A CRISE MORAL E OS VALORES MILITARES A quem interessar possa. Em recente crônica de 18/06/2008, acerca dos malfadados acontecimentos protagonizados por militares do Exército nos morros da “Providência” e da “Mineira”, o renomado Professor Oliveiros S. Ferreira elaborou o intrigante texto “Questão de Método” (Pensar e Repensar), do qual selecionamos as passagens abaixo, que sintetizam uma verdade inquestionável, a qual, mesmo os chefes militares que deveriam ser os mais atentos a respeito do tema, insistem em desconhecer ou reconhecer como reais. ...“Encastelados e, até certo ponto, deixando que sua reação seja orientada exclusivamente pela necessidade de defender o nome da instituição, os Comandos não se apercebem de que o que ocorreu só pôde ter ocorrido porque ela, instituição, está em crise - crise que alguns pensadores do começo do século XX diriam ser crise moral, na medida em que os valores que a aglutinam já não têm o mesmo peso para todos os que a integram. Quando um Oficial considera que o cumprimento de uma determinação (ordem ou que coisa tenha sido) de seu superior poderá fazer que seus subordinados passem a vê-lo como frouxo, a idéia mesma de disciplina e de hierarquia — e, junto com ela, o ideal da corporação — desapareceu. O importante é ver o ocorrido como indício seguro do único fato com que os Comandos deveriam preocupar-se: o caminho para a anomia está aberto”. ... “A crise é moral, uma crise de valores. Assim é, porque os valores que aglutinam a Força Armada já não têm, para o conjunto de seus integrantes, a capacidade de soldar todas as almas na disposição de enfrentar os sacrifícios exigidos para que se mantenha viva a chama do ideal. Da honra!” O tema toca-nos de modo especial, pois debruçados sobre sua problemática, durante quase três anos de minuciosas pesquisas e dedicados estudos, elaboramos um trabalho inédito, que repousa nas gavetas do DEP, intitulado “Valores Militares”, que entendemos, poderia ser publicado para difusão. Durante o trabalho, realizamos mais de cem entrevistas (com treze perguntas) por escrito, com a colaboração de militares da reserva (na sua maioria), e mesmo da ativa, de todas as patentes e graduações. Seria deveras interessante que os encarregados das áreas responsáveis pelo aspecto moral da Força e isto inclui os Valores, as Virtudes, os Atributos e as Qualificações e, portanto, estão, intimamente, ligados aos Princípios da Chefia e da Liderança, tomassem conhecimento e as devidas providências. Respaldam aquela apreciação, além dos estudos levados a termo pelo autor, suas preocupadas considerações e alertas, e uma Pesquisa, contendo 30 perguntas de múltipla escolha, na qual entrevistamos mais de 900 (cem de cada Escola/Quartel) militares do universo que chamamos “os novos contingentes”, ou seja, àqueles que cumpriam seu 1º ano na caserna. Por isso, dirigimos nossa Pesquisa para a Escola Preparatória, para o 1º Ano da AMAN, para a ESA, para o NPOR do Rio de Janeiro, para a Escola de Administração e para a Escola de Saúde, nesta, tanto para os Oficiais como para os Sargentos e, também, para três Quartéis do Distrito Federal. Nas Escolas de Administração e Saúde, inclusive para o segmento feminino. Para validação dos objetivos pretendidos, a Pesquisa foi realizada ao final do ano, ou seja, após o universo considerado ter vivenciado um bom período na caserna. Tivemos, embora parcial, uma lúcida percepção do que estava ocorrendo, pois tínhamos a opinião e o pensamento de profissionais de vasta experiência, e o sentimento dos novos militares, acerca de sua curta vivência na caserna. É inegável, que semelhante estudo deveria ser de valia para o entendimento efetivo do que ocorre na atualidade no seio militar, em termos de Valores, corroborando a real dimensão da situação, como bem retratou o Professor Oliveiros. À guisa de informação, destacamos que o trabalho é muito mais amplo do que o referido nas duas pesquisas. Estas, apenas uma parte de um estudo, que entre outras abordagens, debruçou-se, inclusive, na análise dos Programas de Ensino daquelas escolas (no caso dos soldados, foram estudados os Programas de Instrução a cargo do COTER), nos aspectos “Atributos” (Virtudes...), e no tema “Chefia e Liderança”, verificando-se em cada um, os assuntos abordados, a dosagem, a carga curricular, etc. Finalmente, alertando aos desavisados ou preconceituosos, o trabalho longe de pretender tornar públicas eventuais idiossincrasias da Força, visava, como visa, prestar uma graciosa colaboração, e mesmo homenagem à Instituição, que tanto respeitamos e admiramos. Por isso, antes de uma crítica, a quem quer que seja, entendemos que o nosso esforço, prioritária e objetivamente, ao abordar um tema onde poucos mourejaram, tanto que não existe nenhuma obra deste quilate na Historiografia Militar Brasileira, foi escrever um preito, uma louvação, uma emulação ao Exército Brasileiro e aos militares em geral, independentemente de seu posto ou graduação. Infelizmente, por fatores alheios a nossa vontade, não atingimos o nosso intento. É lamentável. Brasília, DF, 20 de junho de 2008 Gen. Bda R1 Valmir Fonseca AZEVEDO Pereira
domingo, 22 de junho de 2008
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Um comentário:
Que saudade imensa do Marechal Castelo Branco!!!!!
bem... naquele tempo não havia internet e os militares no lugar de ficar reclamando e escrevendo belos textos em frente ao PC, partiram heroicamente para a defesa da pátria e dos brasileiros contra a horda dos bárbaros comunistas.
terrivelmente deplorável o modo como as FFAA entendem o que seja governabilidade, democracia ou soberania nos dias atuais.
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