Notícias Militares

quinta-feira, 12 de março de 2009

UM COMEÇO DE ANO MUITO QUENTE


UM COMEÇO DE ANO MUITO QUENTE

Carlos Vilmar
12 Mar 09

É corriqueiro ouvir que o ano só inicia mesmo a partir do mês de março. Que janeiro e fevereiro são meses em que nada acontece. Os fatos mostram que não é bem assim.

No início do ano, com o país ainda em ritmo de festa, o povo teve que engolir a criação de mais de 7.300 cargos de vereadores pelo Congresso Nacional, cargos que haviam sido extintos pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2004. Sem tempo de se recuperar da quase indigestão provocada pela recriação de milhares de cargos de vereadores o Brasil ficou sabendo de um plano de saúde para os funcionários que ocupam cargos de confiança no Senado e na Câmara Federal. Uma assistência médica que, segundo um estudo elaborado por técnicos da própria Câmara, deveria gerar um custo adicional de R$ 30 milhões aos cofres públicos.
Logo depois destes golpes diretos na cara e no bolso do povo brasileiro a Câmara Federal elegeu como corregedor, cargo responsável pela elaboração de pareceres sobre denúncias de desvios éticos e quebra de decoro parlamentar contra deputados, o deputado Edmar Moreira (sem partido -MG), um descuidado que havia “esquecido” de declarar entre seus bens um castelo avaliado em R$ 25 milhões. Quando estourou a bomba, detonada pela imprensa, nenhum deputado ou senador sabia de nada. Daí a pergunta. O que sabem das necessidades da população parlamentares que não conhecem nem os parceiros com quem convivem diariamente?

A situação mais desprezível foi provocada pela entrevista que o Senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, deu para a revista Veja. Segundo as declarações corajosas do Senador o seu partido só pensa em corrupção (manipulação de licitações, contratações dirigidas, etc.). De modo geral os políticos que se manifestaram sobre a entrevista do Senador saíram pela tangente. Muito se falou e nada se esclareceu sobre a máfia política que assalta os cofres públicos. O melhor entendimento que se pode ter das explicações dadas é de que o PMBD é apenas parte de um sistema político que rouba a Nação. Depois da estarrecedora entrevista de Jarbas Vasconcelos o mínimo que se esperava do Congresso era um apoio incondicional ao Senador. Em vez disso, o que se viu a seguir, com raras exceções, foi um coro para a sua expulsão do partido e até pela perda do mandato. Será que ainda existem pessoas, no país, que acreditam na democracia praticada pelos políticos brasileiros?

Os fatos que envolveram o parlamento nacional não foram os únicos que surpreenderam e decepcionaram a Nação. O ministro da justiça, Tarso Genro, desta vez se superou. Depois de permitir a extradição dos atletas cubamos que pediram asilo político ao Brasil (2008) e não se cansar de insistir ideologicamente no fim da Lei da Anistia, lei que perdoa todos os envolvidos em atos ilegais praticados durante a revolução de 1964, negou a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado pela Justiça da Itália por quatro assassinatos. Algumas dessas mortes, segundo publicações em revistas italianas, foram execuções sumárias. Este mesmo ministro, ao ser perguntado sobre o aumento da violência no campo, após o assassinato de quatro trabalhadores pelo MST, em Pernambuco (Fev/09), disse que não acreditava nisso e que às vezes os movimentos sociais praticam “ações de maneira mais arrojada”. Hipocrisia pura. Salvo a existência de cortes na gravação do vídeo transmitido pela televisão dá para se entender que o ministro da “Justiça” considerou as quatro execuções praticadas pelo MST como ações mais arrojadas. As declarações do ministro soaram como a senha para a liberação da bandidagem ideológica praticada no Brasil. O que pegou mal foi a imprensa se fazer de desentendida.

No Brasil real, aquele que o ano começa somente em março, diversos acontecimentos foram noticias: um casal depois de ser assaltado foi jogado de um penhasco pelos bandidos (Rio de Janeiro); uma jovem de 18 anos foi estuprada dentro da faculdade (São Paulo); uma menina de nove anos foi submetida a um aborto induzido por ter sido estuprada pelo padrasto (Recife); uma professora foi agredida no rosto porque pediu para o aluno tirar os pés de cima da mesa (em Guapiaçu-SP); e um bebê foi achado no lixo (Petrolina-PE).

O empresário que foi jogado do penhasco depois de ser assaltado fez a seguinte pergunta: Onde isso vai parar? A resposta mais fiel que se pode dar a esse brasileiro apavorado é que não vai parar. A tendência, de acordo com crimes praticados nos últimos anos, é de que a bandidagem aumente e fique cada vez mais violenta. Daí a pergunta. Para que servem os governos e os tais representantes do povo?

Nos últimos dias foram praticados três roubos de armamentos, todos em lugares que deveriam ser sinônimos de segurança. A Folha de São Paulo publicou (10/Mar) que o Senado pagou pelo menos R$ 6,2 milhões em horas extras para 3.883 funcionários em janeiro, mês em que estava em recesso e quando não houve sessões, reuniões e nenhuma atividade.

Como se pode constatar, pelos fatos ocorridos nos primeiros meses de 2009, não existe nada de novo no “front”. A bandidagem e política nacional transformaram o Brasil em um grande “Big Brother”, onde os emparedados são os quase 200 milhões de brasileiros. O pior, neste cenário, é perceber que o que incomoda o país é enorme calor que a assola a Nação. O número de revoltosos contra as altas temperaturas aumenta a cada dia. Já se ouve falar da formação de uma resistência contra esse comportamento tirano do sol. O movimento só não é maior porque grande parte da população está procurando o caminho das índias.

Acorda Brasil.

Carlos Vilmar
carlosvilmars@yahoo.com.br
061 8182-4344

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