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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

PATRIOTISMO


Patriotismo



O mero jogo de interesses pessoais e re-arrumação de ambições, e a habilidade de acomodá-los sem a prevalência do bem-estar nacional, que podemos chamar de Patriotismo, nada mais será do que prestidigitação política, enganando o eleitorado despreparado e tornando efêmera sua contribuição.

O Brasil chafurda neste momento num desatino moral, que por sua vez esgarça a ética essencial à coesão da Nação. O alto grau de corrupção atinge todos os Poderes da Republica, e a impotência do seu sistema democrático-eleitoral evidencia sua incapacidade de reverter este rumo.

Vive o Brasil uma armadilha democrática, onde o despreparo educacional do eleitor e a ineficácia da Justiça perpetua a escolha viciada de seus representantes. Somente uma revolução educacional poderá desmontá-la.

Trata-se da crise mais séria e perigosa que o Brasil jamais enfrentou. Contrariando nossa história recente, os membros dos Poderes que dominam a República exibem exemplo tóxico aos demais cidadãos. A contaminação das classes médias e pobres, arraigadas que foram no passado aos valores éticos, por compreenderem que sua defesa neles residiam, já se verifica.

A continuar esta progressão nefasta, o país se tornará insensível ao que é certo e errado, tornando nossa descendência destituída de rumo, empurrada pelas circunstâncias ao comportamento aberrante da Lei da Selva.

Sabemos que o Patriotismo pode ser a guarida de canalhas, e o refugio de ingênuos. Mas, por vezes, o Patriotismo é elemento essencial na redenção daqueles países que mergulham na decadência, seja ela política, moral ou ética.

A ética é o ingrediente primordial na amálgama da sociedade. O convívio comunitário torna-se impossível sem o respeito devido por todos, a todos. O abandono do Norte ético condena a sociedade a seu estado primitivo.

Por mais desenvolvidas que sejam sua economia e tecnologia, as já viciadas manifestações político-sociais levam seus



participantes ao estado primevo, na busca da satisfação individual ou grupal, sem os limites impostos pelo interesse comum, pelos direitos alheios.

Sem dúvida o mundo moderno trouxe enormes benefícios, mas o desenvolvimento econômico também vem atrelado ao febril materialismo da sociedade de consumo, à desenfreada busca de riqueza imediata, a qualquer preço, tão bem observada por Herbert Marcuse.

Soma-se a esta sociedade a visível deterioração na busca pelo bem comum, em prol da magnificência do indivíduo. Esta ânsia de enriquecimento, levada ao paroxismo pela exposição midiática dos novos heróis, medidos, não pela grandeza de seus feitos e caráter, mas pela soma de suas riquezas, contribui para a subjugação dos Princípios pelos Haveres.

Contrariamente ao que se observa na "velha" Europa, berço da civilização e da filosofia ocidentais, onde a sensibilidade social decorre da resolução de conflitos seculares, o Hemisfério Americano, embalado na sua imensa riqueza natural e dominado desde sua gênese pela aristocracia econômica, é o mais atingido pela anomia ética e pela sofreguidão da acumulação.

Infelizmente, o advento da Nova República, dominada pelo revanchismo antimilitar, teve por efeito o abandono de praticas essenciais à valorização da Pátria como pilar essencial na construção da sociedade. Deveu-se, em grande parte, pela tendência de desvalorizar-se tudo que o regime anterior propugnava.

Achincalhou-se nossa história, e desmoralizaram-se nossos heróis, como se fossem eles conceitos e figuras ridículas, propalados para enganar as massas e desviá-las de seus "verdadeiros" interesses.

Assim, hoje, somente uma profunda reforma, de conteúdo filosófico, poderá reconduzir este país ao rumo do interesse coletivo. Nossa Bandeira precisa ser lavada com água e sabão, para que os germes da incúria, da prevaricação, do dolo, da perfídia, sejam reconhecidos e contidos nas diversas esferas políticas de nosso país.

A noção inicial e mais profunda de Patriotismo advém da escola e da família. Concordam os psicólogos que o jovem tem sua visão de vida formada até os 13 anos de idade. É nesta "janela de oportunidade" que os segmentos não corrompidos do Estado tem, por obrigação, atuar.

As escolas devem retomar a educação Moral e Cívica, abandonada com o advento da Nova República, disciplina essencial no preparo do aluno, onde o entendimento do Bem Nacional se justapõe ao ímpeto da corrupção e do interesse individual sobre o comunitário.

O conhecimento básico da História nacional acentuando os momentos onde o sacrifício de brasileiros marcaram a luta por um Brasil melhor, a valorização e o respeito à seus heróis, o culto à bandeira, todos são elementos que consciente e subliminarmente incutem no jovem uma noção de nacionalidade e patriotismo.

O canto do Hino Nacional, musica vibrante que leva entusiasmo e idealismo aos jovens corações deixa também no psychê da criança uma forte imagem de patriotismo.

As Forças Armadas sempre foram catalisadoras do sentimento patriótico. Em suas fileiras, onde a consciência cívica é inculcada, mais pode ser feito para dar aos recrutas, não somente disciplina e aptidão, mas uma melhor compreensão de nacionalidade. Hoje não basta apenas ser o oficial consciente, mas ao soldado também cabe entender a sua missão como cidadão, sem que isso comprometa os padrões militares.

Por objetivo teremos o comportamento do soldado, após deixar sua corporação, pautado pelos preceitos de patriotismo adquiridos no batalhão. Até mesmo os desfiles e paradas comunicam às populações profundo teor patriótico, pois devem compreender que o militar, por opção, se forma disposto a dar sua vida pelo país.

Hoje, os momentos patrióticos se restringem às competições esportivas onde a torcida pelo time nacional se mistura a uma manifestação cívica. Mais deve ser feito.

Somente um sentimento crescente de Patriotismo poderá reverter esta calamitosa situação, tanto na população jovem como na adulta. É hora de o cidadão ainda não contaminado valer-se dos instrumentos disponíveis, como a literatura, a arte, a imprensa, a Internet e o telefone celular, para divulgar sua repulsa e indignação.

Pedro da Cunha

Consultor.

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