Hipócritas, cínicos e incompetentes
Produzido pelo Ternuma Regional Brasília
Por Paulo Carvalho Espíndola, Cel Reformado
Nunca vi, em toda a minha vida, tanto caradurismo e tanta insensatez como vejo agora, por parte de autoridades que vivem, nababescamente, à custa do dinheiro de nós contribuintes.
Uma pessoa amiga, movido por belas intenções, solicitou-me que deixasse de fazer carga contra o ministro da Defesa, pois que essa autoridade estaria comprometido, de corpo e alma, com a reestruturação das Forças Armadas e decisivamente empenhado com a justa solução para a penúria remuneratória dos militares, além de declarar-se tentando pôr fim à anarquia por que passa a aviação civil brasileira. Considerei o pedido, movido por disciplina intelectual e pela crença nos chefes. Os fatos, no entanto, vêm mostrando o quanto pecamos pela nossa ingenuidade.
O ministro Nélson Jobim, fardado de canhestro e bisonho oficial general, empenhou a sua palavra, acenando com reajuste para os militares a ser anunciado, no máximo, em dezembro, com retroação de uma primeira parcela, a contar de setembro de 2007. Os homens verdadeiramente fardados, como sempre crédulos com o que falam seus chefes, acreditaram no blefe de um político. Afinal, ele estava uniformizado e a farda, para os militares, é o manto que sublima o compromisso de levá-los, até, ao sacrifício das próprias vidas.
Ledo engano. Veio a conjuração política das oposições a Lula e os quarenta bilhões de reais da CPMF foram banidos das contas governamentais. Com o sumiço deles, tudo, oficialmente, muda de figura. O reajuste, em primeiro plano, deixa de ser retroativo e nem se sabe se sairá e quando ou quanto. O reaparelhamento fica por conta do que sobrará, se é que vão sobrar recursos para isso, porque o “planejamento” orçamentário de 2008 terá que cortar emendas dos parlamentares, em face da “inesperada” perda desses quarenta bilhões. Os políticos, que apresentam emendas ao orçamento para a prospecção de poços de mel e de viadutos a ligar o nada a coisa nenhuma, hão de pressionar o governo e, tenho a mais verdadeira certeza, terão as suas emendas aceitas e, assim, obras absolutamente eleitoreiras assegurar-lhes-ão mais votos, para que lhes seja garantida a permanência no éden corrupto-financeiro. Com isso, o Brasil terá postergadas para um “ad eternum” as suas imediatas aspirações.
Nélson Jobim, “preocupado” com o caos em que se encontra a aviação civil, tentou “solucionar” o problema. Dentre várias medidas comprovadamente inócuas, nomeou uma sua assessora, inteligente e bela mulher, mas, pelo que sei, totalmente neófita para o cargo de chefia da ANAC, órgão que substituiu, por puro revanchismo, o saudoso Departamento de Aviação Civil (DAC) sob a responsabilidade do muito mais saudoso Ministério da Aeronáutica. Hoje, 21 de dezembro de 2007, Jobim, hipocritamente, atribuiu os atrasos de vôos e a bagunça nos aeroportos brasileiros às condições climáticas. Interessante isso, pois não me consta que o clima no Brasil tenha mudado tão radicalmente nestes últimos tempos, a ponto de causar tanta confusão. Quando era vivo o DAC, nada disso acontecia e a natureza não era tão inclemente
O cinismo não pára por aí. Vendo hoje o noticiário da semi-estatal Rede Globo, acerca das deploráveis condições das estradas brasileiras, oferecendo seriíssimos riscos de morte a quem se aventura a viajar, indignei-me com o descaso e a cara-de-pau do DNIT. Não me lembro o que traduz essa sigla; só sei que substituiu o velho e inepto DNER. Mudança de siglas importa em substituir o seis por meia-dúzia.
Lembram-se, eleitores brasileiros, do que fez o governo Lula às vésperas da eleição de 2006? Bilhões de reais foram gastos em obras fajutas, com o fito de “recuperar” a malha rodoviária, sem licitação, já que “havia” urgência e emergência. Pois é, tudo está muito pior. A reportagem mostrou o inferno em que se encontra a malha viária. Crateras provocam, diariamente, tragédias que vitimam compatriotas, sejam passageiros de ônibus e de carros particulares, sejam caminhoneiros em busca do seu sustento. Curioso é que os postos de balança nessa estrada estão desativados, o que impede a eficaz fiscalização das cargas transportadas. Não sei quem do DNIT, consultado, declarou que o problema das balanças é que os contratos de exploração encerraram-se em setembro e que o órgão está empenhado em fazer novas licitações, para que as balanças estejam prontas a atuar em março de 2008. É o imoral desças e o suspeito desconhecimento de que nesta época do ano cresce muitíssimo o tráfego nas estradas. O DNIT é a própria tradução da inconsciência governamental. Esquecida a reportagem, que se danem os mortos e inválidos vítimas dos buracos e da incúria. Depois das águas de março, as balanças funcionarão, mas as deploráveis estradas continuarão a ceifar vidas.
O que temos a ver com isso, nós do TERNUMA? Tudo, pois que somos brasileiros contribuintes, submetidos às maiores cargas tributárias do mundo.
Não consinto em calar-me diante de tanta desfaçatez, ainda mais com essa incompetência de gente que não respeita os menores princípios de chefia e liderança, tornando-nos meros expectadores de uma “brilhante” ascensão na vida pública. Não tenho dúvida de que, depois de alcançados os ganhos políticos, fardas criminosamente usadas serão jogadas no lixo, indo com elas bravatas também sem mais serventia.
Incompetentes, cínicos e hipócritas estão aí à solta.
Cabe-nos, sociedade brasileira, escoimar o joio do trigo e a votar bem.
Enquanto isso, resta-nos convencer os “beneficiários“ das bolsas-esmolas que o Brasil é o mais importante de tudo. Às favas as ideologias retrógradas e a demagogia barata.
Como diz a minha netinha, tarefinha difícil, não é vovô?
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sábado, 22 de dezembro de 2007
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