Assassino invisível
Marli Nogueira*
Tenho ouvido as mais disparatadas opiniões a respeito do seqüestro em Santo André, inclusive de pessoas que, em razão de sua autoridade, tinham a obrigação de não ser tão superficiais. Há quem diga, por exemplo, que ele resultou de uma "arraigada cultura machista". Mentira! Ele resultou, isso sim, de uma paixão, doença da alma que, na ausência de antídotos fortes que só podem ser produzidos mediante uma excelente formação moral que dê estrutura ao indivíduo, acaba extravasando de seus bordos e causando tragédias como essa. Paixão, como essas autoridades deveriam saber, deriva do termo grego pathos, que significa exatamente "doença". Dele vêm os demais termos ligados ao mesmo tema, como "patologia" e "patológico". E, como doença da alma, pode acometer homens ou mulheres. Aliás, não são tão raros assim os casos de mulheres que matam seus maridos por ciúmes, exatamente como fez o rapaz de Santo André. Pretender utilizar esse caso para estimular mais desavenças, colocando mulheres contra homens, é, no mínimo, uma irresponsabilidade.
Outra opinião completamente distorcida é a de que o crime decorre da "permissão exagerada" do uso de armas. Mais uma mentira da grossa! Ou será que alguém imagina que o seqüestrador-assassino comprou a sua arma em um estabelecimento comercial autorizado, mediante a apresentação do porte de armas e, ainda por cima, a registrou regularmente? Ele mesmo afirmou que "comprar uma arma é facílimo". E é mesmo. Basta contatar um bandido qualquer, pagar-lhe o preço solicitado e pronto. Esse papo de desarmamento (que fatalmente voltaria à baila após o "sucesso" da Lei Seca) é conversa mole para boi dormir. O Brasil somente poderá aceitar uma política de desarmamento no dia em que o governo conseguir impedir por completo a entrada de armas contrabandeadas no país. E não só isso. Deverá, primeiro, retirar as armas de todos os bandidos. Onde já se viu deixar a população desarmada em meio a milhares (ou milhões, talvez) de bandidos que as utilizam para matar cada um de nós? Desproteger os justos enquanto não se toma medida alguma contra os injustos é o cúmulo da injustiça.
Não sejamos hipócritas! Na verdade, o grande responsável pela morte da adolescente Eloá foi o "politicamente correto", esse assassino invisível de valores, que tantas conseqüências desastrosas já acarretou. Se a sociedade entendesse que o correto é punir o agressor e defender a vida da vítima, ela certamente não estaria morta agora. Seu seqüestrador sim, poderia estar em seu lugar. É exatamente para preservar a vida da vítima em mãos de bandidos como ele que a polícia possui atiradores de escol. Mas ai da polícia se resolvesse se valer de algum desses atiradores para, à custa da vida de seu seqüestrador, salvar a menina-refém! Toda a turma dos Direitos Humanos e dos defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente estaria, agora, vociferando contra a instituição.
Essa gente parece não compreender que a partir do momento em que alguém decide, deliberadamente, infringir todas as regras da boa convivência, deve arcar com os custos dessa decisão. Punir os maus e defender as suas vítimas não é favor algum, mas uma obrigação. Até os antigos gregos já sabiam disso. Ensina Platão que quando Hermes indagou a Zeus se deveria distribuir a arte da justiça e do respeito a todos os homens, indistintamente, este respondeu: "A todos. Que todos os compartilhem, porque as Cidades não poderiam surgir se apenas poucos homens os detivessem, assim como acontece com as outras artes. Aliás, em meu nome, estabeleça como lei que aquele que não sabe compartilhar o respeito e a justiça seja morto como um mal da Cidade".
Mas como há séculos a humanidade vem se afastando cada vez mais dos valores que plasmaram a nossa civilização, a própria vida se encarrega da cobrar-lhe por esse desatino, e de maneira impiedosa. Casos como esse só podem mesmo resultar em tragédias, com imensa dor não apenas para a família das vítimas, como para todos os homens e mulheres de bem que ainda se pautam pelos poucos valores que ainda nos restam. Mas esses casos não constituem mais novidade alguma. Cada vez se tornam mais freqüentes e também mais violentos. E assim continuará sendo até que a sociedade, cansada de iniqüidades e dos discursos retóricos que lhes dão ensejo, resolva pôr um basta a esse estado de coisas, retomando os valores que permitiram sua agregação. E um deles é, justamente, o de fortalecer (em todos os sentidos) aqueles que, como a polícia, existem para protegê-la.
*A autora é Juíza do Trabalho em Brasília.
3 comentários:
Vão esperar o PT tocar fogo no país?
Os focos de incêndio se prolifaram
Quando resolveram tomar uma atitude patriótica, já será tarde demais.
EGO ETÍLICO
“Meu sucessor vai ter um problema sério: terá de fazer mais que um metalúrgico. Não poderá passar à história como alguém que fez menos que um torneiro mecânico”. Lula.
A existência do elemento servil é a maior das abominações. (Ruy Barbosa)
O país apodreceu pelas mãos dos líderes do petismo. Foi transformado em uma coletividade desagregada, sem mais referenciais de valores morais e éticos para sustentar a preservação dos caminhos da construção de uma sociedade onde se possa viver com um mínimo de dignidade e justiça social.
As ilhas sociais, instituições e organizações, onde ainda se pode contar com gente decente são cada vez menores, não têm poder para influenciar mais o destino do país, e tão somente cuidam de sua própria sobrevivência.
O golpe final nas nossas esperanças de vivermos em uma verdadeira democracia já está na mesa de um Supremo Tribunal servil ao petismo: foi colocada na pauta dos togados uma proposta de condenação definitiva das Forças Armadas por terem evitado ao longo do regime militar que o país fosse transformado em um Estado comunista e genocida. Uma condenação pedida por representantes civis da mais corrupta Justiça que já se instaurou no país. É a vingança final dos canalhas.
Esperamos que as Forças Armadas, diante de tal falto, honrem as suas fardas e seus juramentos de defender o país – sua pátria – dos canalhas do comunismo, do fascismo, do stalinismo e demais vertentes da degeneração humana.
JÁ PASSOU DA HORA DO BASTA!
É o fundo do poço? ou pretendem chegar no Japão e furar a cabecinha de um japonês, como diz o bebum?
Exército aluga avião para tropas
O estado de sucateamento das Forças Armadas chegou ao fundo do poço: o Comando Militar da Amazônia teve que alugar avião para transportar tropas e garantir as eleições em Palmeira do Javari (AM). A FAB não tinha aviões em condições de voar, por avaria ou falta de peças, por isso o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, foi obrigado a alugar um avião da Amazonaves Taxi Aéreo.
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