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domingo, 17 de fevereiro de 2008

RAPOSA SERRA DO SOL



Índios vão esperar que governo retire até março arrozeiros da Raposa Serra do Sol Marco Antônio Soalheiro Repórter da Agência Brasil


Brasília - Se o governo federal não realizar, até o fim do mês de março, uma operação para retirar os produtores de arroz da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, os índios da região estão prontos para expulsar os fazendeiros de suas terras. Foi o que garantiu hoje (29) à Agência Brasil o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza.
“Já estamos cansados de sofrer violência, ameaça e abuso dentro da nossa própria casa. Isso a gente não aceita mais. Esperamos só até março, e se não ocorrer [a operação de desintrusão], vamos ter que fazer o trabalho que o governo prometeu”, afirmou Souza.
Segundo o líder indígena, a resistência de rizicultores e fazendeiros em deixar a Raposa Serra do Sol é um desrespeito à decisão do governo brasileiro e aos povos indígenas. Cerca de 18 mil índios das etnias Ingaricó, Macuxi, Patamona, Taurepang e Wapixana ocupam a área. “Os brancos dizem que somos invasores, mas ninguém invade sua própria terra”, disse Souza.
O coordenador do CIR informou que se encontrou recentemente com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do governo federal em Roraima, quando lhe foi dito que a operação de desintrusão está prevista e vai sair. Entretanto, acrescentou Souza, a data da medida não foi informada.
Dionito de Souza confirmou que o CIR formalizou reclamação na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a demora do governo brasileiro em cumprir a promessa de retirar os arrozeiros da Raposa Serra do Sol: “Fizemos isso para que saibam que estão brincando com a lei no Brasil.”
De acordo com Souza, a produção de alimentos para a população de Roraima não seria prejudicada com a mudança de local dos arrozeiros. “Eles [os arrozeiros] estão perdendo tempo. Já deveriam ter ido para onde o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] quer reassentá-los, em áreas até maiores do que as de hoje.”

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