terça-feira, 26 de maio de 2009
A CPI DA PETROBRÁS
A COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) DA PETROBRAS – UM ESPETÁCULO QUE PROMETE
Torcemos o nariz quando foram criadas as CPI. Não pelos seus altissonantes propósitos, nem pelos grandiloqüentes textos regulatórios de sua gênese, onde cada palavra transpira uma anuviada/pretensa honestidade de propósitos, e em cada linha, adivinha – se verter a seiva da boa vontade. Tudo bem, exceto pelo que captamos nas suas entrelinhas, diriam os pessimistas.
De lá para cá, escaldados pelos seus esdrúxulos, quando não caricatos resultados, mudamos nossa opinião. Somos visceralmente contra.
Nossos congressistas, cuja honestidade, grandeza de propósitos e acendrado amor pelo bem comum (não ao bem comum, mas de sua paixão em usufruir em próprio beneficio deste bem) do alto de sua pomposa postura de buscar a verdade a qualquer custo, e doa a quem doer, pelo enlameado passado de seus protagonistas, não era necessário nenhum dom premonitório para sabermos para que e para quem serviriam as alentadas Comissões Parlamentares de Inquérito.
Como sabemos, os políticos, seus agentes, promotores, gestores e condutores do processo, cultuam no mais alto grau a “expertise” da hipocrisia. E aproveitam ao máximo a oportunidade de promoverem – se através da mídia.
Já ouvimos falar que, sobre as CPI, “sabe - se como começam, mas não como terminam”. Na verdade, sabemos, não terminam. Pelo menos no sentido de corrigir distorções, de trancafiar culpados, de solucionar casos e questões. De fato, vergonhosamente, patrocinadas às expensas do contribuinte, espremendo - se as CPI, os seus resultados são pífios.
Algumas, pelo espaço na mídia desenvolvem - se com estardalhaço e promovem acirrados e descabidos debates, em alguns (maioria?) comissionados transparece o seu despreparo, e a farsa sublinha que os digladiantes estão mais interessados em promover - se à custa da querela do que apurar qualquer coisa.
Palco de atrozes interpretações, o teatro onde se reúnem os novos deuses midiáticos, canastrões convictos, é local das mais torpes encenações. Uns mais outros menos, mas sem distinção, todos buscam encanzinadamente, um lugar proeminente nos perguntórios, nas repostas ou não respostas, nas réplicas e nas tréplicas que povoam aquele nebuloso e caricato cenário.
Poderíamos entender que naquele ambiente, reúnem - se indivíduos com os mesmos propósitos – desencavar a fórceps, se preciso fosse - a verdade. Crasso erro.
No teatro do absurdo, no Coliseu do Congresso Nacional, bufões perpetram uma caricata pantomima e defrontam – se jogando tortas na cara um dos outros. Ao final do sanguinolento embate, entre mortos e feridos, perde a sociedade brasileira e se esvai pelo ralo qualquer resquício de respeito que um mortal de mínima inteligência poderia ter pelos políticos nativos.
Governo e oposição, esta em geral canhestra e paupérrima em argumentos e propósitos, digladiam - se numa batalha sem sangue e sem vergonha. Assistimos a um festival de golpes e contra - golpes de fazer corar o mais reles e baixo dos mortais. Proliferam as impugnações, desacreditam testemunhas, invalidam a verdade e promovem a mentira, esvaziam – se os caminhos para a mais simplória solução. O desgoverno, com ampla maioria no Congresso, em geral leva de barbada o nobre exercício de escamotear, de enfraquecer as posições opostas, de truncar e obstar investigações, o que faz com relativa facilidade. Sem contar que possui um saco de moedas de troca que sempre pode acalmar ânimos e aquietar descontentes.
Assim, amiúde, as diferenças são tão grandes, que ao final da utopia, podemos ter dois relatórios, totalmente discordantes, uma barbaridade “kafkaniana”, que inexplicavelmente surge como a única solução, ou seja, nada foi solucionado. E temos dito.
A CPI da Petrobras seguirá o mesmo glorioso caminho. Independentemente da dita, poder servir de trampolim para a oposição enfraquecer o desgoverno, a bem da verdade, a empresa é uma vistosa caixa preta, e nós, como muitos, a vemos como um dragão que come o próprio rabo que cresce sem parar, num moto - contínuo, sendo um mistério os aspectos em que ela serve ao País, parecendo justamente ao contrário, pois os benefícios de seu empreendedorismo são visíveis apenas para a própria empresa e para os seus funcionários, além de atender ao desgoverno que faz o torpe uso político de seus vários cargos.
Nada mais justo, quando pagamos os combustíveis a preços mais caros do mercado internacional e diante de vários escândalos financeiros que circundam as contas da empresa, que um atento e interrogativo olhar seja lançado sobre a mesma e abertas ao grande público, sobre as suas sigilosas e nebulosas transações, nos contratos e convênios milionários firmados com entidades amigas do PT para executar projetos sociais, como é o caso do emprego de verba social da empresa para beneficiar ONG petista fundada pelo tenebroso Delúbio e citada em irregularidades com o INCRA .
Causam espécie os contratos para a construção de plataformas de petróleo e decisões administrativas que reduziram o pagamento de impostos. Será que conheceremos os milagres? É ver para crer.
Assim, oxalá, que nos entreveros que assistiremos, eles percam a compostura e exponham aos nossos olhos, as canalhices perpretadas, uns dos outros, as que conhecemos e as que não conhecemos.
Como sempre, nada faremos, mas, pelo menos, poderemos medir a nossa pusilanimidade.
Brasília DF, 26 de maio de 2009
Gen. Bda RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira
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