Notícias Militares

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Galula e nós


Galula e nós
Denis Lerrer Rosenfield

Muito tem se falado nos últimos tempos de uma mudança da atitude americana em relação ao Iraque e, subsequentemente, ao Afeganistão, como se a vitória de Barack Obama significasse uma ruptura, em termos militares, com a administração George W. Bush. Com a invasão do Iraque, os governantes americanos se viram diante de uma situação completamente nova. Ganhar a guerra foi fácil, pois os EUA são imbatíveis em termos de guerra clássica. O problema surgiu quando os vencedores tiveram de se enfrentar com um movimento de insurgência, para o qual não estavam minimamente preparados.
Um dos comandantes americanos que se defrontaram primeiro com essa situação foi o general Petraeus, enquanto administrador de Mossul, a segunda cidade do Iraque. Deu-se ele conta de que os instrumentos que tinha à sua disposição eram insuficientes para combater um movimento de insurgência, o terrorismo islâmico, que se constitui como um inimigo anônimo, que se alimenta de sua influência e de sua imagem perante a população. As armas convencionais mostraram-se aí insuficientes. De volta aos EUA, o general Petraeus foi designado para comandar, em Fort Leavenworth, a Divisão de Doutrina do Centro Combinado das Armas (CAC). Lá, com o general James Amos, comandante dos Fuzileiros Navais, ele empreendeu a revisão da doutrina militar americana, voltando-a para os problemas oriundos da contrainsurgência. Ora, todo esse trabalho, consubstanciado no Counterinsurgency Field Manual, do The U. S. Army e do Marine Corps, passou a orientar a atuação americana no Iraque e, agora, também no Afeganistão.
A revisão doutrinária levada a cabo partiu do livro de um tenente-coronel francês, David Galula, que na Guerra da Argélia se defrontou com a insurgência naquele país e, a partir daí, como comandante de uma cidade, começou a mudar a relação dos militares com a população. Tempos depois foi convidado a passar um tempo nos EUA, onde publicou, em 1963, o livro Counterinsurgency Warfare, Theory and Practice, que se tornou o texto de referência desta nova doutrina militar americana.
O livro de Galula, ao estudar as questões da insurgência no século 20 até 1960, refere-se aos problemas da guerra revolucionária, nos moldes marxistas, tal como esta se fez na União Soviética, na China e em Cuba. Analisa também as guerras anticolonialistas, tendo como referência os seus componentes "anti-imperialistas". Seu foco de reflexão reside em pensar como a guerrilha e os movimentos insurrecionais redefiniram os termos mesmos do que se considerava como sendo a guerra, exigindo, por sua vez, das forças militares uma readequação de sua luta e a revisão doutrinária correspondente. O problema não era mais somente militar no sentido tradicional do termo, voltado para a conquista de territórios e a eliminação de um inimigo visível, mas a conquista da população, diríamos hoje da opinião pública, tendo como contendor um inimigo invisível.
A insurgência enfrentada pelos americanos é a do terrorismo islâmico; a de Galula, a de um movimento nacionalista, fortemente ancorado na concepção comunista das guerras de libertação. Seus ensinamentos são atuais no que diz respeito ao terrorismo islâmico, porém poderíamos dizer também que sua atualidade para o Brasil consiste em que ele nos permite pensar uma insurgência operante entre nós: a do MST. Ou seja, a atuação e a organização do MST recortam várias das características que Galula atribui aos movimentos insurrecionais, numa analogia que ainda se reforça pelo fato de essa organização política compartilhar os mesmos pressupostos ideológicos dos movimentos revolucionários do século 20. O marxismo segue sendo a sua referência teórica e o objetivo a ser realizado é uma sociedade socialista autoritária, que pressupõe a eliminação do capitalismo, da democracia representativa e do Estado de Direito. A sua autoapresentação como movimento social consiste somente num disfarce, visando a ter uma influência maior na opinião pública, escondendo, dessa maneira, suas verdadeiras intenções.
Ao contrário de uma guerra convencional, uma guerra insurrecional segue regras distintas. Um movimento insurgente, sobretudo em seu começo, não necessita de um exército e utiliza poucas armas. Seu foco não reside inicialmente na conquista de um território, mas na conquista da população, da opinião pública, de tal maneira que possa desenvolver suas operações. Suas ações têm a característica de ser espetaculares, mostrando-se como contendores de respeito que inspirem poder na população em geral. O movimento contrainsurrecional não pode contar apenas com seu armamento convencional. Melhor: este se torna francamente insuficiente. Os seus meios de luta se tornam outros, voltados para a conquista da população e da opinião pública, o que significa também dizer por sua capacidade de garantir segurança e condições de bem-estar aos cidadãos em geral. Políticas sociais tornam-se meios da luta política.
Pode-se, portanto, melhor compreender a atração que o terrorismo islâmico (Al-Qaeda, Hezbollah, Hamas) exerce sobre certos partidos de esquerda e os movimentos sociais como o MST. Eles, na verdade, se reconhecem no terrorismo atual como fazendo parte de uma mesma linhagem revolucionária, agrupada no antiamericanismo, na luta contra o capitalismo. Ou seja, os que se reivindicam da revolução se reconhecem no terrorismo islâmico, exibindo uma afinidade eletiva. Eis por que a análise de Galula se reveste de particular importância para nós, na medida em que a América Latina se defronta com o renascimento de movimentos de cunho revolucionário. O terrorismo islâmico não tem, entre nós, atualidade política, mas o renascimento da tradição marxista, sim. O MST, no Brasil, é um exemplo disso, além da permanência dos irmãos Castro em Cuba e do surgimento do "socialismo do século 21" na Venezuela, fazendo discípulos na Bolívia, no Equador e no Paraguai.
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS

2 comentários:

Anônimo disse...

Alerta

Forças Armadas de Prontidão

Srs Comandantes Militares ,

Devemos estar preparados , os militares poderão ter uma surpresa , a Pátria poderá mais uma vêz solicitar uma nova intervenção no estado . Estamos agora assistindo uma indignação coletiva com os políticos com o congresso especificamente , e testemunhamos a pouco a clara visão da instabilidade no judiciário .Me parece interessante este tipo de manifestação popular , sabemos que existe uma relação de amor e ódio entre o povo , os políticos ,e o governo bastante instável que pode revelar-se negativa muito rapidamente e quando isso acontece ´somos os únicos lembrados e em condições de restaurar a ordem e fazer-se cumprir a lei , e a prova disso são pesquisas de credibilidade que apontam os militares sempre como os primeiros colocados . Não sei como se dará isso , e de que forma se apresentará , e seja qual for estarão contando com os únicos em que eles realmente confiam . Devemos prestar bastante atenção nesta turbulência , ela vem acompanhada de um quadro bem mais complexo que 1964 .Hoje possuímos em nossos quadros, militares que se dizem democráticos e não aceitariam uma condição de intervenção , inclusive graduados , partindo-se do principio que estão nas forças armadas pela estabilidade financeira não acreditando mais nos ideais de civismo e patriotismo , servidores públicos , bons prestadores de serviços apenas , mas , não incorporados ao ideal militar .
A baixa estima provocada pelos anos de revanchismo , pelos baixos soldos , e pelo nível de status a que fomos sub-julgados.
A falta de verbas ,e conseqüentemente o grave sucateamento dos quartéis especializados e de militares especializados nestes tipos de conflitos .
Nosso serviço de inteligência completamente sem controle e organização pela falta de investimentos .
A perigosa proximidade do governo brasileiro com a Venezuela e de países latinos seguidores da ditadura socialista , poderão oferecer ameaças a uma possível intervenção .
O mais grave de tudo é a proposital e muito próxima ligação entre o governo e o crime organizado , mais do que comprovada por cientistas políticos o MST é um grupo paramilitar , as Farcs , os comandos de traficantes e diversos afins , além dos infiltrados nos quartéis , com a finalidade de informar quaisquer tentativa de reação ..
Gostariam que não entendessem toda esta explanação como críticas desmoralizantes das nossas forças armadas , ainda somos os soldados dispostos a morrer pela pátria , dispostos a tudo para restabelecer a ordem e a disciplina , ainda temos a total confiança da população e percebemos isso e nos orgulhamos disso , e tudo feito cm tão pouco a nós oferecido .
Gostaria apenas de lembrar aos nossos comandantes , que uma das nossas principais virtudes e poder estar preparados sempre e digo de PRONTIDÂO.
Devemos intensificar e estimular os homens o nosso dever de existência , de lealdade e de disciplina .
Devolver a eles a alta estima , o orgulho de ser militar , pois somos o fim da linha , seremos convocados com certeza , quando da chegada do CAOS .
Ser duro com o estado, nas reivindicações , que nos deve o direito que temos e tem o dever de manter nossas forças armadas em condições de proteger nossa soberania e nosso povo, sob pena de serem responsabilizados por isso .
Ativar todo o nosso sistema de informações e o serviço de inteligência afim de identificar as ameaças sejam elas em nossa instituição , bem como ameaça ao estado e a sua soberania.
Em fim senhores comandantes , entender que somos os mandatários do restabelecimento e não podemos ser pegos de surpresa , pois nossa característica principal é a estratégia , a prevenção e por conseguinte a ação brusca para aniquilar a possibilidade de uma derrota .
Devemos ter soldados , prontos para agir; e esta hora pode estar próxima , pode ser uma surpresa , e não somos preparados para surpresas e é bom estarmos de PRONTIDÃO SEMPRE ...

comentarista no www.ternuma.com.br

Anônimo disse...

ACORDEM SENHORES


Queremos nosso país de volta


http://www.youtube.com/watch?v=UvOg8QEIy04