terça-feira, 26 de maio de 2009
A AMAZÔNIA
Amazônia já está internacionalizada
“De certa forma, a Amazônia já é internacionalizada”. Essa é a opinião do jornalista Washington Novaes, proferida, recentemente, em palestra no Projeto Repórter do Futuro. De acordo com ele, o que existe de mais relevante na floresta está voltado para os interesses de países estrangeiros. Como exemplos, o jornalista cita a exportação de carne, de soja, de minérios e de madeira.
A Zona Franca de Manaus também é, na opinião de Novaes, uma atividade que evidencia a internacionalização. O jornalista explica que a maioria dessas atividades é subsidiada pelo governo brasileiro. Os financiamentos de bancos oficiais para pecuaristas da área são feitos com taxas subsidiadas, aponta Novaes. A busca do crescimento “a qualquer custo” é apontada por ele como um dos fatores geradores desse processo.
Washington Novaes também diz que o Brasil não tem uma estratégia territorial, o que se reflete na floresta. Os recursos para trabalhar a questão amazônica e o seu potencial, de acordo como o jornalista, são insuficientes. Ele aponta que o orçamento do Ministério do Meio Ambiente para 2008, que era de 651 milhões de reais, sofreu uma redução de mais de 30%. Esse valor representa menos de 0,5% do orçamento federal do Brasil. “Isso é dramático e muito sério”, diz Novaes. O jornalista também cita as reduções de gastos com o Programa de Ciência e Tecnologia e o Programa de Biotecnologias, ambos voltados para a Amazônia. O primeiro teve menos da metade investido. O segundo teve dois terços de redução.
“Nós temos que ter um plano, um projeto para a Amazônia e nós temos que definir o que a gente quer dela”, afirma o general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas. A defesa e a segurança da área, de acordo com o general, dependem mais da integração, da ocupação e do desenvolvimento, do que da presença militar.
“Tenho medo de perdermos a Amazônia”
Há muita interferência externa na Amazônia, diz o professor Wanderley Messias da Costa, do Departamento de Geografia da USP. Ele conta que coordenou vários projetos na floresta financiados por governos estrangeiro durante os quatro anos em que trabalhou no Ministério do Meio Ambiente. A princípio, isso não representa um problema para o professor, já que ele não teme uma invasão estrangeira armada. “Eu tenho medo é de perder a alma da Amazônia e essa nós estamos perdendo, porque a agenda de pesquisa dela não é nossa”, diz o professor.
Uma mudança na realidade amazônica, de acordo com Washington Novaes, passaria por uma transformação na sociedade. Ele diz que os brasileiros vivem com uma “retórica da indignação” – ficam indignados com os escândalos políticos, mas não fazem nada para reverter a situação.
“É preciso que a sociedade saia dessa posição, que ela exija ser informada, discuta informação, seja capaz de criar plataformas políticas e levar isso para o mundo da política. Exigir que essas plataformas sejam adotadas e cumpridas”, e complementa o jornalista, “A mera indignação não vai conduzir a nada, como não tem conduzido”. Mas para que isso aconteça, Novaes aponta uma necessidade de mudança dos meios de comunicação no Brasil. É preciso, diz o jornalista, que a imprensa saia do modelo no qual a informação é tratada como espetáculo; em que só grandes tragédias, crises e dramas recebem espaço de destaque.
O módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, do Projeto Repórter do Futuro, é uma realização do IEA (Instituto de Estudos Avançados da USP), da TV/USP Canal Universitário de São Paulo, da Oboré Projetos Especiais em Comunicações e Artes, CCOMSEx (Centro de Comunicação Social do Exército), CCOMSAer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica) e IPFD (Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais). Para mais informações, clique aqui.
Fonte: Agência Amazônia
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