quarta-feira, 27 de maio de 2009
REFORMA POLÍTICA
REFORMA POLÍTICA
É fora de dúvida que não faltam pessoas de bem na minha cidade, no meu estado e no meu país. O mesmo pode-se dizer de pessoas inteligentes. Então, por que vemos a proliferação da corrupção no trato da coisa pública, a todo instante e em todo lugar, sem uma consequente manifestação de repulsa e uma exigência cidadã de novos rumos?
Há um provérbio que diz: “quando falares, cuide para que suas palavras sejam melhores do que o silêncio.” Ou seja, o silêncio, traduzido em omissão ou acomodação, deve ser substituído por uma participação democrática capaz de condenar, rejeitar, exigir e sugerir, conforme as circunstâncias.
No atual momento da vida política nacional, enquanto os escândalos se multiplicam no Congresso Nacional com a mesma fecundidade das ratarias na natureza, diminuindo o respeito e a credibilidade, já escassos, dos parlamentares, ecoam manifestações da necessidade e urgência de uma “reforma política”, há muitos anos reclamada, embora sem opositores declarados a tal idéia. O cidadão não alienado vem sendo surpreendido com as principais medidas reformadoras postas em discussão – financiamento público de campanha e lista fechada – notoriamente concebidas e maquiavelicamente apresentadas como se os eleitores fossem todos idiotas e incapazes de perceber que o efeito buscado é assegurar, com mais tranquilidade, a permanência dos caciques no comando dos seus partidos e na vida política nacional! Há quem diga que isso não pode ser meta, pois já existe. No meu modo de ver, com esse raciocínio mais se impõe algo novo e moralizador, pois como está não pode continuar.
É lamentável que no Brasil a política seja tratada como um feudo que se transfere no âmbito familiar, não raras vezes às custas de uma vassalagem e de prestação de serviços nem sempre dignificantes. Daí parecer-me oportuno cogitar da realização de um plebiscito a fim de que o povo soberanamente tenha a oportunidade de deliberar sobre tão relevante matéria, embora haja um risco inerente nessa idéia, qual seja a manipulação da consulta popular, o que deve ser evitado a todo custo pela vigilância cidadã. Vale lembrar que “as idéias não são responsáveis por aquilo que os homens fazem delas.”
O urgente e inadiável é que algo se faça em benefício da Nação brasileira, dando-lhe condições de bem escolher aqueles seus representantes vocacionados e melhor dotados para a condução dos seus destinos. Insinuar que o voto consciente é a solução é o mesmo que querer a redução imediata do nível das águas em áreas inundadas; é um bom desejo, mas fora da realidade. A cultura do populismo, que ganha espaço na América do Sul mediante a distribuição de benesses e a compra de consciências, também faz parte da realidade brasileira e dela deve ser afastada.
O momento é de reformar, ou seja mudar para melhor, mas não é justo que os autores da nova legislação sejam os seus maiores beneficiários. É essencial que se promovam debates e manifestações envolvendo representantes de todos os setores da vida nacional.
O pensamento recentemente expressado de público por um deputado federal de que “se lixava para a opinião pública, porque ele e seus colegas poderiam ser criticados, mas não deixavam de se reeleger” é um preocupante sintoma de uma enfermidade social que denigre o nosso País e cuja cura cabe ao eleitor consciente. Silenciar ante tal descalabro é sinal de fraqueza, quando não de cumplicidade. Esquivar-se de sua responsabilidade cidadã de participar do inadiável saneamento moral e de costumes é fugir do combate, que só aos fracos abate. Esperar sem lutar é uma rendição vergonhosa!
(Gen Ex José Carlos Leite Filho – linsleite@supercabo.com.br – 26/05/09)
(Publicado em O Jornal de Hoje-27/05/09- Natal, RN)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário