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domingo, 8 de junho de 2008

GENERAL LESSA

Luiz Gonzaga Schroeder Lessa: 'as Ongs são estado paralelo na Amazônia' Com a experiência de quem já esteve à frente do Comando Militar da Amazônia, o general Lessa se tornou coferencista sobre a floresta e denuncia: devido à ausência do Estado, mais de 100 mil ONGs se julgam as donas daquele território
Márcia Brasil





Rio - A existência de um ‘Estado paralelo’ na Região Norte do País, dominado informalmente por Organizações Não-Governamentais (ONGs), que controlam a entrada e a saída de pessoas na Amazônia, sem a chancela do governo brasileiro, é uma das principais preocupações do general Luiz Gonzaga Schroeder Lessa.

Só na região da Amazônia, seriam mais de 100 mil ONGs.

A maioria não é fiscalizada e atuaria livremente na região.

Especialista em assuntos da Amazônia desde que entrou para a reserva, em 2001, o General Lessa já esteve à frente do Comando Militar da Amazônia (CMA), do Comando Militar do Leste (CML) e foi presidente do Clube Militar.

Hoje, Lessa é conferencista sobre assuntos da Amazônia e faz um alerta sobre a ausência do Estado na região e o avanço das ONGs.

Ele recebeu equipe de O DIA para falar sobre o tema.

Qual o principal problema da Amazônia hoje?
— É o vazio de poder motivado pela ausência do Estado. O Estado brasileiro não se faz presente na Amazônia. Naquela área enorme, as fronteiras são muito permeáveis, e o dispositivo militar que existe nas fronteiras é fraco — de vigilância, apenas.
A Polícia Federal na área é muito fraca, e o Estado não se faz presente na suas funções básicas, como promover educação, saúde, e políticas de desenvolvimento sustentável.
Como o Estado está ausente, outros querem tomar o poder do Estado.
E quem quer tomar esse poder?
As ONGs.
E querem já há muito tempo.
Quantas ONGs existem na Amazônia hoje?
— Estima-se que o Brasil tenha 276 mil ONGs.
Na Amazônia, são mais de cem mil.
Mas essas cem mil ONGs atuam sozinhas.
Elas atuam livremente, sem fiscalização.
O governo não sabe quem as apóia nem como elas são orçamentadas.
Elas não prestam contas para ninguém.
E dominam territórios fisicamente.
Como assim?
— É outro Estado paralelo.
É o Estado paralelo da Região Norte.
Tem parte da Amazônia que você só entra se a ONG deixar.
Eu só entrei em algumas áreas controladas por ONGs fardado.
Parte dessas terras elas compraram, parte elas controlam a população, particularmente os índios.
E controlam até o fluxo nos rios.
O Rio Negro é um exemplo.
Nem como turista você entra nessas áreas.
Não entra !
O senhor poderia explicar melhor esse controle?
— Você pode chegar como cidadã brasileira e navegar para alcançar o alto do Rio Negro.
Chegando lá, em determinado ponto tem um tipo de posto de controle dessa ONG.
Ela pergunta onde a senhora vai.
Então você responde: vou subir um pouco mais o rio.
Eles insistem e perguntam: quer falar com quem?
Eles respondem: não, a senhora não pode passar daqui não.
E não vão lhe deixar entrar.
O senhor quer dizer que existem áreas na Amazônia que não são reservas indígenas, bases militares, nem grandes propriedades privadas, mas que são restritas ao cidadão comum?
— Sim.
São restritas.
Mamirauá (reserva florestal entre os rios Solimões e Japurá, no Amazonas), região que é muito apreciada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo atual, Lula, é uma delas, só para dar um exemplo.
O ex e o atual chefe da República estiveram lá em navios da Marinha.
Ali você não entra.
É cheia de estrangeiros lá dentro, a título de pesquisadores.
E quem não é da área não entra.
Mas muitas outras áreas da Amazônia também são restritas.
E eu estou falando em áreas de reservas florestal.
Quando você fala em reservas indígenas, a restrição é pior.
Porque, pelas regras da Funai, o não-índio não pode entrar em terras indígenas.
Então isso pode indicar que quem atua no tráfico de armas, de munição e de drogas pode se aproveitar dessa situação?
— A Amazônia é uma área ainda hoje praticamente fora de controle.
Pode entrar de tudo nessas áreas.
Com a chegada do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), houve uma redução expressiva do tráfico de entorpecentes pelo ar.
Porque há o receio da Lei do Abate.
Mas aumentou muito o tráfico de drogas terrestre e fluvial, pelos rios.
Junto com isso, vão as armas.
Porque se você leva tóxico, você pode levar armas e munição.
E também não podemos esquecer a proximidade dos acampamentos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Qual a influência da guerrilha colombiana na Amazônia brasileira hoje?
— Ainda que as Farc estejam enfrentando um problema bastante difícil agora, o que mantém a sua sustentação basicamente é o narcotráfico.
Eles estão assaltando pouco, seqüestrando pouco.
Essas são as grandes fontes de renda das Farc, junto com o narcotráfico.
Como esses crimes estão sendo pouco praticados em razão da pressão das Forças Armadas colombianas, o narcotráfico é o que garante o sustento dos guerrilheiros.
A proximidade com as nossas fronteiras facilita a entrada da cocaína que eles produzem.
No retorno, eles levam suprimentos em geral, como alimentos e remédios, cimento para misturar com a cocaína e, muitas vezes, munição brasileira.
Agora, indício de movimentação de guerrilheiros colombianos em solo brasileiro só existe em dois locais: São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas.
Qual a situação dessas 276 mil ONGs que existem em território brasileiro?
Desse total, 29 mil recebem recursos federais.
Das 100 mil localizadas na Amazônia, apenas 320 estão cadastradas pelo governo federal.
É um quadro de total descontrole.
Vale destacar também que, em 2002, o número dessas organizações no País era de 22 mil.
Já em 2006, pulou para 260 mil.
Um aumento de 1.181% em apenas dois anos.
E todos esses dados são públicos.
Estão no site do Siaf (Sistemas Integrados de Acompanhamento Financeiro).

Um comentário:

Anônimo disse...

VIVEMOS SOB A DITADURA DA CORRUPÇÃO E DA IMPUNIDADE


ESTÃO DESTRUINDO A REPÚBLICA!!!

e ninguém toma uma atitude patriótica para colocar essa gentalha na penitenciária.

SOCORRRRRRRRRRO