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quinta-feira, 28 de maio de 2009

VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA





“VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA”



Ternuma Regional Brasília



Gen Ex Armando Luiz Malan de Paiva Chaves



O mundo todo assistiu ao confronto eleitoral que levou à presidência dos EUA um cidadão comum, nascido numa ilha longínqua, de pai africano e mãe americana Ganhou de ex-primeira dama a preferência dos democratas. Suplantou, por larga margem, o poder republicano instalado. Embora senador, era cidadão comum. Não fazia parte do círculo dos poderosos que influem decisivamente nos rumos da nação-líder.



Seu feito deveu-se, sobretudo, a méritos próprios. À eloqüência e consistência de sua pregação. À pertinácia de sua campanha. À imagem própria e de uma vida de família que adversários não puderam macular.



Mas deveu-se, principalmente, à capacidade de ação que conseguiu aglutinar. Acendeu a cidadania de jovens que não se interessavam pela política. Fez deles cabos eleitorais voluntários e aguerridos. Estimulou e viu consolidar-se estupenda cadeia de propaganda, que ia de contatos porta a porta até a utilização intensiva da internet. Para suporte da campanha, amealhou fabulosa soma de recursos, em grande parte oriunda de milhões de pequenas contribuições espontâneas. Cidadãos comuns, como ele, quiseram desempenhar seu papel na mudança que sonhavam ver acontecer.



Nós, brasileiros, estamos fugindo à luta.



Enumerar todos os males que nos assolam seria repetitivo. Há anos se arrastam processos escandalosos de apropriação indevida de dinheiros públicos; de compra de votos e consciências de parlamentares; de licitações fraudulentas; de crimes de morte de conotação político-partidária, sem solução. O Congresso é muito mais uma caixa de benefícios indevidos e exorbitantes a parlamentares e funcionários do que uma casa de leis. O Judiciário tem sua autoridade maculada por juízes venais, que não são punidos com a severidade que seus pecados merecem. A mais alta corte põe em risco a soberania nacional, com decisão que concede continuidade a reserva indígena de grande superfície, estendida ao longo de fronteira não vivificada.



A comunicação de massa – a mídia – faz bom uso da liberdade de imprensa, que oxigena e fortalece a democracia. Denuncia, cobra respostas e soluções. Mas também ela tem suas fragilidades, suas dependências do poder, para alcançar objetivos empresariais. Temas como os assassinatos do prefeito de Santo André e testemunhas, os dólares apreendidos durante a campanha para o governo de São Paulo, caem no esquecimento. Inexplicavelmente.



Cabe aos brasileiros que se escandalizam com os arquivamentos ou a miopia da mídia sacudi-la em seus brios. Questionar esquecimentos, omissões e silêncios, suspeitos de cumplicidade. Todos sabem quanto isso é difícil. O quarto poder é cioso de sua independência. Não aceita ser criticado. Quanto mais poderoso, tanto menos humilde em suas falhas. Mas, frequentemente, cede à pressão de massa. E, nos dias atuais, é mais fácil exercer pressão de massa, com os recursos da internet. Usando-a, é possível acessar os blogs de jornalistas e os sites de jornais e canais de televisão.



Também a internet é veículo para mensagens a parlamentares. Por meio dela, é possível cobrar posicionamentos, apoiar iniciativas, sugerir propostas, criticar atitudes.



Falamos, acima, de pressão de massa. Não havendo massa, não haverá pressão. Antes, lembramos o efeito de massa nas eleições norte-americanas, depois do verso “Verás que um filho teu não foge à luta”. É impositivo ir à luta, em massa, se queremos para nossos filhos e netos um Brasil mais puro do que temos hoje.



O brasileiro que vai à luta não arremeterá sozinho contra moinhos de vento. Com sua pitada de levedo, estará fermentando a massa, que irá ocupar espaços na opinião pública desinformada, ou desinteressada, ou acomodada por benesses.



A quantos lerem estas linhas, proponho que não se limitem a criticar, em roda de amigos. Mas que arregimentem o maior número que puderem, para congregá-los na massa de pressão. Que façam suas críticas circularem pelos correspondentes de e-mail. Que as enviem a jornalistas e à mídia a que tiverem acesso. Que descubram veios por onde possam impregnar consciências e cidadanias letárgicas.



Quem escreve não é um jovem frustrado em suas esperanças, em busca de armas para combater injustiças, sanear a coisa pública, exigir bom desempenho de quem o representa. É um octogenário que não aceita viver no ócio, mesmo com dignidade. Que, em todos os seus dias, conjugou, com fervor, o verbo SERVIR e não se conforma em assistir, impassível, à deterioração dos costumes, públicos e privados.



Mais aptos do que ele, sem dúvida, existem muitos, capacitados a explorar com desembaraço os avanços tecnológicos.. Servidos por mentes ágeis, encontrarão instrumentos mais eficazes e maior eloqüência para se fazerem ouvidos e seguidos.



A eles desejo passar o bastão, nessa maratona de revezamento. Que aceitem recebê-lo. E ganhem a corrida.

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