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segunda-feira, 17 de março de 2008

ECONOMIA BRASILEIRA EM MARÇO DE 2008



ECONOMIA BRASILEIRA EM MARÇO DE 2008.
Por Euro Brasílico Vieira Magalhães

A crise do “SUBPRIME” nos Estados Unidos e a alta dos preços das commodities, diante do crescimento do consumo, além de serem as grandes ameaças do desequilíbrio da economia mundial, irão colocar na vitrine a verdadeira situação econômica de muitas economias emergentes sem sustentação na economia real, aquela do crescimento verdadeiro e sustentável, da evolução da infraestrutura e da produção, da industrialização e tecnologia, da educação e da legislação moderna dos países.

O cenário atual é de incerteza e as interrogações trazem à tona as fragilidades da economia brasileira, uma vez que o superávit do Brasil em transações correntes nos últimos anos foi causado pelo aumento do preço das commodities.

O aumento das reservas do Brasil está relacionado ao excesso de fluxo financeiro mundial e uma recessão prolongada da economia norte-americana causaria ajustes no crescimento da China e países asiáticos, provocando uma parada no elevado fluxo de capitais, o que faria a economia brasileira explodir em crises sucessivas, causando recessão, desemprego e mais aumento da criminalidade, além da falência definitiva dos serviços públicos, uma vez que essa economia é sustentada em parâmetros estilo “Las Vegas”(onde todo mundo joga para ganhar, mas com o pagamento de altas taxas de juros), devido ao altíssimo endividamento público, na casa de 1 trilhão e 700 bilhões.
Com esse cenário, o fôlego do Brasil ainda pode se sustentar durante mais um tempo, mas não escapará do sufocamento total.

Nos últimos 10 anos, a economia brasileira tem sido uma das privilegiadas pelo elevado preço das commodities e por ser exportador de commodities o Brasil deixou de ser devedor para se tornar credor na dívida externa, situação que tenderá a se inverter nos próximos meses.

A valorização do real frente ao dólar piorou a pauta comercial externa, com a maior dependência de produtos que são marcados pela alta volatilidade dos preços.
O ideal seria que a pauta da exportação brasileira fosse marcada por produtos de maior valor agregado, que não dependem apenas da formação internacional de preços, ao invés de se calcar apenas na produção de commodities.

Dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostram que em janeiro, a alta das exportações brasileiras refletiu um aumento de 20,7% nos preços em relação ao mesmo mês de 2007, mas o volume exportado cresceu apenas 0,2%.
A queda do volume exportado, aliada a entrada de produtos similares aos que são produzidos pela indústria nacional, cada vez mais baratos e subsidiados, provocará a redução da atividade econômica, como já assistimos perfeitamente nos últimos 10 anos com o fechamento de indústrias, principalmente têxteis, calçadistas e de brinquedos.

A crise verdadeira da economia norte-americana é o resultado do consumismo excessivo e da combinação de juros baixos com prazos de financiamentos longos. Os EUA convivem há pelo menos uma década com essa receita, que fomentou o crescimento, mas estimulou o endividamento, sem critérios compatíveis de regulação e segurança, o mesmo que está ocorrendo na economia brasileira nos anos mais recentes, para forçar o crescimento do PIB pelo aumento do consumo interno baseado no endividamento de risco da população e de empresas.

Como os preços das commodities continuam subindo por causa de fatores atípicos, como a influência de fatores climáticos e a corrida pelo bicombustível, sendo que o valor do ferro, aço e alumínio tem apresentado crescente aumento por conta da forte demanda advinda da Ásia, o Brasil tem simplesmente se beneficiado disso, sem ter se preocupado o suficiente nos últimos anos em aproveitar esse boom dos países asiáticos e da Índia para dinamizar e agregar valor a sua produção industrial destinada à exportação.

Muito pelo contrário, as ações irresponsáveis e imprevidentes dos últimos governos brasileiros, deixando de investir em sua infraestrutura necessária ao incremento da produção e das exportações, como produção de energia elétrica, ampliação e melhoramento das malhas rodoviárias e ferroviárias, e solução definitiva do maior custo Brasil nessa área, os seus portos.

Apesar da possibilidade da recessão norte-americana, o crescimento acelerado de várias economias, especialmente as emergentes, com destaque para a China, pode ser a garantia de bom ritmo do comércio internacional, uma vez que a China hoje é responsável por 15% do PIB mundial, somada à Índia representa 21%.

Quando os governos militares entregaram o comando do País aos políticos, com uma infraestrutura e capacidade industrial para continuar crescendo a altas taxas do PIB, o Brasil estava bem a frente da China e da Índia e hoje o nosso PIB representa em torno de 1,5% do PIB mundial, ou seja, apenas 10% da participação da China e esse fracasso ocorreu em apenas 22 anos.

Outro fator que tem afastado o perigo da grave crise que certamente ocorrerá no Brasil foi a redução dos estoques de commodities agrícolas nos Estados Unidos, o que provocou a elevação do preço dos produtos no mercado, decorrente de condições estruturais, como por exemplo, o uso da soja e do milho como matéria-prima na fabricação de biocombustíveis, ocasionando a alta da cotação dessas commodities. Os estoques de trigo, milho e soja nos EUA são os mais baixos em 30 anos, o que justifica o alto preço dos produtos.

A comparação do Brasil com o resto do mundo evidencia a falta de estratégias para reagir à lentidão do seu crescimento nos últimos vinte anos. Têm sido feitas reformas pontuais apenas para resolver crises mais urgentes e não são coordenadas e sequer consistentes entre si.
Se olharmos para os sucessos dos países com melhor desempenho em anos recentes, como Chile, Irlanda, China e Índia, vê-se é preciso liberar o potencial produtivo do setor privado e livrar o Estado dos grupos rentistas que vivem de seus favores.

Os principais pilares para a retomada do desenvolvimento seriam: trazer a carga tributária de volta para o patamar de 25% do PIB observado em 1969-1993, contra atuais 39,5%, só possível através da redução drástica de gastos públicos e do crescimento progressivo da economia, com aumento da base tributária; reduzir o custo do capital para todos os empreendedores, e não apenas para as grandes empresas e fazendeiros beneficiados por subsídios públicos; melhorar a infra-estrutura de transporte; elevar significativamente o nível educacional e cultural da força de trabalho; e diminuir agressivamente a insegurança pessoal, patrimonial e jurídica que caracteriza o País.
Sabemos que é mais fácil identificar problemas do que corrigi-los, porém o que causa uma enorme preocupação a qualquer brasileiro que enxergue a grave realidade do Brasil e do mundo, não é a falta de soluções imediatas, mas o fato do País estar caminhando na direção totalmente errada, economicamente e politicamente.
Qualquer estratégia bem intencionada e realmente dirigida à verdadeira evolução do País vai depender diretamente da redução da razão dívida pública líquida/PIB em cerca de um terço, dos atuais cinqüenta e tantos porcento para cerca de 35%.

A situação econômica atual de caminhar á beira do precipício foi iniciada após a Constituição de 1.988 e os governos esbanjadores e corruptos que se seguiram, quando os gastos correntes dos governos subiram excessivamente, na esteira de constantes elevações da carga tributária.

Portanto, não tenho a menor dúvida de que não existirá nenhuma solução mágica que não esteja baseada em reformas profundas na estrutura do País, tanto política como econômica, aliada à uma revolução educacional e cultural.

Euro Brasílico Vieira Magalhães – eb5@uol.com.br
Em 17 de março de 2.008.
Av. VIeira Souto, 572, AP 103 - Rio de Janeiro - RJ
9315-8079

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo plenamente que a solução mágica que esteja baseada em reformas profundas na estrutura do País, tanto política como econômica, aliada à uma revolução educacional e cultural, mas nos encontramos em uma pluralidade de interesses politiqueiros que na maioria das vezes está fadada a suprimir essas possibilidades, temos que reagir, cobrar, utilizar as oportunidades mesmo que pequenas para nos fazer ouvir.