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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Defesa, democracia e desenvolvimento


Defesa, democracia e desenvolvimento
NELSON JOBIM
Nas últimas décadas, nós, políticos, nos afastamos dos temas da defesa por associá-los à memória da repressão política



O BRASIL é um país de transições, não de rupturas. Nossa história é rica em mudanças que mesclaram valores emergentes a elementos do sistema que fenecia.
Após proclamar nossa independência de Portugal, d. Pedro 1º abandonou o trono brasileiro, deixando o filho como sucessor, e tornou-se d. Pedro 4º, rei de Portugal.
O presidente Getúlio Vargas, apeado do poder em 1945, deixou como herança o novo presidente da República e vários interventores estaduais indicados em seu regime ditatorial. O general Castelo Branco, após participar da derrubada do governo civil de João Goulart em 1964, reduziu o espaço de participação dos militares na atividade política: limitou período máximo do generalato a 12 anos e criou a exigência do domicílio eleitoral para a participação em eleições.
Essas medidas de Castelo, associadas ao remanejamento periódico dos militares por todo o território nacional, impediu a renovação de longevas lideranças militares e reduziu o risco de alianças destes com líderes civis em disputas políticas regionais.
Após avanços e recuos durante o regime militar, esse processo de redução da presença militar na administração pública foi retomado no governo do presidente José Sarney. Em 1988, a nova Constituição determinou que a atuação militar na garantia da lei e da ordem só poderia ocorrer mediante sua convocação pelos Poderes constituídos, e não mais por decisão própria das instituições castrenses, como se entendia desde a Constituição de 1891.
Novo e fundamental passo foi dado em 1999, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Ministério da Defesa, civil, em substituição aos ministérios da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
E coube agora ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conclusão desse processo histórico de transição, mediante o fortalecimento do Ministério da Defesa e a definição clara do seu papel nessa atividade, que é chave para a soberania nacional, a democracia e o desenvolvimento do país.
A Estratégia Nacional de Defesa, aprovada pelo presidente por decreto publicado em dezembro de 2008 (6.703/08), após consulta ao Conselho de Defesa Nacional, foi o instrumento escolhido para essa tarefa. Dúvidas não havia, e não há, sobre a lealdade dos nossos militares aos Poderes constituídos. Essa relação está consolidada no campo político. Mas as estruturas e práticas administrativas não refletem a proeminência do poder civil sobre a atividade militar.
Nas últimas décadas, nós, políticos, nos afastamos dos temas da defesa por associá-los à memória da repressão política. Deixamos a defesa nacional aos cuidados quase exclusivos da caserna.
A Estratégia Nacional de Defesa superou o problema e fixou as bases para a consolidação do poder civil na direção da defesa nacional, com a determinação dos papéis que cabem nesse processo aos civis e ao braço militar -Marinha, Exército e Aeronáutica.
Ela determina a reestruturação das Forças Armadas, a revisão da política de composição dos efetivos militares e a reorganização da indústria de defesa. Por sua vez, assume o compromisso de prover ao braço militar os meios necessários ao cumprimento de suas tarefas.
A estratégia define ainda diretrizes para o desenvolvimento científico e tecnológico e para a política industrial do setor, integrando estruturas civis e militares no esforço de desenvolvimento do país. Nunca a defesa necessitou tanto de tecnologias de ponta. E nunca as tecnologias de ponta tiveram uso tão dual, integrando tanto produtos civis quanto militares.
A consolidação e o fortalecimento da indústria nacional de defesa são, portanto, essenciais tanto para consolidar a defesa brasileira e os valores institucionais da nossa democracia quanto para acelerar o desenvolvimento econômico e social brasileiro. Um termômetro desse processo é a Laad 2009 (Latin America Aerospace and Defence), maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina, que se realiza nesta semana no Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Defesa. A indústria brasileira estará presente com mais força que nos eventos anteriores.
E temos convicção de que essa expansão continuará, sintonizada com a projeção que o país conquista no cenário internacional: exemplo de democracia estável, vibrante e no caminho correto do desenvolvimento sustentável. E com a própria sociedade fortalecendo esse ambiente de paz e segurança para o Brasil.
NELSON JOBIM, bacharel em ciências jurídicas e sociais, é o ministro da Defesa. Foi ministro da Justiça (governo FHC) e presidente do Supremo Tribunal Federal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acompanhem:



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Isolado no Ministério Público, criticado pela Igreja, questionado pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo governo federal, pressionado pelos movimentos sociais, o procurador Gilberto Thums jogou a toalha em sua cruzada contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).





"Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, eu me calei. Depois, vieram buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, eu não protestei. Então, vieram buscar os sindicalistas, mas, como eu não era sindicalista, eu me calei. Então, eles vieram buscar os católicos e, como eu era protestante, eu me calei. Então, quando vieram me buscar... Já não restava ninguém para protestar.

Martin Niemoller