CRONOLOGIA DOS EVENTOS
Frequentemente surgem discussões sobre a reversão de águas do rio São Francisco, com o propósito de aliviar os nossos irmãos nordestinos do flagelo das secas.
O mais recente debate, publicado pela imprensa, envolveu o ex-Ministro Ciro Gomes, a favor da reversão de águas, e, do outro lado, o Bispo Dom Luiz Cappio e a atriz Letícia Sabatella, contrários à medida..
Argumentam as partes contrárias, que a reversão de águas só beneficiará os grandes latifundiários, que usariam o líquido adicional para irrigação das suas terras, deixando a população do semi-árido na mesma situação de penúria.
A argumentação do Bispo e da talentosa atriz é muito válida.
A defesa veemente do projeto feita pelo político do Ceará também é válida.
Então, qual o motivo da controvérsia?
Apenas, a cronologia dos eventos, que está errada, por ignorância dos planejadores governamentais.
A deficiência de chuvas em grande área interiorana do Nordeste, cerca de 500 mil quilômetros quadrados, decorre da combinação desfavorável da direção dos ventos dominantes com a posição das elevações regionais.
O planalto da Borborema, as chapadas do Apodi e Araripe, e as serras Grande e da Ibiapaba, cercam as áreas mais secas da caatinga. Enquanto isso, um pouco mais ao sul, na altura do vale do rio São Francisco, a chapada Diamantina, a serra Geral e a serra do Espinhaço antepõem-se, também, à penetração da umidade gerada pelo Oceano Atlântico.
Essas barreiras geomorfológicas produzem as chamadas “chuvas de elevação”, que precipitam quase toda a umidade a barlavento (lado de onde sopra o vento). Deixando o outro lado (sotavento) seco.
Acontece que, subtraídas as áreas enclausuradas pelas elevações, menos de um terço da superfície regional, o Nordeste é relativamente bem dotado de águas superficiais.
A vazão total de todos os rios que banham a região é superior a 174 bilhões de metros cúbicos por ano,
Acontece que há um sub-aproveitamento dessas águas superficiais, eis que do volume total disponível só se capta cerca de 30 bilhões de metros cúbicos por ano, o que equivale a 17% do volume total das águas superficiais existentes.
Pode-se assumir, com certa dose de exagero, que o volume de água suficiente para satisfazer as necessidades básicas da população seja da ordem de 1,6 bilhões de metros cúbicos por ano. Tal volume, equivalente à demanda diária de 100 litros por habitante, sem contar programas de irrigação, permite afirmar que o volume de água disponível é mais do que suficiente para saciar a sede dos nordestinos e, ainda, satisfazer outras necessidades primárias, tais como a sustentação das lavouras e das criações caseiras.
Note-se, para comparação, que nos Estados Unidos da América o consumo diário médio de cada família é igual a 230 litros, enquanto que na Europa não ultrapassa o valor de 120 litros.
Em primeira instância, pois, faz-se necessário o aumento da captação de água, o seu tratamento, o transporte a longas distância, por meio de adutoras, a instalação de depósitos de armazenamento nos núcleos populacionais (caixas de água, cacimbas, etc.), o assentamento de redes de distribuição, usando canos, e, afinal, as ligações entre as redes de distribuição e os domicílios.
Só essas providências já seriam suficientes para amenizar o flagelo secular.
Há uma outra ação a ser adotada antes de se pensar na reversão de águas.
Para aumentar o tempo de trânsito das águas superficiais no continente, em antecipação ao encontro com o mar, completando o ciclo hidrológico, faz-se necessário complementar essa primeira etapa do combate às secas com a construção de barragens nas calhas dos principais rios. Tal providência ainda trará o benefício adicional de armazenar água para estabilizar o fornecimento, mesmo que ocorram longos períodos de estiagem.
A seleção das calhas principais dos rios, solução natural, difere do critério até hoje prevalecente, que escolhe os locais para a construção de açudes em função da localização das terras pertencentes a pessoas influentes!
Preparada a infra-estrutura para o fornecimento regular de água para toda a população, mormente aquela parcela mais sofrida, que mora nas áreas à sombra das barreiras geomorfológicas, então soará a hora de promover a reversão de águas da bacia do São Francisco, seja para perenizar certos rios transitórios, seja para permitir a irrigação de terras férteis.
Com a reversão visar-se-á a prosperidade dos nordestinos, mediante a elevação do seu padrão de vida, hoje defasado em relação às regiões mais ricas do país.
Não é mais possível tolerar que parcela ponderável dos brasileiros, 28% do total, ainda viva sob o império do que se poderia chamar de “pobreza indigna”, mormente quando se sabe que a situação dramática desses compatriotas deve-se exclusivamente à incompetência e à indiferença das chamadas elites dirigentes.
TUDO PELA PÁTRIA
Roberto Gama e Silva
Almirante Reformado
Frequentemente surgem discussões sobre a reversão de águas do rio São Francisco, com o propósito de aliviar os nossos irmãos nordestinos do flagelo das secas.
O mais recente debate, publicado pela imprensa, envolveu o ex-Ministro Ciro Gomes, a favor da reversão de águas, e, do outro lado, o Bispo Dom Luiz Cappio e a atriz Letícia Sabatella, contrários à medida..
Argumentam as partes contrárias, que a reversão de águas só beneficiará os grandes latifundiários, que usariam o líquido adicional para irrigação das suas terras, deixando a população do semi-árido na mesma situação de penúria.
A argumentação do Bispo e da talentosa atriz é muito válida.
A defesa veemente do projeto feita pelo político do Ceará também é válida.
Então, qual o motivo da controvérsia?
Apenas, a cronologia dos eventos, que está errada, por ignorância dos planejadores governamentais.
A deficiência de chuvas em grande área interiorana do Nordeste, cerca de 500 mil quilômetros quadrados, decorre da combinação desfavorável da direção dos ventos dominantes com a posição das elevações regionais.
O planalto da Borborema, as chapadas do Apodi e Araripe, e as serras Grande e da Ibiapaba, cercam as áreas mais secas da caatinga. Enquanto isso, um pouco mais ao sul, na altura do vale do rio São Francisco, a chapada Diamantina, a serra Geral e a serra do Espinhaço antepõem-se, também, à penetração da umidade gerada pelo Oceano Atlântico.
Essas barreiras geomorfológicas produzem as chamadas “chuvas de elevação”, que precipitam quase toda a umidade a barlavento (lado de onde sopra o vento). Deixando o outro lado (sotavento) seco.
Acontece que, subtraídas as áreas enclausuradas pelas elevações, menos de um terço da superfície regional, o Nordeste é relativamente bem dotado de águas superficiais.
A vazão total de todos os rios que banham a região é superior a 174 bilhões de metros cúbicos por ano,
Acontece que há um sub-aproveitamento dessas águas superficiais, eis que do volume total disponível só se capta cerca de 30 bilhões de metros cúbicos por ano, o que equivale a 17% do volume total das águas superficiais existentes.
Pode-se assumir, com certa dose de exagero, que o volume de água suficiente para satisfazer as necessidades básicas da população seja da ordem de 1,6 bilhões de metros cúbicos por ano. Tal volume, equivalente à demanda diária de 100 litros por habitante, sem contar programas de irrigação, permite afirmar que o volume de água disponível é mais do que suficiente para saciar a sede dos nordestinos e, ainda, satisfazer outras necessidades primárias, tais como a sustentação das lavouras e das criações caseiras.
Note-se, para comparação, que nos Estados Unidos da América o consumo diário médio de cada família é igual a 230 litros, enquanto que na Europa não ultrapassa o valor de 120 litros.
Em primeira instância, pois, faz-se necessário o aumento da captação de água, o seu tratamento, o transporte a longas distância, por meio de adutoras, a instalação de depósitos de armazenamento nos núcleos populacionais (caixas de água, cacimbas, etc.), o assentamento de redes de distribuição, usando canos, e, afinal, as ligações entre as redes de distribuição e os domicílios.
Só essas providências já seriam suficientes para amenizar o flagelo secular.
Há uma outra ação a ser adotada antes de se pensar na reversão de águas.
Para aumentar o tempo de trânsito das águas superficiais no continente, em antecipação ao encontro com o mar, completando o ciclo hidrológico, faz-se necessário complementar essa primeira etapa do combate às secas com a construção de barragens nas calhas dos principais rios. Tal providência ainda trará o benefício adicional de armazenar água para estabilizar o fornecimento, mesmo que ocorram longos períodos de estiagem.
A seleção das calhas principais dos rios, solução natural, difere do critério até hoje prevalecente, que escolhe os locais para a construção de açudes em função da localização das terras pertencentes a pessoas influentes!
Preparada a infra-estrutura para o fornecimento regular de água para toda a população, mormente aquela parcela mais sofrida, que mora nas áreas à sombra das barreiras geomorfológicas, então soará a hora de promover a reversão de águas da bacia do São Francisco, seja para perenizar certos rios transitórios, seja para permitir a irrigação de terras férteis.
Com a reversão visar-se-á a prosperidade dos nordestinos, mediante a elevação do seu padrão de vida, hoje defasado em relação às regiões mais ricas do país.
Não é mais possível tolerar que parcela ponderável dos brasileiros, 28% do total, ainda viva sob o império do que se poderia chamar de “pobreza indigna”, mormente quando se sabe que a situação dramática desses compatriotas deve-se exclusivamente à incompetência e à indiferença das chamadas elites dirigentes.
TUDO PELA PÁTRIA
Roberto Gama e Silva
Almirante Reformado
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