A Continência

Prezado amigo Cel Erildo,

A reportagem da Revista Isto É, com data de 23 de abril, sobre o grupo guerrilheiro em treinamento em Rondônia é bastante oportuna, particularmente nesse momento em que se discute o reajuste dos militares e a questão envolvendo o Gen Heleno.

Para a população e para os políticos não vinculados ao Foro de São Paulo, serve como lembrança que só FFAA coesas, bem preparadas e bem equipadas poderão defendê-los e aos valores em que acreditam (liberdade, propriedade privada, democracia, etc.).

Para a grande maioria de militares que não vivenciou o Brasil dos 60/70 e que, em virtude da distorção histórica que as esquerdas patrocinaram nas últimas duas décadas e meia, passou a acreditar que em 64 houve apenas "um golpe militar contra o regime democrático vigente" e que "não havia uma revolução comunista em curso no Brasil". Para outros militares que ainda não acreditam que exista o Foro de São Paulo ou que foram induzidos a crer em absurdos como "comunismo com democracia", "democracia em Cuba", etc. Para estes, para aqueles e para todos nós, é um alerta mais do que oportuno, mostrando que há possibilidade real de enfrentamento com uma guerrilha que está se organizando, e que sua proximidade só depende de o inimigo noticiado na revista decidir o "quando", já que as demais perguntas (quê, onde e como) parecem estar sendo definidas. Falta apenas ponderar, nessa hipótese, qual será o papel do MST e de suas dissidências.

Dentro de um cenário histórico mais amplo, é importante ressaltar a visão estratégica dos chefes militares que, ao serem "obrigados" a retirar a ênfase em assuntos como "Contra-Guerrilha" e "MCI (Movimento Comunista Internacional)" que havia na AMAN, EsAO e ECEME até os anos 80, desbordaram e conseguiram reforçar militarmente a região Norte e transformar os Soldados da Amazônia nos melhores guerreiros de selva do mundo, como estes são hoje internacionalmente reconhecidos. Se não fosse essa visão estratégica, qualquer bando de guerrilheiros seria uma ameça muito mais significativa. Não custa lembrar que para enfrentar e vencer apenas 150 guerrilheiros do PC do B no Araguaia, foram necessários vários anos, muita luta e muito aprendizado.

Quando e se o enfrentamento chegar, será importante para a Nação ter Soldados motivados para combater pelos valores que são caros à Pátria. Não parece haver dúvida que a tranqüilidade de ter, à retaguarda, uma família e um lar protegidos - inclusive financeiramente, é um dos fatores que fará com que os combatentes, apesar das agruras normais para essas situações, permaneçam focados na missão até a vitória. Os Soldados brasileiros estarão sempre prontos a dar a vida pelo Brasil, pois assim o juraram; no entanto, se não lhes permitem perceber salários dignos da nobre profissão que abraçaram, é mais do que justo que queiram, pelo menos, ter segurança e proteção para suas esposas e para seus filhos, em termos financeiros e de saúde.

A propósito, com a possibilidade de entrarmos em combate se tornando mais real, urge a tomada de decisões pessoais. Para quem não estiver absolutamente convicto de ter abraçado a profissão certa, avizinha-se a hora de pensar em "entregar a boina", pois em combate real não há lugar (como há nos "combates de birô") para comandantes ou chefes indecisos ou pouco convictos, haja vista que logo serão identificados por seus comandados/chefiados e, como aconteceu na 2ª Guerra, poderão ser os primeiros a serem abatidos... por "fogo amigo".

Como sintetiza a frase de Rui Barbosa que está na Resenha de 19 de abril : "O Exército pode passar cem anos sem ser empregado, mas não pode passar um minuto sem estar preparado". Para o Brasil, para a liberdade e para a democracia, é fundamental que a Nação assim também o entenda.

Um abraço,

Araujo
Meu amigo Cel Araujo,
Nenhum insensato ousará macular o sagrado solo brasileiro, sem enfrentar a garra e a fúria dos bravos soldados de nossa querida Pátria. Brasil acima de tudo !