Carta aberta ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Defesa Dr. Nelson Jobim
Assunto: Reajuste salarial dos militares das Forças Armadas.
Exmo. Sr. Ministro:
Quando V. Exª assumiu a pasta da Defesa em Julho do corrente ano, pudemos perceber desde o início, o seu interesse em conhecer todos os problemas por que passam as nossas gloriosas Forças Armadas que, diga-se de passagem, em recentes pesquisas de opinião pública, situaram-se em segundo lugar, depois da Polícia Federal em matéria de credibilidade, seriedade e confiança da população brasileira.
Como oficial superior da Marinha do Brasil, no posto de Capitão-de-Corveta (T-RM1), associado da AMIRFA (Associação de Militares da Reserva das Forças Armadas – Salvador/BA), gostaria de expressar a minha satisfação em constatar que V. Exª tem demonstrado conhecer de perto as nossas Organizações Militares, comparecendo a várias delas, para verificar “in loco” suas missões, seus problemas; enfim, conhecer de perto tudo atinente a elas e os problemas decorrentes, assessorando de forma precisa o Presidente da República, para que as soluções adequadas sejam tomadas.
Também tive a oportunidade de ler o seu discurso por ocasião do almoço com os Oficiais Generais das três Forças, no Clube Naval de Brasília, dia 12 passado, em que V. Exª, devidamente autorizado pelo presidente Lula, também presente nesse almoço, sinalizou com um reajuste salarial dos militares ainda no corrente ano, haja vista a discrepância de remuneração destes com as outras carreiras típicas de Estado. Esta sinalização ocorreu após V. Exª ter se reunido exaustivamente com os Comandantes das três Forças e a equipe econômica do governo, tendo, inclusive, concordado que os militares estão com as suas remunerações defasadas, na sua audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, no dia 31 de outubro, na Câmara dos Deputados.
Como se fosse tudo em função da não aprovação dessa mal-fadada CPMF, no dia de hoje tivemos conhecimento de que o Governo Federal cancelou o reajuste anteriormente anunciado oficialmente por V. Exª. Senhor ministro, “nós sentimos na carne” a má vontade de sempre sermos relegados a segundo plano. Não vou tecer comentários às peculiaridades e situações de trabalho e de risco a que são submetidos os militares, pois todos estes tipos de assuntos já são de conhecimento da população brasileira e que são divulgados periodicamente pela Imprensa.
Não fosse a incansável e destemida atuação do Deputado Federal Jair Messias Bolsonaro, não tenho dúvidas de que as nossas Forças Armadas estariam em pior situação. Creio que, com o seu passado, tendo, inclusive, sido presidente do STF, V. Exª não deveria ter sido desacreditado dias depois do anúncio do reajuste, como se o atual governo não soubesse que poderia ser derrotado na votação da CPMF, o que de fato ocorreu e que nada tinha a ver com o referido reajuste, que já havia sido divulgado.
Eu gostaria de saber como que o governo arrumou recursos financeiros para criar milhares de cargos sem concurso público. Senhor ministro, de que adiantou todo o seu empenho, preocupação e boa vontade em ter se aprofundado na questão salarial, se V. Exª ficou desacreditado com a notícia do cancelamento do reajuste? Onde ficou a vossa palavra? Não tenho nenhuma dúvida que V. Exª ficou em uma situação ruim perante a classe. Qual será a credibilidade que V. Exª terá nos seus futuros pronunciamentos, se a sua palavra não teve voz ativa no governo? V. Exª jamais deveria ter sido exposto nessa situação constrangedora pelo atual governo, que teve tantos escândalos noticiados pela Imprensa. Será que vale a pena fazer parte dele? O senhor sabe que não existe satisfação profissional sem uma justa remuneração. Pelo seu brilhante passado, sugiro a V. Exª que faça uma profunda reflexão dos fatos ocorridos e chegue à conclusão que, talvez seja melhor entregar o cargo e gozar a sua justa e merecida aposentadoria, pois nem o senhor e nem ninguém com boas intenções, justiça e seriedade deve ser desacreditado em público após ter empenhado a palavra.
Também temos notícias pela Imprensa que os três comandantes das Forças Armadas sempre estiveram empenhados em resolver a grave situação salarial por que passam os seus integrantes. Qual será o estímulo deles para continuarem comandando as Forças Armadas do Brasil, em que o próprio Presidente da República, seu Comandante Supremo, S.M.J. (salvo melhor juízo), não dá a elas o seu devido valor? Triste Brasil...
Respeitosamente,
José João Abdalla
Capitão-de-Corveta (T-RM1)
RG: 370508 (SIM-RJ)
Tel.: (16) 33687412
São Carlos - SP
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
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