Notícias Militares

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MANIFESTO


LIONS CLUBE DE BLUMENAU CENTRO

CNPJ 01.445.120/0001-65

“Maior servidão é mandar homens, que servi-los.”
(Padre Antônio Vieira, 1608/1697, nascido em Portugal, viveu por muito
tempo no Maranhão).

MANIFESTO À NAÇÃO

O sentimento da população brasileira para com a política e os políticos é
de profunda indignação e revolta. Infelizmente os desmandos são de tal
ordem e número que, além deste sentimento de frustração, as pessoas parecem
estar anestesiadas.
O Lions Clube de Blumenau Centro, com 53 anos ininterruptos de serviços
prestados à comunidade, tem, entre seus objetivos, o estímulo ao
patriotismo. Conta até hoje em suas reuniões com alguns dos seus
fundadores, forma um grupo preocupado com o Brasil e também se sente
atingido por esta indignação, que é notória nas ruas.
Em vista disso elaborou o presente manifesto, a ser divulgado de todas as
formas e por todos os meios possíveis, objetivando despertar o país da
letargia e reverter o quadro lamentável que se espalha entre os brasileiros
responsáveis.
Ainda que os índices econômicos possam aparentar uma certa tranquilidade,
ela é ilusória, na medida em que padrões éticos estão sendo vilipendiados
diuturnamente nos mais variados níveis da administração pública. Eles são
tanto mais graves, quanto mais próximos da esfera federal.
Escândalos de toda ordem, desde malversação do erário, favorecimentos
pessoais espúrios, espírito corporativista intoleravelmente reprovável,
aumento absurdo no número de cargos e atitudes antiéticas deixaram de ser
exceção, para virarem regra. Nem bem um escândalo é divulgado, outro lhe
toma o lugar, gerando na população, por esta sequência regular e
continuada, aquele sentimento de impotência e letargia referido
anteriormente. Parecemos todos zumbis estáticos, observando os fatos sem
reagir, descrentes de mudanças positivas.
Não se trata de reivindicar um simples e utópico processo de distribuição
de renda, de criticar irresponsavelmente a livre iniciativa ou de
levianamente censurar bons salários aos administradores públicos
competentes. Trata-se de encontrar um modelo mais comedido, em que o
cidadão trabalhador não fique estarrecido ao verificar que o que percebe de
rendimento em toda uma vida é pago a alguns funcionários públicos e
parlamentares em questão de poucos anos, quando não alguns meses, sob as
mais variadas denominações!
Ainda que fosse somente pelo fato de não carregarmos na consciência a
censura de nossos filhos e netos pela nossa omissão e pelo nosso silêncio,
e não pelo patriotismo em si, hoje tão pouco em voga, nós, membros do Lions
Clube Blumenau Centro, sentimos ter chegado o momento de levantar a voz,
pacífica mas energicamente. Este manifesto não pretende ser um brado
irresponsável, uma palavra de ordem surrada ou um grito oportunista, que
são os adjetivos tantas vezes usados pelos poderosos para abafar os
protestos dos insatisfeitos.
Ele pretende ser um alerta, um chamado ao despertar, um incentivo à
formação de cidadãos que, além de emprego e trabalho, sintam orgulho dos
líderes que conduzem através do seu voto aos cargos públicos, dos mais
altos aos mais baixos, delegando-lhes poderes para fazer honestamente o
melhor pelo país, pela sociedade, pela comunidade.
O Lions Clube de Blumenau Centro está preocupado com a violência já não
mais restrita aos grandes centros e que avança dia a dia, alcançando
índices alarmantes. Está preocupado com a educação, na qual, sob um
distorcido conceito de liberdade, os alunos estão agredindo os professores,
as drogas estão sendo consumidas por nossa juventude à luz do dia e diante
da polícia, trazendo em seu rastro a criminalidade crescente, apenas para
citar alguns exemplos.
Os parlamentares estão legislando cada vez menos, porque preocupados em
acusar adversários ou em defender-se de acusações, brigando por cargos e
benefícios, dando as costas àqueles que juraram defender. Reclamam do
Executivo quando este governa com medidas provisórias, mas não têm coragem
de simplesmente rejeitá-las, temerosos de que com isso seus apadrinhados
sejam prejudicados nas inúmeras nomeações que irão favorecer este ou aquele
partido e assim perpetuar as benesses que aparentemente passaram a ser o
objetivo principal e imediato de suas ações.
Não menos preocupante é o quadro do Poder Executivo em seus vários níveis,
pois se vale exatamente deste poder de nomeações e da famigerada “caneta na
mão” para manter em rédea curta o Congresso. Nele os parlamentares
assemelham-se a sócios lutando por objetivos comuns, embora condenáveis e
distantes das necessidades da população.
Triste é também a situação do Judiciário, que, embora dispondo hoje de toda
a tecnologia da informática, acumula nos gabinetes os processos cujas
decisões o cidadão ansioso espera por anos, às vezes décadas. Ilustra bem
este quadro a recente divergência manifestada de forma agressiva e
lamentável entre os ministros da mais alta corte, o Supremo Tribunal
Federal, minando a confiança das pessoas na última instância a que podem
recorrer quando têm seus direitos ameaçados ou agredidos.
Se a democracia está sustentada nestes três poderes e estes estão tão
comprometidos em sua ação efetiva e em seu comportamento ético, fácil é
concluir que quando o fundamento é frágil, a estrutura que ele sustenta
também se fragiliza e ameaça ruir. Não foi para isso que a democracia foi
defendida a alto preço em passado recente. Simplesmente tratar desiguais
com igualdade não é democracia, é anarquia!
A classe dirigente não pode ser apenas uma elite intelectual. Isso é pouco!
Ela tem de ser, antes disso e mais que isso, uma elite moral. Um bom
serviço eventualmente prestado no passado por algum político não autoriza e
nem pode servir de atenuante para que ele cometa deslizes no presente.
Napoleão já dizia que “Toda indulgência para com os culpados revela
conivência.”
Assim como não se pode exigir que um filho imaturo seja exemplo para seus
pais, mas sim o contrário, da mesma forma não se pode jogar nas costas da
sociedade a responsabilidade pelo pouco caso que seus dirigentes têm para
com a coisa pública, impingindo-se a ela, sociedade, a culpa por suposta
falta de critério na escolha dos candidatos eleitos. Esta é uma forma
ardilosa, perversa e demagógica de pulverizar a responsabilidade por má
conduta, tirando-a dos ombros dos dirigentes para espalhá-la comodamente
sobre os ombros dos dirigidos.
O objetivo do presente manifesto é, finalmente, despertar na opinião
pública, nos clubes de serviço, órgãos representativos, imprensa e
comunidade em geral, um clamor para que apareçam sugestões de procedimentos
mais éticos e reformas estruturais.
Folha corrida limpa para candidatos a cargos públicos? Eliminação ou
restrição drástica de comissionados? Redirecionamento das prioridades do
país? Assembléia Nacional verdadeiramente “Constituinte” e não simplesmente
com poderes constituintes como foi a de 1988? A Constituição “cidadã”
efetivamente logrou promover a verdadeira e autêntica cidadania? Manteve
equilíbrio entre direitos e deveres? São perguntas ilustrativas que este
manifesto, num primeiro momento, deixa no ar, para reflexão.
A nossa associação não tem receitas prontas para que esta mudança urgente e
inadiável se concretize. Ela deseja sim, juntamente com outras entidades,
participar com sugestões. Mas, cabendo originalmente ao Congresso articular
as mudanças positivas, é lá que deve acontecer a mudança em primeiro lugar.

O Lions Clube de Blumenau Centro, através deste manifesto, busca o apoio de
tantos quantos o lerem e concordarem com ele para que, formada uma corrente
de ética, moralidade, cidadania e transparência, se dê um basta a esta
torrente de escândalos. Que comecemos todos nós, brasileiros de bem, a
construir um país melhor, mais humano, íntegro e civilizado, dirigido por
pessoas das quais possamos nos orgulhar e não nos sentirmos profundamente
envergonhados, como hoje acontece.
Que nos sirva de inspiração, incentivo e fecho deste manifesto a seguinte
frase do escritor e analista econômico e político sul-africano, Leon Louw:
“Se conseguirmos fazer avançar a multidão na direção certa, os políticos
não terão outra alternativa senão sair à sua frente.”

Blumenau, SC., Julho de 2009.

Hézio Araújo de Souza
Presidente 2009/2010
A utilização, divulgação e reenvio do manifesto são livres, citada a fonte.

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