Notícias Militares

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008


Ordem do Dia / 3ºSgt Mário Kozel Filho



COMANDANTE militar do Sudeste, Gen Ex LUIZ EDMUNDO MAIA DE CARVALHO elaborou a Ordem do Dia transcrita abaixo.


"Jamais vou me esquecer daquela madrugada do dia 26 de junho de 1968. Os gritos que são os únicos que, mais de trinta anos depois, conseguem atravessar minha surdez, junta-se à visão da fumaça, do sangue e do fogo. Naquela noite, estava de sentinela e acabara de ser substituído pelo soldado Mário Kozel Filho. Recolhi-me à casa da guarda para dormir algumas poucas horas até a alvorada, quando ouvi a explosão lá fora. Corri para o portão da armas. Abalroada contra a parede, uma caminhonete ardia em chamas. Ao lado dela o soldado Kozel jazia morto. Atropelado. Explodido. O primeiro pensamento que me veio foi de que poderia ter sido eu!".
Este breve depoimento extraído do então soldado Pedro Ernesto Luna exemplifica bem a justa e merecida homenagem que se presta hoje, neste quartel general, ao 3º Sgt Mário Kozel Filho, morto covardemente no estrito cumprimento do dever.
O Brasil percorria por caminhos sinuosos o ambiente político naquela época. Eram tempos de exceção. Assaltos a bancos, seqüestros de autoridades nacionais e estrangeiras, atentados a políticos e explosões em repartições públicas, formavam o caldeirão de intolerância ideológica pelo qual o País iria passar nas próximas duas décadas.
Estes lamentáveis fatos históricos foram oriundos de uma diminuta parcela inconformada, constituída em sua grande maioria, por excluídos da vida política nacional que, de forma torpe e vil, procurava expressar seu descontentamento.
Em Recife dá-se início a escalada terrorista em âmbito nacional. Num atentado a bomba que visava a morte do Marechal Costa e Silva foram mortos o Almirante da Reserva Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Regis de Carvalho. Ficaram feridas 13 pessoas, dentre elas uma criança de seis anos.
A partir de 68 várias organizações clandestinas avocam para si o falso encargo de livrar o País da ditadura militar. Com este subterfúgio é desencadeada uma série de ações armadas e terroristas que deixam a Nação perplexa diante de tantos atos extremos e radicais.
Neste mesmo ano, o Capitão Carlos Lamarca, inserto na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), retira 63 fuzis FAL, cinco metralhadoras INA, revólveres e farta munição da companhia que comandava no então 4º Batalhão de Infantaria Blindado.
Decorriam seis meses da incorporação do Sd Közel no mesmo quartel daquele que, por ironia do destino, seria o seu algoz, ex-companheiro de farda, que iria arquitetar o atentado que poria fim à sua vida.
Eram 0430h da manhã de uma madrugada fria e de pouca visibilidade do dia 26 de junho de 1968 quando, vigilante em seu posto na guarita, o então Sd Mário Kozel Filho, observa atônito uma caminhonete desgovernada que tentava penetrar no quartel. Ao mesmo tempo, uma outra sentinela dispara contra o veículo. Seu motorista saltara dela em movimento, após acelerá-la e direcioná-la para o portão do QG. O Sd Rufino, também sentinela, dispara seis tiros contra a mesma viatura que finalmente bate na parede externa do quartel. Há uma carga com 50 quilos de dinamite que, segundos depois, explode e espalha destruição num raio de 300 metros. Seu corpo é dilacerado. Seis militares ficaram feridos: o Cel Eldes de Souza Guedes e os soldados João Fernandes de Sousa, Luiz Roberto Juliano, Edson Roberto Rufino, Henrique Chaicowski e Ricardo Charbeau. É mais um ato terrorista da organização chefiada por Lamarca, a VPR.
O terrorismo ainda deixou suas marcas na Nação nos anos seguintes. Suas chagas já foram curadas, mas deixaram cicatrizes profundas no tecido social brasileiro.
Quanto ao nosso herói, o soldado Mario Kozel Filho, sua promoção post-mortem e a sua admissão na Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro foi o mínimo que a Nação poderia fazer em reconhecimento a seus serviços prestados.
Cabe ainda a nós, militares e civis do QG do Ibirapuera, que temos seu nome eternizado neste pátio e nesta avenida, continuar cultuando o feito deste insigne militar, velar para que tais atos e ideologia de natureza espúria fiquem enterrados no passado e que a infeliz perda de sua vida esteja amalgamada aos ideais que estava defendendo e que hoje mantemos, quais sejam: a Nação livre e soberana, a democracia, a ordem e o progresso.

Um comentário:

Anônimo disse...

E saber que essa bandidagem se encontra no poder, dando uma mde heróis, todos covardes e assassinos traiçoeiro. CorruPTos.