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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ALQUEDA AMEAÇA OBAMA


Al Qaeda ameaça Obama


Nahum Sirotsky, de Tel Aviv (*)

Velho conhecido, seguro de que sabe não será identificado, enviou-me a informação sobre um vídeo supostamente produzido pela Al-Qaeda. É um documentário montado pelo As-Sahab, que significa “As Nuvens”, muito profissional e produzido com a melhor tecnologia.

As-Sahab é a Fundação de Publicações Islâmicas responsável pelas produções da Al-Qaeda, organização criada por Bin Laden e da qual as agências secretas do mundo não co nseguem descobrir o paradeiro.

Atribui-se a Adam Yahie Gadahn o estilo e a qualidade dos documentários produzidos. Era cidadão americano, vivia em Los Angeles, recebeu educação regular. Converteu-se ao Islã e foi para o Afeganistão. Além dele, existem outros ocidentais nas forças de Bin Laden.

O documentário tem por título, “O Ocidente e o Túnel Escuro”, em tradução livre. E Obama é o alvo. De acordo com a versão que me enviaram, a Al-Qaeda considera que o atual presidente americano é uma versão de Bush e “usa o mesmo punhal”. Nele, também se proclama “que, com a ajuda de Deus (Alá), terá seu fim nas mãos da Nação Islâmica e o mundo se verá livre de suas mentiras e crimes”.

O documentário relembra a operação na qual foram destruídas as Torres Gêmeas em Nova Yo rk e que atingiu o edifício do Pentágono, ministério da Defesa americano em Washington. Foi um ato terrorista incrível que utilizou aviões comerciais e matou mais de três mil. Talvez o maior ato terrorista da história moderna.

O vídeo é um tributo da Al-Qaeda à Operação de Nova York, como o grupo chama o atentado. Não recebi uma cópia integral, mas obtive a informação de que seria um documentário com duas partes.

A Operação Nova York pôs fim à sensação de imunidade que dominava o povo americano. O território continental dos Estados Unidos nada sofreu durante as grandes guerras. Da Segunda Guerra o país emergiu incólume, riquíssimo, com programas de ajuda econômica ao mundo e como maior potência econômica e militar da Terra.

Teria sido um documentário da emissora japonesa NHK que, há a nos, revelou o título completo da As-Sahab, produtora da Al-Qaeda. A Wikipédia diz que o grupo usa correios especiais, pessoas que distribuem suas mensagens ao mundo. Desde um ataque por aviões não pilotados sobre uma pequena aldeia paquistanesa na fronteira com o Afeganistão, que resultou na morte de 18 indivíduos, inclusive de dirigentes da Al-Qaeda, tudo se concentra no internet.

O ataque foi há poucos meses e chamou a atenção para o imenso poder do “Predator” como arma tática e estratégica. Estas informações representam conclusões de meios que acompanham as comunicações dos terroristas.

A opção pelo “Predator” só faz crescer. Os aviões não pilotados podem permanecer dezenas de horas no ar vendo, ouvindo e atirando sob comandos que chegam dos Estados Unidos. Eles veem tão bem que permitem identificar pessoas e acompan har seus movimentos. Levam carga mortífera. São experientes pilotos de guerra, sentados numa base nos Estados Unidos, que dizem ao robô o que fazer desde a partida para milhares de quilômetros de distância percorridos em grandes alturas para chegarem ao Paquistão e Afeganistão. Podem voar dezenas de horas.

São armas fantásticas. Imaginem como poderiam mudar o combate à violência no Brasil. Os sem-piloto são incomparavelmente menos caros do que os modernos caças, que são sistemas complexos contando com todos os meios mais avançados de ataque e defesa, mas com autonomia inferior. São dezenas de milhões de dólares para cada avião pilotado. O sem-piloto são dezenas de milhares.

Os caríssimos caças modernos preservam custos inferiores para o preparo de pilotos. Claro que na conta não entra o valor inestimável do ser humano desde momento de seu nascimento e do primeiro choro. Sabe-se que Bush, presidente anterior a Obama, concedeu por escrito e legalmente à CIA autoridade para caçar e matar inimigos do pais sem pedir autorização.

A CIA tem plena autoridade para o emprego de vários “Predator”, nome dos aviões sem piloto, contra terroristas independente de onde estiverem. O “Predator” é mortífero. A CIA não precisa se preocupar com as chamadas leis de guerra, a convenção de Genebra.

O general americano em comando no Afeganistão descreveu a situação da guerra com o Taleban e a Al-Qaeda como grave e disse que poderia ser perdida caso não houvesse o reforço de mais tropas. Mas consta que o vice-presidente americano Joe Biden, que observou a situação no local, defende uma nova estratégia. Ele propôs que os meios disponíveis para a CIA sejam multiplicados, que a ag ência se concentre na destruição da Al-Qaeda.

O Taleban seria alvo secundário. A CIA como agência secreta não está limitada a meios convencionais de guerra ao contrário do que acontece com forças convencionais na chamada guerra assimétrica.

Os terroristas levam vantagem, pois fazem a guerra por todos os meios e táticas. Não precisam se preocupar com leis e convenções internacionais, pois são forças ilegais que não precisam prestar contas.

As forças convencionais são acusadas de cometer crime se fazem a guerra ignorando as chamadas leis de guerra. A CIA, cujas operações são secretas, tem as mãos mais livres. A guerra pode ser taco a taco. E a CIA conta com mais meios do que os terroristas.

Por exemplo, o “Predator” já obriga lideranças do Al-Qaeda a viverem abrigadas, escondidas dos olhos do fa ntástico aparelho. Talvez, assim se explique por que Nazralla, o líder do Hezbollah, força xiita contra a qual Israel travou uma guerra há pouco tempo, viva escondido. Todos os seus discursos e manifestações chegam aos seguidores via vídeo. Ignora-se seu esconderijo. Ele teme ser assassinado pelo serviço secreto israelense, como também os dirigentes da Frente de Defesa Islâmica, o Hamas.

O vice-presidente americano parece ter convencido Obama. O reforço da tropa está sendo considerado e a Al-Qaeda é o alvo mais urgente.

(*) Nahum Sirotsky é correspondente de Zero Hora no Oriente Médio e colunista do portal “Último Segundo”.

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