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domingo, 20 de setembro de 2009

ROSH RASHANÁ EM ISRAEL


Rosh Hashaná em Israel
20/09/09 Imprimir Topo

Nahum Sirotsky, de Tel Aviv (*)



Como todos anos, as Forças Armadas fecharam as passagens entre Israel e a zona palestina. Serão dois dias e duas noites comemorando os 5.770 anos da criação do mundo.

A religiões monoteístas creem na Criatividade, que Deus criou o mundo, todos os animais e humanos em seis dias e no sétimo dia descansou. O evolucionismo de Darwin é rejeitado. Quanto a fechar a passagem, foi distração no Iom Kipur de 1973, Dia do Julgamento, que quase custou a derrota e o fim do Estado Judeu, quando a tropa egípcia cruzou o Canal de Suez e se firmou do lado ocupado por Israel, no que chegou a ser chamada de maior batalha de tanques jamais acontecida.

A tropa judia guardando a passagem estava toda concentrada em suas preces e foi expulsa de sua posição. Encontrei sobreviventes na base de Refidim, no deserto do Sinai, um conjunto de tendas, no meu caminho para a batalha como correspondente do Jornal do Brasil e do Estadão. Não sabia que, por erro de direção, teria que cruzar para o lado egípcio, um aeroporto, para voltar a Israel.

Rosh Hashaná é hebraico para "cabeça de ano". O Ano Novo Judaico, curiosamente, é o primeiro dia do sétimo mês do calendário lunar judeu, o Tishrei, uma herança da Babilônia há milhares de anos quando derrotados em guerra e levados como escravos. A comemoração está determinada na Torá como o primeiro dos dez dias de Temor, ou Dez Dias de Arrependimento, que terminam no Iom Kipur, o Dia do Julgamento.

Nos dias atuais, a maioria absoluta dos judeus não é de praticantes, mas Rosh Hashana e Iom Kipur, mesmo os descrentes respeitam. Não acreditam, dizem, mas nunca se pode ter certeza, é a explicação que recolho. Em Rosh Hashana, comemora-se a criação do homem. Cinco dias antes foi o primeiro dia da criação. Os judeus tem as mais antigas tradições do monoteísmo. Deus, há uma tradição, tem três livros onde escreve seus julgamentos. Um para os perversos, outro para os justos e um terceiro para os intermediários.

O livro dos justos garante que viverão o próximo ano com o que merecem receber de bom. No livro dos malvados, eles são apagados da vida. Os intermediários tem os dez dias entre o Ano Novo e o Iom Kipur para se arrpenderem e se emendarem. A decisão de Deus só é conhecida no dia em que é aplicada. Na tradição, ou mitologia, Deus senta-se no seu trono diante do qual passam todos os seres vivos cujos comportamentos são registrados no livro da vida de cada um.

As famílias recebem o Ano Novo com jantar festivo. São dois dias em que todo o trabalho é proibido. São dias dedicados a preces.

O Taslish é outra das tradições. Trata-se de prece que se pronuncia nas proximidades de água corrente nas quais os pecados são simbólicamente lançados. Maçã com mel é comida nas refeições para simbolizar um ano de tranquilidade, doce. Na primeira noite depois das preces, é costume desejar ao outro que "Você seja inscrito e assegurado um bom ano e uma vida boa e tranquila".

Iom Kipur, dez dias depois, jejua-se um dia todo, cerca de 26 horas, em prece. Mas o julgamento não é revelado. Fica fechado no livro de cada um. Só será conhecido quando algo inesperado acontecer ou como o indivíduo chega ao início do próximo ano.

Desejo de Shalom, paz e reencontro em Jerusalém são destaques das preces milenares.

(*) Nahum Sirotsky é correspondente de Zero Hora no Oriente Médio e colunista do portal “Último Segundo”.

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