Vício em alta
Ernesto Caruso, 01, 02/11/2009
O vício está em alta no Brasil, nas altas e nas baixas.
No litoral, no interior, na praia, no planalto, morro, asfalto, centros, periferias, duplex, barracos, praças, bailão, pancadão, boate, bares e botecos, cujo resultado final é o homicídio com maior ou menor agravante pelo efeito da droga, ou o suicídio, pela overdose/dose homeopática; morte lenta do consumidor, desgaste gradual da família por uma doença provocada, muito além das que a natureza impõe.
Multiplicam-se os órfãos das drogas, cedo demais pela perda dos pais, tarde demais nos ombros de avós idosas, viúvas, cabelos brancos, andar lento, inchaço nas pernas, bolsos vazios, vida de sacrifício, sem remédio, ao lado do posto médico, hospital, falidos, onde já perdeu o marido que morreu na fila, sem socorro médico ou exaurido, não assistido, atingido pela bala perdida.
Hospitais que não conseguem atender quem trabalha, recolhe impostos e paga a previdência. Como vão dar conta dos envolvidos em surtos psicóticos, tratar dos viciados em escalada geométrica? O Estado só admite a internação voluntária. Mães pobres, sem esperança nos governo, esgotadas, acorrentam filhos e filhas em desespero para não verem seus filhos mortos pelo narcotráfico.
Dias desses uma ocorrência foi deveras comovente, não por ser a única, mas pelos registros que ficaram, sem motivar as autoridades. Triste o sacrifício imposto a uma jovem de 18 anos na luta contra o vício que exauria o namorado e por ele é barbaramente estrangulada e morta, no Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, lá residentes e vizinhos de prédio. O sofrido pai pelo vício destruidor do filho, agora acumula o desgosto de o ver como assassino. Desnorteado pediu desculpas à família da vítima e fez críticas à política de tratamento do dependente químico, afiançando que todo viciado que se torna perigoso, deveria ser mantido em tratamento para a defesa da vida de desconhecidos, como dos próprios entes queridos. Ressalta que a namorada era um anjo na vida do filho.
Pobre moça — Bárbara Calazans — vítima da irracionalidade do namorado e das autoridades que não cumprem com as suas obrigações, propiciando condições para a proliferação do mal.
Causas várias se somam, personalidade, meio, estímulos negativos, rupturas, etc, mas uma origem é inconteste, a existência da droga por um lado, e a propaganda, pelo outro.
Os apologistas da liberalização, como a justificar o “eu não estou errado” chamam de hipócritas os contrários — rótulo simplista para demonizar — e dizem que o álcool e o cigarro fazem mal de igual forma. Hipócritas, viciados e falsos são eles. Fume um cigarro, beba o conteúdo de uma lata de cerveja, quantidade admitida para dirigir automóvel e fume um cigarro de maconha. Um só “baseado” é suficiente para a pessoa “viajar”, se esquecer do presente, gerar preguiça e facilitar a caminhada para as drogas mais devastadoras como o crack.
O vinho em doses controladas; uma taça nas refeições, é salutar.
Mas, mesmo assim, não se pode fazer propaganda de cigarro, já bastante coibido em lugares públicos, e o mesmo deveria ser para cerveja, no concernente à publicidade, pois a “lei seca” deu um freio no consumo de bebidas vinculado à condução de veículos.
Renda-se homenagem a Pelé; quero crer, nunca tenha feito propaganda de bebida alcoólica e de cigarro.
Ora, chamar de hipocrisia por hipocrisia, como considerar as drogas lícitas que consideram como o MAL, para justificar a maconha como BEM?
Se, desejam ajudar, façam campanhas contra o cigarro e as bebidas. Criem regras mais severas nos horários de funcionamento de bares e boates. Cobrem das autoridades o cumprimento da lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores.
Não se pode justificar a maconha pelo consumo excessivo do álcool. Ainda que assim entendam, um erro não justifica o outro.
Infelizmente, o governo empresta a sua imagem em favor do vício. Um presidente da República tem projeção elevada pelo cargo que exerce e qualquer dos seus atos gera influências, define posições. As empresas de propaganda usam com intensidade as figuras que se destacam, sejam bem conhecidas e normalmente exitosas nas artes, nos esportes, etc, nas promoções de produtos e nos processos educativos.
O presidente Lula em visita à região do Chapare, centro produtor de cocaína juntamente com Evo Morales, vestiu um colar feito de folhas de coca, e no discurso a uma platéia de cocaleros, anunciou que o Brasil substituirá os EUA na compra de têxteis, com tarifa zero, no valor de US$ 21 milhões. Morales concluiu: "Viva a coca, morte aos ianques."
O ex-presidente dos EUA, G. W. Bush, excluíra a Bolívia da lei de preferências tarifárias, decisão mantida por Barack Obama, entendendo que o alto escalão do governo incentiva a produção de coca, matéria-prima da cocaína.
Agravante de tal exposição é a constatação de que a Bolívia é o principal fornecedor de cocaína ao Brasil.
No mesmo contexto de incentivo ao vício, destaca-se a figura do ministro Carlos Minc, como defensor da descriminação da maconha, o que traduz um propósito de governo. Mesmo os que ficam calados, estão concordes ou já teriam se retirado em protesto
Minc participou da marcha que propõe a liberação, ampla, geral e irrestrita da erva maldita, na cidade do Rio de Janeiro, e a seguir em um show, elogiou com ritmo e poesia a Argentina por ter conquistado tal objetivo.
Argumenta de forma frágil que hoje a guerra das drogas mata mais do que a overdose.
Pode até matar mais do que a overdose no imediato, mas é infinitamente menor do que o sofrimento que a droga dissemina, que sufoca e destroi as famílias, sobrecarrega a combalida assistência médica, que afasta o homem do trabalho, o transforma em morto-vivo e o mata no médio prazo. Uma infâmia.
Querem transformar o traficante em empresário. E com isso, vai aumentar ou diminuir o consumo?
Já na Inglaterra de liberdade incontestável foi muito diferente.
O ministro do Interior, Alan Johnson, pediu ao professor David Nutt, conselheiro do governo britânico para as drogas, que apresentasse sua demissão, por não admitir a sua afirmação de que a maconha, o êxtase e o LSD são substâncias menos perigosas que o álcool e o cigarro, pois perdera a confiança no especialista, concluindo: "É importante que as mensagens do governo sobre as drogas sejam claras."
Não é possível que em termos de Brasil, as autoridades de diversos matizes ideológicos, educativos, princípios e fundamentalmente religiosos, compartilhem e vejam as cenas narradas acima, com a participação do presidente Lula e o seu ministro Minc, protagonizadas por noviças castiças.
O vice presidente José Alencar é católico fervoroso, pertence ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), do Bispo Macedo, bem como o senador Bispo Marcelo Crivella, três grandes líderes na fé cristã, indubitavelmente.
Evangélicos, católicos e espíritas vêem esses vícios com naturalidade? Autoridades eclesiásticas, bispos, pastores não condenam esses comportamentos nas suas pregações? Como admitir alianças com quem blasfema, compara uma administração pública que para ter sucesso, há que considera um acordo de Jesus com Judas?
Conclui-se que o governo é pró liberação da maconha, mas não deveria contar com o apoio das gentes que pregam o bem, a fé cristã.
Ora, Lula instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus em cerimônia, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com a presença do senador Bispo Crivella (PRB), sobrinho de Edir Macedo da Igreja Universal, a ministra a ministra Dilma Rousseff, e os bispos da Igreja Renascer Sônia e Estevam Hernandes.
Desse mesmo governo, a ministra Dilma segue em peregrinação religiosa Vai à Salvador, participa da Lavagem do Bonfim, com as vestes e banho típicos do ritual do candomblé, e da missa com direito à saudação feita pelo pároco local e depois no norte do país, na tradicional procissão do Círio de Nazareth
Não há compromisso entre o que se prega e que se pratica, ou no vale tudo, acende-se uma vela a Deus e outra ao diabo.
Em termos de responsabilidade constitucional, a assistência médica que não está sendo devidamente prestada, é atribuição do sistema único de saúde no nível nacional, e que advém das contribuições dos trabalhadores (Art 198) e o combate ao narcotráfico, compete à polícia federal (Art 144, § 1º, II,III).
Vamos rezar a todos os santos para que livrem a sociedade brasileira de governos como o de LULA/DILMA, muito menos a sua continuidade, e pelos finados, vítimas do narcotráfico e dos que lhes apóiam, não lhes dão combate com eficiência e dos que são omissos por interesse ou covardia.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
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