Notícias Militares

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

EXPEDIÇÃO GAÚCHA NO AMAZONAS



Expedição gaúcha no Amazonas quer chamar a atenção para a “soberania”05 de janeiro de 2009.
TEFÉ (AM) – Depois de percorrer mais de 700 quilômetros em rios, pequenos lagos, furos e paranás em plena floresta Amazônica a bordo de caiaques, a expedição gaúcha intitulada “Projeto-Aventura Desafiando o Rio-Mar” agora navega na foz de um dos afluentes do rio Solimões, em uma região situada entre as cidades de Tefé e Coari, distante pouco mais de 300 quilômetros de Manaus.A expedição, iniciada no último dia 1º de dezembro, no município de Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus), é comandada pelo militar Hiram Reis e Silva, de 57 anos, coronel de reserva do Exército, e acompanhada pelo professor de educação física Romeu Henrique Chala, de 48 anos.Os dois aventureiros trabalham no Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), de onde a expedição pode ser acompanhada via satélite, no site da instituição.Entre pernoites nos caiaques, nas margens escuras dos rios ou em aposentos cedidos por alguma prefeitura ou por unidades do próprio Exército, o coronel e seu acompanhante fazem relatos quase diários (sempre que possíveis) no blog Diário Rio-Mar, onde contam em detalhes as riquezas naturais do que vêem e do contato com os povos ribeirinhos.Em uma dessas paradas, a dupla atendeu ao pedido do Portal Amazônia para um rápido bate-papo, transcrito a seguir:Portal Amazônia – Qual o objetivo ou motivação da expedição?Hiram Reis – O objetivo principal é trabalhar os corações e mentes dos alunos do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) para que, com conhecimento de causa, tenham capacidade de interpretar as medidas tomadas em relação à região e apresentar sugestões de modo a frear as ações que comprometem a Amazônia Brasileira nos aspectos de meio ambiente e soberania.PA – Que tipo de provisões levaram?HR – Levamos alimentos simples de preparar, como massas e enlatados, além de muito líquido.PA – Quais equipamentos vocês dispõem?HR – Tendo em vista o alto custo dos equipamentos e a falta de patrocínio por parte de instituições públicas e privadas, contamos somente com rastreamento remoto via satélite (GPS), gentilmente oferecido por uma empresa de Porto Alegre (RS), câmera fotográfica e gravador. Os caiaques são oceânicos e fabricados por uma empresa de Santos (SP).PA – Como fazem os relatos para a Internet?HR – A transmissão de dados pela Internet é feita quando chegamos a uma localidade que disponha dessa facilidade, geralmente por gentileza do prefeito local.PA – Vocês têm experiência em longas jornadas na selva? Já realizaram outras missões semelhantes?HR – Já vivi cinco anos na Amazônia e possuo o curso de operações na selva, do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), mas a experiência náutica importante foi no lago Guaíba, em Porto Alegre, que oferece obstáculos similares ou maiores dos que os do Solimões. O Romeu (Chala), embora não possua vivência na Amazônia, é canoísta experiente e possui um condicionamento físico invejável.PA – O que vocês esperam com o fim da aventura?HR – Embora o termo aventura faça parte do título do projeto, a proporção de 12 dias de planejamento para um de execução mostra a preocupação que tomamos em relação à sua execução, buscando evitar ou pelo menos minorar quaisquer surpresas desagradáveis durante o percurso.O objetivo final é de que os alunos, familiares e a população gaúcha conheçam a realidade Amazônica pelos olhos e ouvidos de brasileiros e patriotas, e não de estrangeiros ou ONGs que procuram mostrar apenas o lado sombrio das complexas questões que afligem a região.PA – Houve alguma surpresa "agradável" ou "desagradável" durante a expedição?HR – A surpresa agradável foi constatar a enorme hospitalidade dos amazonenses. O carinho, a acolhida sincera e descontraída em todos os níveis foi, sem dúvida, o ponto alto da expedição até agora.Prefeitos, instituições municipais e estaduais, empresários e a população ribeirinha em geral, todos foram incansáveis na atenção para conosco, nos abrigando, alimentando e estimulando a prosseguir. Não tivemos nenhuma surpresa desagradável a relatar e esperamos que assim permaneça até o fim da expedição.PA – Quais as maiores dificuldades (técnicas, naturais, pessoais) encontradas no percurso?HR – A dificuldade técnica já esperada era a de encontrar sensíveis diferenças entre as fotografias aéreas e as do terreno. Os rios de planície apresentam a tão propalada "inconstância tumultuária" relatada por Euclides da Cunha, isto é, estão em constante modificação, criando ilhas aqui destruindo outras mais adiante, fechando a foz de furos e paranás de um lado e as ampliando em outro.Tudo isso exige do navegador a habilidade de saber interpretar o terreno e imaginar nele as modificações que ocorreram desde a tomada daquela fotografia.PA – Existe algum apoio formal do Comando Militar da Amazônia (CMA) ou do Ministério da Defesa na empreitada?HR – O Exército, como um todo, tem nos apoiado no que lhe é possível. Hoje mesmo (dia 1º) estamos instalados no Hotel de Trânsito dos Oficiais, em Tefé, com liberdade de acesso à Internet para reportar nossos artigos e baixar as fotos.PA – Meses atrás, o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, afirmou em entrevistas que a política indigenista do governo Lula era equivocada (referindo-se à demarcação contínua da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol), e que estaria facilitando possíveis ocupações do território nacional por parte de nações estrangeiras. O que você, enquanto militar, pensa disso?HR – Embora entenda as preocupações do Presidente, concordo inteiramente com o General Heleno.PA – Você acha que nossas fronteiras estão seguras?HR – Sim, temos orgulho em afirmar que os soldados da Amazônia são os melhores guerreiros de selva do mundo e estão aptos a defender nossas fronteiras contra qualquer eventual ameaça.PA – Você vê algum tipo de ameaça no processo de militarização de nações vizinhas, como a Venezuela?HR – Qualquer militarização de uma nação vizinha, que ultrapasse o necessário para a defesa de seu território e de seu povo, preocupa os países que lhe fazem fronteira. O Brasil não é exceção.
Fonte: Mário Bentes, especial para o Portal Amazônia

Nenhum comentário: