domingo, 20 de setembro de 2009
As novas armas e a fome no quartel
As novas armas e a fome no quartel
CARLOS BRICKMANN
Gastar bilhões com armas modernas e deixar os soldados com fome é inútil na guerra e injusto na paz.
Pensemos nos moderníssimos Rafale, armados com mísseis de precisão, capazes de atingir um alvo que o piloto só consegue enxergar pelo radar, a centenas de quilômetros. Quem vai mexer com ele? Não se trata apenas do piloto, um aviador necessariamente de elite. Quem cuida da manutenção, quem controla o espaço aéreo? Quanto ganham estes personagens vitais para a guerra aérea?
Numa guerra convencional, Aviação e Marinha abrem as defesas, destroem boa parte do armamento inimigo, interrompem suas linhas de abastecimento. Mas a guerra só termina quando as tropas terrestres entram pelas brechas da defesa e ocupam o território em disputa, impondo sua autoridade sobre os vencidos.
No caso brasileiro, como está o Exército? Além dos salários abaixo da linha de sobrevivência, há outros problemas: não existe dinheiro sequer para manter as tropas em atividade. Os quartéis funcionam hoje em ritmo de Brasília, em horário reduzido, para economizar na refeição dos recrutas. Os soldados não têm munição suficiente para treinamento real. E até no Haiti, zona de combate, a munição é pouca. Os soldados são bons, mas que fazer quando não têm nem balas?
Uma nação pode optar por não ter Forças Armadas (como, por exemplo, a Costa Rica). Mas, se as tiver, tem de mantê-las equipadas, treinadas, com recursos para cumprir suas missões. Não pode faltar munição, armamento, combustível; e muito menos a comida do rancho. Gastar bilhões com armas modernas e deixar os soldados com fome é inútil na guerra e injusto na paz.
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