quarta-feira, 14 de maio de 2008
Aos colegas Of R/2
Aos
Colegas Oficiais R/2 do Exército Brasileiro
E cidadãos e amigos de primeira chamada:
Saudações Infantes!
Pela propriedade do texto e relevância do assunto, discutida, inclusive com o próprio General Heleno, Comandante Militar da Amazônia, quando estivemos com o mesmo na festa de 200 anos de Osório, no dia 10 de maio no Parque Osório, Estado do Rio Grande do Sul, estou repassando a mensagem abaixo do professor de Filosofia da UFGRS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Denis Lerrer Rosenfield.
Entendo que todos os Oficiais R/2, por estarem inseridos na vida civil, em pontos-chave da sociedade, notadamente formadores de opinião, e que configuram a Reserva Ativa do Exército e da pátria, têm a obrigação de promover o debate sobre tão relevante e pontual tema em todas as suas redes de relacionamento, civis e militares, buscando a maior transparência possível sobre o tratamento e encaminhamento das questões estratégicas nacionais pelo Governo Federal.
A Justiça não socorre os que dormitam, os que não vêem nas questões nacionais suas prioridades e foco de interesses, até que seja tarde demais para evitar perdas irrecuperáveis. As gerações futuras haverão de cobrar a nossa atitude no presente sobre a unidade do país, o respeito pelas instituições e a defesa intransigente da soberania nacional.
A formação da consciência da cidadania, tão salientada e escolhida como bandeira eleitoral pelo partido do atual presidente da República, deve ser eleita pela República não somente no campo da retórica, mas efetivamente na materialização de ações cívico-sociais. A idéia de nação, de pátria, de Estado deve ser difundida onde por vezes os meios de comunicação mais modernos não chegam. O Estado tem que estar presente em todo o território brasileiro. A presença concreta do Estado, interagindo com as comunidades mais distantes e isoladas é uma questão estratégica, antes mesmo do que ser uma questão social, cultural ou econômica.
A maior parte da população desconhece que o Brasil já perdeu porções de seu território em diversos episódios nos dois últimos séculos em disputas de áreas de fronteira, na região Norte, na Amazônia. A fragilidade e ou inabilidade dos nossos dirigentes à época dos fatos que não são contados nos bancos escolares nos deixaram máculas e feridas que não cicatrizam. A ignorância do povo brasileiro sobre a existência, a extensão e a variedade das riquezas da Amazônia, em todos os níveis - o que nos torna um país de notável importância econômica e estratégica aos olhos mundo - é absurda e inaceitável se compararmos quantos anos já vivemos sob a bandeira da República. O foco na educação é fundamental para a criação de um conceito de cidadania, dai concluir-se que a educação deveria ser tratada como questão estratégica pelo Governo Federal e, respeitando as respectivas competências, pelos Governos estaduais e municipais. Não há como lutar-se pela soberania do Brasil se o povo brasileiro desconhece o sentido da palavra soberania. Povo soberano consubstancia-se na formação de cidadãos conscientes. E aqui se faz um registro necessário: as Forças Armadas do Brasil sempre foram e sempre serão as protetoras das Instituições, do País e da Nação, pois o civismo nunca deixou de ser matéria obrigatória, exigida em todos os níveis e demonstrada sempre que necessário. Educação, civismo, hierarquia e disciplina: as características e marcas determinantes de uma Força e de uma Nação para sobrepujar as dificuldades e vencer os obstáculos que ameaçam a sua existência e a sua soberania.
Lógica há, portanto, que perceba-se, não de agora, que um processo consciente e gradual de enfraquecimento das Forças Armadas venha sendo lentamente posto em prática, motivado por interesses estranhos à Pátria Brasileira e que, talvez agora, comecem a ser notados cada vez com mais nitidez, inclusive pelo texto que abaixo de transcreve.
Mas ainda podemos contar com a fibra de guerreiro, com a visão estratégica e com o sentimento de amor pelo Brasil de brasileiros como o General Heleno que passou a ser conhecido em todo o Brasil pela sua atuação exitosa no comando das tropas da ONU no Haiti e, ao retornar para o Brasil e assumir o Comando Militar da Amazônia, pelas suas manifestações e críticas dos riscos e perigos da atual política de demarcação de terras indígenas no Brasil, problema que se enfrenta há 20 anos, e que chamaram a atenção do país para os equívocos que estão sendo cometidos na região amazônica.
A mais odiosa ignorância, é a ignorância política.
Mais forte do que um ferimento de batalha, é a lembrança inesquecida de que batalha houve.
Mais emblemático do que a farda que ostentas, é a nação que representas.
Peço a todos que leiam com generosa atenção. Reflitam e discutam com seus pares, mas discutam. Não permitam que este assunto seja sepultado pela falta de devida exposição na mídia, relegado a um segundo plano em detrimento de algum drama pessoal convertida em novela policial a ocupar horas a fio os meios de comunicação, como se o tempo não estivesse passando, pessoas morrendo no esquecimento, valores sendo pisoteados e crianças sendo pranteadas por quem não vislumbra um futuro diferente desse que nos está sendo imposto.
Reaja! Dê a sua opinião.
Atenciosamente,
Eduardo MARENCO
Ten. Infantaria R/2 - Exército Brasileiro
Advogado
eduardomarenco.adv@hotmail.com
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