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domingo, 18 de janeiro de 2009

COMPANHEIRO CESARE BATTISTI


COMPANHEIRO CESARE BATTISTI
Percival Puggina


A concessão de asilo político ao terrorista italiano Cesare Battisti era absolutamente previsível. Tão previsível que o próprio terrorista, em 2004, precisando escapar da França, ao perder a proteção que obtivera do socialista François Mitterrand, foi para o Googlemaps, deu uma girada no globo terrestre, e entre mais de duas centenas de destinos possíveis escolheu qual? Pois é. Veio para o Brasil de Lula. Contrariando a orientação do Procurador Geral da República e do Comitê Nacional para os Refugiados, a pátria amada abriu os braços para um sujeito condenado por quatro crimes cometidos como membro de uma organização terrorista denominada PAC (Proletari Armati per il Comunismo), que atuou na Lombardia e no Vêneto no final dos anos 70.

É possível que o leitor esteja pensando no caráter explícito das relações que o coração do poder político brasileiro mantém com as mais radicais organizações de esquerda do planeta. É um raciocínio que faz sentido. E só para alargar as possibilidades de compreensão do fato, valem algumas explicitações que alinharei em sequência.

1º) Lula foi o primeiro presidente do Foro de São Paulo, entidade criada em 1990, nos moldes do Comintern soviético, para “recuperar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu”. Essa entidade congrega partidos comunistas e de várias tendências de esquerda, bem como grupos terroristas do tipo FARC e MIR chileno. 2º) Aqui em Porto Alegre, nas edições do Foro Social Mundial, o governo petista de Olívio Dutra, por duas vezes, atraiu e recepcionou a nata e a borra da esquerda mundial. Não faltou ninguém. 3º) Em 2006, o Brasil concedeu asilo político a Olivério Medina, representante da narco-guerrilha colombiana no Brasil. 4º) Em 2007, sob o impulso de um óbvio comprometimento recíproco com as FARC, Lula comprou um atrito diplomático com a Colômbia recusando-se a declará-las como organização terrorista. 5º) Na última reunião do Foro, realizada no ano passado em Montevidéu, foi prestada chorosa homenagem a Manuel Marulanda, líder das FARC, morto na Colômbia. Um amplo painel, a inspirar o evento, exibia fotos dos seis chefes de Estado que o Foro já detinha em 2008, Lula incluído. 6º) Em 2008, durante os jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, o governo Lula prestou-se para capturar e despachar, via expressa, de volta para o cativeiro de Havana, os dois atletas que se evadiram da equipe. Ambos, hoje, são párias entre os cativos da Ilha dos irmãos Castro. E por aí vai.

Mas foi por isso que Lula fez o que fez? Foi por isso que ele optou por um criminoso condenado, em prejuízo das boas relações com o governo de uma nação amiga e democrática como a Itália? Claro que não. A lógica que presidiu a decisão foi bem outra e está no âmbito do Ministério da Justiça, onde se decidem as questões relativas às indenizações pagas aos “perseguidos políticos”.

Os Proletari Armati per il Comunismo agiam com a mesma estratégia dos grupos esquerdistas que aqui no Brasil, simultaneamente e com idênticos ideais, também partiram para a luta armada, com assaltos a bancos, supermercados, empresas e onde houvesse dinheiro em quantidade que justificasse os riscos das “expropriações”. Se o governo Lula considerasse Battisti como terrorista e bandido, teria, por coerência, que considerar da mesma forma muitos de seus ministros e companheiros.

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