Notícias Militares

domingo, 20 de setembro de 2009

DEFESA NACIONAL


Defesa Nacional, por Rogério Mendelski

ARTE RODRIGO VIZZOTTO

A DEFESA NACIONAL
A compra de caças supersônicos, submarinos e helicópteros por parte do governo brasileiro sinaliza a intenção de nosso país de iniciar um processo de modernização das Forças Armadas, que, não é segredo militar, se encontram defasadas e em posição de inferioridade junto aos seus vizinhos. É inegável que começou uma corrida armamentista aqui na América do Sul, iniciada pelo coronel Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que parece estar torcendo para se meter em algum conflito armado e, com isso, desviar um pouco a atenção dos venezuelanos para seus problemas internos. Chávez já comprou da Rússia 24 supersônicos Sukhoi-30, 92 tanques T-72, BMP3 e MPR, 50 helicópteros, 100 mil fuzis AK-47 e, na semana passada, num ato público, confirmou a aquisição de mísseis com alcance de 300 km, 'uns foguetinhos que não falham'. Chávez atirou-se nos braços da Rússia porque a primeira linha de defesa aérea do país, composta de 22 caças F-16, estava se deteriorando e ele não conseguiu peças de reposição dos EUA, assim como não pode comprar caças Super Tucano, da Embraer, por proibição do governo Bush, já que os turbo-hélices brasileiros têm componentes eletrônicos de fabricação norte-americana. O presidente da Venezuela garante que suas compras militares são defensivas, mas ele mesmo cria seus inimigos – a Colômbia, que permitiu bases norte-americanas em seu território, e os EUA, que estariam de olho nas reservas petrolíferas do país. 'São instrumentos de defesa – diz –, porque vamos defender o país de qualquer ameaça.' O Brasil tem excelentes relações com a Venezuela como tem com todos os países da América do Sul, mas quem garante que Chávez não tem pretensões sobre a Amazônia? A Venezuela mantém um contencioso com a Guiana na área do rio Esequibo, reivindicando nada menos do que a metade do atual território guianense. Trata-se de uma antiga disputa que Chávez faz questão de mantê-la viva. Com a Colômbia, Chávez não esconde sua beligerância desde que o governo do presidente Uribe denunciou a proteção e o apoio logístico da Venezuela aos terroristas das Farc. Se hoje o coronel Hugo Chávez tiver um acesso expansionista para a criação de um império bolivariano na Amazônia, dificilmente algum país da região teria condições de segurá-lo militarmente. Talvez a Colômbia, por ter uma força militar treinada na luta contra as Farc, pudesse detê-lo, mas a Guiana seria tomada em uma semana e o Brasil seria respeitado por seu tamanho, jamais por seu poderio militar atual.
AMAZÔNIA PROTEGIDA
A principal preocupação das Forças Armadas do Brasil é a defesa da Amazônia. Já faz tempo que os nossos estrategistas militares abandonaram a ideia de um possível conflito com a Argentina. A fronteira do RS com o Uruguai e a Argentina ainda é a região em que o Exército brasileiro mantém o maior número de guarnições, mas é para a Amazônia que se destina um projeto denominado Amazônia Protegida. Para a Região Amazônica existe a previsão de criação de 28 Pelotões Especiais de Fronteira até 2018, num custo estimado em R$ 1 bilhão. Por enquanto, continuamos apenas com efetivos bem abaixo do ideal e contando com a perícia e a audácia dos homens que defendem nossas fronteiras, considerados os melhores combatentes em selvas do mundo.
PRIORIDADES
O Exército brasileiro sente-se abandonado diante das anunciadas compras de equipamentos para a Aeronáutica e a Marinha. Três prioridades de nossa força terrestre não foram orçadas para 2010: a renovação da frota de blindados, que está prevista em R$ 5 bilhões, para a fabricação de mil carros de combate; a montagem de um sistema de defesa antiaérea, sem previsão de gastos, e o citado aumento de unidades de fronteira na Amazônia.
FAB E MARINHA
Mesmo com a anunciada compra de equipamento militar francês, a FAB sente a defasagem de sua frota de aviões. Dos cem caças (F-2000 Mirage, AMX e F-5), metade deles não apresenta condições de ação imediata. Outros 23 caças Skyhawk, adquiridos para o porta-aviões São Paulo, estão em situação crítica, pois apenas quatro estão voando. Na Marinha, não há muita diferença. Da frota de 18 navios de guerra, dez estão navegando, e o porta-aviões São Paulo, comprado da França, encontra-se no estaleiro, em manutenção.
PREOCUPAÇÃO
O porta-voz do Departamento de Estado do governo Obama, Ian Kelly, tem manifestado a preocupação dos EUA com o 'desejo manifesto da Venezuela em desenvolver seu arsenal de armas, pois acreditamos que representa um sério desafio à estabilidade na América Latina. O analista político venezuelano Elsa Cardozo, diante das compras militares de Hugo Chávez, considerou o gesto do presidente da Venezuela como um ato importante que, 'do ponto de vista qualitativo e quantitativo, é causador de preocupações'. Cardozo, falando à France Presse, disse que, se Chávez sentir-se ameaçado, significa que 'há hipótese de conflito na região'.

Correio do Povo, edição de 20 de setembro de 2009.

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