
POR DE TRÁS DAS OSSADAS
Ternuma Regional Brasília
Gen. Bda Refo Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Transcrevemos abaixo, missiva anônima recebida (por debaixo da porta). A carta (bilhete?) era apócrifa. As intenções do remetente, desconhecemos.
“Prezado Chefe,
Por aqui, tudo muito bem. Não achamos, até agora, uma “falanginha” sequer, mas o estrago na fama da organização antagônica, conforme esperado, será arrasador.
A campanha publicitária, através da imprensa, é total e parcial, de acordo com o planejado.
Chefe, humildemente, desejo cumprimentá–lo. Só mesmo um batuta como o senhor poderia, através de sentença judicial (SIC), cavada com persistência franciscana, oficializar a 14ª expedição de busca de ossadas. Na verdade, nem é bom achar, pois poderemos ter uma 15ª, uma 16ª...
Decretar que fosse a entidade adversa a responsável, foi o tiro de misericórdia. Nem Maquiavel...
Aqui no Grupo, só dá gente nossa. E a junção dos esforços do Comitê Especial sobre Falecidos e Desamparados Políticos (CEFDP) com o suporte precioso da Agremiação de Juízes Especiais da Pátria (AJE) e a virulenta ação do Ildo (“Partidão”) promete render os melhores frutos. Felizmente, para aumentar o nosso “cacife”, os representantes dos Governos do Puruá e do EC são simpáticos à causa.
A participação de familiares dos mortos, uma soberba colaboração, tem causado “frisson” na imprensa, sempre interessada em divulgar “histórias dolorosas e comoventes”. Tudo, conforme, ou melhor, do que o esperado.
Com a indenização aos camponeses, trunfo conquistado graças a sua influência junto à Bolsa-Terrorismo, denúncia é o que não falta. Com o boato de que, quanto mais “sofreu”, maior a indenização, o que não falta são camponeses alegando que padeceram “horrores” nas mãos da opressão, e sempre foram obrigados a trabalhar para eles. Não vamos pré-julgar, ninguém é de ferro, e um dinheirinho não faz mal.
Como fato novo e auspicioso, devemos citar a excepcional colaboração do “Mané Catingoso” que perguntado sobre “as crianças” deitou falação. Começou falando de uma, depois a coisa foi aumentando e chegamos ao excelente dado de oito crianças seqüestradas pelos desalmados.
O mateiro “Mané Catingoso” merece uma estátua. O homem é demais. Só fala, mas a cada palavra, afunda mais o nosso alvo.
Graças a “Central de Boatos” e ao apoio financeiro a alguns nativos, a cada dia aumenta o número de mortos. Já chegamos a 69, e podemos aumentar, mas é bom não exagerar.
Acredito que o próximo passo seja obrigar aos “verdugos” que participaram da repressão a sentarem no banco dos réus (desculpe, sejam “ouvidos”). Essa será moleza, contamos, inclusive, com a pressão dos Procuradores da República em Mirabel.
Gostaria de saber, para transmitir aos companheiros, como vai indo o CD - ROM elaborado em parceria com a Universidade Federal de Ourolandia sobre os mortos e desaparecido durante o regime de opressão. Foi acertada a parceria com o Ministério de Ensino e com as Secretarias Estaduais de Lavagem Cerebral para distribuição do CD?
Espero que o material seja distribuído para a rede escolar, conforme acertado, até agosto. Sei que é para pesquisa dos alunos da 1ª Série. Duvido muito que a gurizada pesquise, a menos que, com a nossa decisiva orientação, os professores “induzam” a alunada.
Finalmente, temos cantado, diariamente, a “Internacional Comunista”. Alguns camponeses, para causar boa impressão e, quem sabe, ganhar algum, já sabem até a letra”.
Ah, ia me esquecendo. Viva o “Curió”!
Recebido em junho de 2009, e só divulgada nesta data, para evitar interpretações equivocadas.
Brasília,DF, 17 de julho de 2009
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