sábado, 29 de agosto de 2009
NOTA DO CLUBE MILITAR
EM SE COMPRANDO TUDO DÁ … VOTOS
Os homens são tão simplórios, e se deixam de tal forma dominar pelas
necessidades do momento, que aquele que saiba enganar achará sempre
quem se deixe enganar.(Maquiavel)
Nunca na história deste país se fez tão pouco caso da honra, de tal
maneira se desprezou a ética, tanto se usou de meios escusos para
corromper, para enlamear instituições, para comprar consciências. A
amarga sensação que fica é a da total perda, por parte de um grande
número de homens públicos, de qualquer noção de honestidade, de
dignidade, de honradez.
O atual governo, contrariando todos os princípios apregoados enquanto
estava na oposição, abandonou completamente o decoro no trato da coisa
pública e partiu para o uso de um verdadeiro rolo compressor,
comprando tudo e todos a sua volta, desde que possam, de alguma forma,
interferir em seus objetivos.
Recordemos o esquema do mensalão, quando um grupo de aliados do
Presidente, gente de dentro do governo, usou meios escusos para
organizar a maior quadrilha jamais montada em qualquer lugar do mundo,
com o objetivo de comprar o apoio de parlamentares e, em última
instância, perpetuar no poder seu grupo político.
O então Procurador-geral da República, Dr Antônio Fernando de Souza,
apresentou uma denúncia contundente contra os principais envolvidos no
escândalo. Ficou de fora o Presidente da República que alegou
desconhecer o esquema. Em termos jurídicos, a desculpa valeu. O
Procurador-geral retirou-o da denúncia por não ter encontrado
evidências firmes de seu envolvimento. Agora, firulas jurídicas à
parte, parece pouco provável que alguém, dotado de capacidade de
reflexão, tenha acreditado na história. A ser verídico o
desconhecimento, cairíamos na dúvida que, à época, circulou na
internet: será que temos um Presidente aparvalhado, incapaz de
entender fatos que acontecem ao seu redor, protagonizados por seus
mais íntimos colaboradores?
Em outra vertente, há o Bolsa Família, sem dúvida o maior programa de
compra de votos do mundo. Trata-se de um programa que gera
dependência, antes de estimular o desenvolvimento humano. As pessoas
atendidas, recebendo o benefício sem nenhuma necessidade de
contrapartida, ficam desestimuladas até de buscar emprego. Mesmo a
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) chegou a afirmar que
o programa “vicia” e que deixa os beneficiários “acomodados”.
Não é que alguém seja contra a minorar a aflição de quem tem fome. O
problema é que o programa parte de uma premissa falsa ao confundir
pobreza com fome. A esses últimos é mais do que justo assistir com
recursos públicos. Aos pobres, a melhor ajuda que o governo poderia
dar é investir corretamente em educação. Mas não, confundindo
conceitos, prefere manter um Bolsa Família hiperdimensionado, gastando
recursos que fazem falta à educação, uma vez que, assim como está, o
retorno nas eleições, em termos de votos, tem sido muito compensador.
A comprovação de que não são todos os pobres no Brasil que estão
famintos veio de uma pesquisa do IBGE, realizada em 2004 – Pesquisa de
Orçamentos Familiares. Em uma parte dessa pesquisa, ficou constatado
que o índice de pessoas abaixo do peso estava menor do que aquele
considerado normal pela OMS. E, para a perplexidade dos que acenam com
a necessidade de combater a fome para manter e ampliar o programa,
verificou-se que, entre nós, a obesidade é um problema mais crítico do
que a fome.
Não satisfeito em aliciar parlamentares para sua base de sustentação
política e populações desassistidas para aumentar suas possibilidades
eleitorais, o governo trata, também, de evitar qualquer problema nas
ruas, em termos de manifestações públicas de desagrado contra os
muitos desvios de ética praticados por seus correligionários e
aliados. Nada melhor, então, do que colocar a União Nacional dos
Estudantes igualmente em seu balcão de negócios.
É assim que o governo, da mesma forma que faz com sindicatos, resolveu
patrocinar a UNE. As verbas federais, dessa forma, passaram a irrigar
o movimento estudantil, seja em termos de patrocínio, como aconteceu
em seu último congresso nacional, seja com a destinação de alguns
milhões para a reconstrução de sua sede, seja, ainda, com o pagamento
de generosas “mesadas” a seus dirigentes.
Com isso, foi neutralizado o espírito combativo que era a marca do
movimento estudantil e eliminou-se toda possibilidade de agitações de
rua indesejáveis. Um exemplo disso ocorreu no referido congresso,
quando houve um protesto contra a CPI da Petrobras. Em outros tempos,
seria a UNE a primeira a se mobilizar para exigir a completa
elucidação dos fatos. Agora, sem sequer conhecer os resultados de uma
CPI que nem começou, faz o protesto. Passam por cima da necessidade de
se investigar denúncias de irregularidades em uma empresa cujo maior
acionista é o governo, em um congresso que era patrocinado por esse
mesmo governo. E o presidente da UNE tem a desfaçatez de dizer que não
vê nada de errado nisso.
Com a prática da compra indiscriminada de todos que possam atrapalhar
os desígnios do governo, este foi perdendo todos os escrúpulos.
Conseguindo manter níveis elevados de popularidade, julga-se acima do
bem e do mal, capaz de tudo, inclusive de defender crimes praticados
por aliados, pouco se importando com a ética e com a moralidade
pública. Pouco se importando com a evidência de que está corrompendo
os brios de toda uma nação que, em um dia não tão distante, teve
orgulho de se proclamar brasileira.
Gen Ex GILBERTO BARBOSA DE FIGUEIREDO
Presidente do Clube Militar
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Deixo o vídeo
talvez sirva para vossa reflexão
http://www.youtube.com/watch?v=TfzyqxWHrQo
Postar um comentário