissemina, que sufoca e destroi as famílias, sobrecarrega a combalida assistência médica, que afasta o homem do trabalho, o transforma em morto-vivo e o mata no médio prazo. Uma infâmia.
Querem transformar o traficante em empresário. E com isso, vai aumentar ou diminuir o consumo?
Já na Inglaterra de liberdade incontestável foi muito diferente.
O ministro do Interior, Alan Johnson, pediu ao professor David Nutt, conselheiro do governo britânico para as drogas, que apresentasse sua demissão, por não admitir a sua afirmação de que a maconha, o êxtase e o LSD são substâncias menos perigosas que o álcool e o cigarro, pois perdera a confiança no especialista, concluindo: "É importante que as mensagens do governo sobre as drogas sejam claras."
Não é possível que em termos de Brasil, as autoridades de diversos matizes ideológicos, educativos, princípios e fundamentalmente religiosos, compartilhem e vejam as cenas narradas acima, com a participação do presidente Lula e o seu ministro Minc, protagonizadas por noviças castiças.
O vice presidente José Alencar é católico fervoroso, pertence ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), do Bispo Macedo, bem como o senador Bispo Marcelo Crivella, três grandes líderes na fé cristã, indubitavelmente.
Evangélicos, católicos e espíritas vêem esses vícios com naturalidade? Autoridades eclesiásticas, bispos, pastores não condenam esses comportamentos nas suas pregações? Como admitir alianças com quem blasfema, compara uma administração pública que para ter sucesso, há que considera um acordo de Jesus com Judas?
Conclui-se que o governo é pró liberação da maconha, mas não deveria contar com o apoio das gentes que pregam o bem, a fé cristã.
Ora, Lula instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus em cerimônia, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com a presença do senador Bispo Crivella (PRB), sobrinho de Edir Macedo da Igreja Universal, a ministra a ministra Dilma Rousseff, e os bispos da Igreja Renascer Sônia e Estevam Hernandes.
Desse mesmo governo, a ministra Dilma segue em peregrinação religiosa Vai à Salvador, participa da Lavagem do Bonfim, com as vestes e banho típicos do ritual do candomblé, e da missa com direito à saudação feita pelo pároco local e depois no norte do país, na tradicional procissão do Círio de Nazareth
Não há compromisso entre o que se prega e que se pratica, ou no vale tudo, acende-se uma vela a Deus e outra ao diabo.
Em termos de responsabilidade constitucional, a assistência médica que não está sendo devidamente prestada, é atribuição do sistema único de saúde no nível nacional, e que advém das contribuições dos trabalhadores (Art 198) e o combate ao narcotráfico, compete à polícia federal (Art 144, § 1º, II,III).
Vamos rezar a todos os santos para que livrem a sociedade brasileira de governos como o de LULA/DILMA, muito menos a sua continuidade, e pelos finados, vítimas do narcotráfico e dos que lhes apóiam, não lhes dão combate com eficiência e dos que são omissos por interesse ou covardia.
domingo, 1 de novembro de 2009
O ENIGMA YOANI SANCHEZ
O ENIGMA YOANI SANCHEZ
Percival Puggina
No dia 12 de novembro de 2002 eu estava em Havana recolhendo subsídios para um livro. No bolso, uma lista com nomes de jornalistas independentes que me fora fornecida pela amiga pernambucana Graça Salgueiro. Pretendia ouvir aqueles obscuros personagens que, com enormes riscos pessoais, enviavam informações ao mundo. De que modo faziam isso? Do mesmo modo utilizado hoje. Como cubanos, cidadãos de segunda categoria em seu país, eles não podem fazer o que aos estrangeiros é permitido. Então, ou se valem do generoso e discreto auxílio de colegas não cubanos com acesso ao Centro de Imprensa ou de contatos em hotéis e outros raros pontos onde estejam disponíveis conexões à internet. Eu trazia comigo, repito, os nomes de três ou quatro dezenas desses bravos “periodistas” marginalizados pelo regime. Mas não sabia como os localizar.
Em Havana, os cubanos te param na rua a cada dez passos para oferecer chicas e charutos ou para se disponibilizar como guias turísticos. Estes últimos fazem plantão diante dos hotéis e costumam ser muito cordiais. Todos rendem a maior solicitude a uma nota de dez dólares (é mais do que o salário de um mês). Então, por duas vezes, na tarde daquele dia, tentei usar a intermediação desses cubanos para me ajudarem a contatar com alguns daqueles jornalistas, sem resultado. Sem resultado? Minto. Ao exibir para essas pessoas os nomes que a Graça me fornecera, colhi um resultado, sim: um esgazeado olhar de pânico lançado ao redor, seguido de súbita e silenciosa retirada. O cubano vive com medo. E eu, naquele exato dia, desisti de encontrar meus periodistas independientes. A minha lista era assustadora.
Essas e outras experiências pelas quais passei, como, por exemplo, a de ser filmado e seguido nas ruas depois de conversar com alguns dissidentes, me põem as barbas de molho sobre a possibilidade de que a blogueira Yoani Sanchez seja quem diz ser. O tema foi muito bem levantado em recentes artigos pela própria Graça Salgueiro (notalatina.blospot.com) e pelo psiquiatra rio-grandino residente no Rio, Heitor de Paola (www.heitordepaola.com). A existência de alguém como a blogueira, vivendo em Cuba, dizendo o que diz, livre, leve e solta é algo bem além das fronteiras do crível.
Entendamo-nos, leitor. Antes de retornar para o Brasil, eu tive o cuidado de destruir a lista de nomes que levava comigo porque, em virtude das experiências que relatei no livro “Cuba, a tragédia da utopia”, temi ser revistado ao passar pela Seguridad del Estado no aeroporto José Martí. Pois eis que em março de 2003 um arrastão repressivo varreu a Ilha. Setenta e cinco pessoas presas. Jornalistas independentes e dissidentes políticos condenados a penas que chegavam a 25 anos naquelas infectas prisões políticas. E entre esses presos se contavam três dos quatro dissidentes que eu havia conseguido entrevistar, quando em Havana, porque destes eu tinha comigo os telefones (mais tarde descobri que eram grampeados, o que deu origem aos incidentes que se seguiram).
Pois bem, se as coisas em Cuba são assim, como pude constatar pessoalmente, parece-me pouco verossímil que Yoani Sanchez não conte com beneplácito do regime. Seria muito estranho. Sua liberdade de movimentos não combina com os fatos num país onde toda a brutalidade é possível e onde qualquer liberdade é improvável. Basta conversar com um cubano para perceber que emitir opinião contra o regime lhes faz mal à saúde pessoal e familiar. No universo das probabilidades, a maior delas é a de que dona Yoani esteja na missão de sugerir ao mundo que lá se pode, livremente, fazer o que ela faz.
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* Percival Puggina (64) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.
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