Notícias Militares

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Saudação aos novos oficiais-generais












Por especial delegação do Senhor Comandante do Exército, General-de-Exército ENZO MARTINS PERI, cumpro a honrosa missão de saudar os novos oficiais-generais.

Senhores Generais-de-Brigada recém-promovidos!
O ingresso dos senhores no vértice da estrutura militar foi precedido de um conjunto de ações específicas, processos normatizados, decisões qualificadas, escolhas entre tantos igualmente capazes, muita emoção e muita alegria. Este momento soma-se aos anteriores.

Hoje, portanto, é um dia festivo. A promoção na Ordem do Mérito Militar; o recebimento do Bastão de Comando; a condução da Espada de General por Cadetes e sua entrega por Chefes Militares experimentados e amigos; e a primeira continência da tropa são simbolismos baseados em valores imutáveis e em tradições reverenciadas pelo Exército de CAXIAS, legadas por nossos antecessores. Mas são simbolismos. Revestem-se de significados, impõem-nos responsabilidades, confortam nossos sacrifícios e enchem-nos de orgulho. Mas são simbolismos. No palco da vida a cortina ergue-se todos os dias. A realidade continuará sisuda, impositiva e desafiadora, e sem muita simpatia para com amadorismos, romantismos e achismos. Ela vai continuar a exigir fortaleza, coragem e determinação de todos. Portanto, o conjunto de atributos que os promoveu a general exige aperfeiçoamento contínuo. Preparem-se ainda mais, e com ânimo ainda mais forte. Os senhores foram promovidos com base na lei da salutar renovação. Ocupem os espaços deixados, expandindo-os, e sabendo que suas responsabilidades também estão sendo ampliadas. Não apenas enfrentem as adversidades, vençam-nas. Superem-se. Mudem preservando. Aperfeiçoem. Transformem.

Nessa jornada que iniciam, a confiança conquistada na superação de obstáculos que os angustiaram e que foram vencidos, os sentimentos de patriotismo, de honra, e de cumprimento de missão continuarão a ser seus estímulos. Deixem seus corações seguir à frente e tentem alcançá-los. E, de acordo com as circunstâncias, pratiquem outras virtudes que moram em seu caráter.

O Posto de Observação do general é estratégico. Embora, por vezes, ele cuide da parte, precisa enxergar o todo. Os senhores estão atingindo o generalato num momento em que o Brasil alcança um patamar geopolítico inédito e, por isso mesmo, de consequências não completamente previsíveis. Tudo indica que o crescimento do Brasil é progressivo e sustentável. Crescer ocupa espaço. E isso ocorre em momento de mudanças: presença de potências extracontinentais em nosso entorno estratégico e crise no mundo desenvolvido. Essas forças podem não ser convergentes. O Estado Brasileiro, como se sabe, sempre visualizou o caminho da cooperação mútua, do entendimento construtivo e da diplomacia fundamentada em princípios para resolver suas controvérsias. Esse é seu Plano A, sempre desejável e buscado. Contudo, há que se acompanhar a conjuntura, porque as Forças Armadas - além da dissuasão e das ações subsidiárias – existem, também, para ser empregadas em situação de Plano B.

Para o Exército, a promoção dos senhores gera uma grande expectativa, pois fortalece e renova a certeza de firmes, corajosas e equilibradas decisões que irão dar continuidade à trajetória de mudanças e transformações necessárias à aquisição, pelo nosso Exército, de capacidade dissuasória ajustada à estatura do País. O BRASIL já se alinha entre os principais atores globais, credor de respeito internacional, possuidor de voz ativa em foros mundiais e detentor de responsabilidades que ultrapassam nossas fronteiras.

A multipolaridade, as incertezas e a necessidade de atuação em ambiente de divergências exigem que as operações sejam cada vez mais conjuntas e interagências, onde a cooperação, a coordenação, o controle, a interoperabilidade e a complementaridade mostram que nenhuma instituição é tão forte quanto todas unidas. Busquem sempre a convergência de esforços. E ajam para unir cada vez mais vontades e ações em prol da melhor resposta para a grandeza do Brasil. A palavra chave é liderança, segundo seu melhor estilo: o exemplo pessoal.

A vitória dos senhores e o orgulho dos familiares e amigos são também vitória e orgulho de todo o nosso Exército.

De forma resumida, foram essas as ideias que o Sr Comandante do Exército incumbiu-me de lhes transmitir.

Que o mesmo Deus que os guiou até aqui continue a iluminar suas jornadas.

Parabéns, saúde e sucesso!

Brasília, DF, 17 de agosto de 2011.

General-de-Exército JOAQUIM SILVA E LUNA
Chefe do Estado-Maior do Exército


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amorim rebate críticas e defende general














Novo ministro da Defesa diz que não dá para partidarizar as Forças Armadas e elogia o comandante do Exército

Amorim afirma que país terá de comprar novos caças para a FAB, mas não dá para dizer qual será o momento exato
ELIANE CANTANHÊDE

Em resposta a seus críticos militares, o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, provoca: "Você não pode fazer das Forças Armadas uma coisa partidária nem para a esquerda, nem para a direita". Em entrevista no novo gabinete, Amorim, 69, disse que o comandante do Exército, general Enzo Peri parece uma pessoa "não apenas ilibada, mas até um asceta". Relatório do TCU diz que Enzo favoreceu firmas ligadas a militares ao dispensá-las de licitação de 2003 a 2007.

Folha - O sr. é "esquerdista"?
Celso Amorim - Esses rótulos, é melhor deixar os outros colocarem. Uns dizem que fui colocado pela presidente Dilma por ser nacionalista, o que agrada aos militares. Outros, que foi porque sou esquerdista, o que não agrada a eles. Mas, no Brasil, nacionalismo não é confundido com esquerdismo?

O sr. mantém a crítica que fez na revista "Carta Capital" ao voto favorável do governo Dilma a um relator da ONU para apurar abusos contra direitos humanos no Irã?
Hoje eu sou parte do governo e tenho de participar solidariamente das decisões do governo, e essa pasta pertence a outro ministro. Como intelectual independente, o que eu escrevi e disse claramente é que, se fosse eu, não teria tomado aquela atitude.

Uma crítica de militares ao sr. é a ligação com o Irã.
Nós nunca ficamos amiguinhos do Irã, que não é uma prioridade da política externa. O que foi prioridade, em determinado momento, foi resolver um problema grave para o mundo: o programa nuclear do Irã.

O sr. escreveu que não são satisfatórias as relações entre o poder civil e os militares e a responsabilidade por atos da época da ditadura. Como avançar nos dois casos?
Não me recordo das palavras exatas, mas não disse que não são satisfatórias, mas que talvez alguns não vejam como satisfatórias. Uma constatação, mais que um juízo de valor. A subordinação das Forças Armadas ao poder civil é clara.

Por que não falou da Comissão da Verdade na posse? O sr. defende a responsabilização de militares por atos na ditadura?
O principal é o restabelecimento da verdade. Com bom senso de todos os lados e boa articulação política, que cabe ao ministro da Justiça, chegaremos a uma boa conclusão.

O general Augusto Heleno...
A quem aprecio, pelo bom trabalho que fez no Haiti.

... disse que o comprometimento ideológico tem repercussão altamente negativa entre os militares.
Você não pode fazer das Forças Armadas uma coisa partidária, nem para a esquerda, nem para a direita, nem para o centro. Para isso nós temos a presidente da República, que é quem escolhe e quem decide e que foi eleita pelo povo brasileiro.

Pergunta de um oficial: e se fosse um general mandando no Itamaraty?
Diplomatas são disciplinados, e já houve ministro militar: Juracy Magalhães.

A presidente deu sinal de que vai descontingenciar verbas?
Vou conversar com os ministros da área econômica. Qual a solução? Quando? Não sei. Vamos ver.

E os caças?
Os caças terão que vir. Achava isso como ministro das Relações Exteriores e continuo achando como ministro da Defesa. O momento exato não dá para dizer.

O sr. prefere os Rafale?
No governo Lula parecia que o que tinha mais condições de fazer transferência de tecnologia era o francês. Mas não acompanhei o desenrolar das discussões sobre isso e a renegociação de preços.

Como tocar o programa nuclear da Marinha sem verba?
Vai ter recursos sim. A presidente é nacionalista, patriota e sabe da importância de proteger os nossos recursos, principalmente a camada do pré-sal.

E o acordo com os EUA para o uso da base de Alcântara?
Foi paralisado no Congresso porque não tem cabimento brasileiros não terem acesso a certos lugares no território nacional. É uma questão de soberania inegociável, e não uma questão ideológica.

Jobim e o sr. estabeleceram uma linha de distanciamento dos EUA, mas Patriota faz uma linha de aproximação. Onde o sr. se encaixa agora?
Jobim até patrocinou, junto conosco, um acordo militar com os EUA. Temos de ter a cabeça aberta, acabar com a mania de que o que é a favor do Brasil é contra os EUA.

Por que defende sair do Haiti?
Dizem que democracia é quando um presidente passa o governo a outro presidente eleito. É hora de discutir uma saída organizada, inclusive com ONU. Uma possibilidade é deixar um batalhão de engenharia do Exército.

O comandante Enzo Peri é investigado por ter assinado 27 contratos sem licitação. O sr. vai tomar providências?
Bom, o general me disse que já há investigações iniciadas por ele.

Vai investigar ele próprio?
É preciso separar o joio do trigo. Tenho 50 anos de serviço público e conheço as pessoas pelo olho. O general Enzo me dá a impressão de uma pessoa não apenas ilibada, mas até de um asceta. O que tiver de ser investigado será.

Genoino vai ficar na Defesa?
Vai. E pode botar um ponto de exclamação.