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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DEFESA NACIONAL


DEFESA NACIONAL

Há meio século ocorria discussão semelhante. Relembro-me que, naquela distante época, a Marinha de Guerra do Brasil incorporou à sua frota um Porta-Aviões comprado durante o governo do Presidente Juscelino Kubitschek.
Como hoje, parcela significativa de intelectuais, de formadores de opinião, de respeitados conterrâneos e, até mesmo, iniciados nesta complexa questão, manifestavam-se contra as “imensas” despesas realizadas pelo governo, argumentando que os valores despendidos não se justificavam. Alegavam que os recursos seriam melhor empregados, se fossem destinados à educação , à saúde, à habitação ou a qualquer outra rubrica mais nobre.
Inconcebível a decisão de governos gastarem recursos escassos em aparelhar Forças Armadas, para combaterem uma hipotética guerra virtual que jamais ocorreria. Infelizmente, inúmeras e cruentas experiências mostram que a guerra e os conflitos são reais e continuam a vitimar a humanidade .
Quem , em sã consciência, no balanço das prioridades, alocaria recursos para adquirir aviões de combate, modernos vasos-de-guerra, blindados, armamentos e equipamentos diversos em confronto com as crescentes necessidades de hospitais, ambulatórios, escolas e outros ítens, num país carente e cheio de contrastes na área social. Esse o ponto de vista de inúmeros pacifistas.
A velada cobiça internacional sobre a amazônia brasileira, a questão ambiental e ecológica, as riquezas do nosso mar territorial, o controle do espaço aéreo , o narcotráfico e , mais recentemente, as descobertas do pré-sal, mostraram, em verdadeira grandeza, as vulnerabilidades do país continental que herdamos dos nossos antepassados. Diante de um mundo que continua competitivo e no qual prevalecem somente os interesses , o sinal de alerta fez-se ouvir.
Apesar de todas as evidências, ainda é difícil convencer determinadas lideranças civis da necessidade imperiosa de desenvolver-se no país uma sadia e importante mentalidade de defesa. O viés ideológico dificulta, ainda mais , essa compreensão.
Em quase todos os conflitos em que o país esteve envolvido, as Forças Armadas estiveram sempre, inicialmente desaparelhadas. Historicamente, precisaram mendigar recursos e sensibilizar governantes diante da posição secundária contemplada nos orçamentos governamentais. Em alguns deles, até mesmo sem uniformes e calçados adequados , sendo obrigadas a receberem apoio de aliados e contando somente com o profissionalismo e a bravura de seus soldados.
Nunca há recursos disponíveis para esse importante segmento da nacionalidade ; as verbas orçamentárias para investimento, a cada ano, são perigosamente reduzidas. O que realmente falta ao país , são estadistas e homens preparados e capazes para o complexo exercício do poder .
Em todos esses anos, poucas e sensatas lideranças civis estiveram a favor de reservar parcela desses recursos para serem empregados na Defesa Nacional . Em outra vertente,igualmente importante, a da Segurança Pública, os efetivos policiais das unidades federadas enfrentam restrições semelhantes, facilitando a ação de grupos que mantém a sociedade ordeira refém da bandidagem. Isso tudo sem falarmos das excessivas preocupações com os “direitos humanos” dos criminosos, em detrimento dos do cidadão de bem.
Oxalá, as atuais discussões sobre esse tema sirvam para esclarecer a nação e as nossas elites políticas da importância de fornecerem às Forças Armadas do país as condições adequadas para que possam cumprir sua destinação constitucional .
Que o velho e cansado discurso dos “pacifistas de ocasião” , que insistem em viver no Nirvana utópico e inalcançável - plano intangível da virtude e mundo encantado do dever-ser - seja desconsiderado pelo atual mandatário da nação a quem compete decidir sobre assunto tão importante.

Carlos Augusto Fernandes dos Santos
Militar da Reserva

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